Fonte: Assessoria ACIL
Nesta
sexta-feira, 26 de setembro, comemora-se o Dia do Surdo. A data é uma
ocasião em que a comunidade surda brasileira promove diversas
manifestações para reforçar o valor e a identidade das pessoas com
deficiência auditiva. O ILES (Instituto Londrinense para Educação de
Surdos), mais importante e tradicional escola para surdos na região,
realiza amanhã cedo um ato público no Calçadão.
Das 8h30 ao
meio-dia, os alunos e professores do ILES vão distribuir panfletos sobre
a educação para surdos e a importância da Libras (linguagem brasileira
de sinais) na integração social da comunidade. O ato será encerrado com
uma passeata pelas ruas do centro.
Segundo a professora Silvia
Valéria Lemos Feliciano, o ILES atende hoje a cerca de 80 alunos,
capacitando-os não apenas para a linguagem de sinais, mas também para o
futuro profissional. Em 55 anos de existência, o ILES atendeu a milhares
de pessoas.
E pensar que essa história começou em 1958, quando a
professora Rosalina Lopes Franciscão, diretora do Grupo Escolar
Benjamin Constant, sensibilizou-se com a história de José Carlos de
Castro Costa, menino surdo que estudava na 1ª série e, ao final do ano
acabou sendo reprovado na prova de leitura. Rosalina envolveu-se com o
caso de José Carlos e percebeu que ele entendia os conceitos em sala de
aula. A professora escreveu e publicou o artigo “Os mudos também
falam”, em que utilizou o termo “mudo” para chamar a atenção da
comunidade londrinense. Na época, outras famílias com crianças surdas
procuraram Rosalina – e cinco alunos surdos começam a ter aulas, na sala
da Diretora. Em 15 de agosto de 1959, um grupo de dez pessoas da
comunidade reuniu-se com Rosalina e seu marido, o professor Odésio
Franciscon, para fundar o ILES.
Como
se vê pela história do Instituto Londrinense, os surdos sempre tiveram
que enfrentar preconceitos e dificuldades no dia a dia. O dia 26 de
setembro marca um desses tristes episódios: em 1880, essa foi a data em
que o governo italiano proibiu a linguagem de sinais no País. Usa-se a
expressão “Setembro Azul” para designar este mês por ser o azul a cor
com que as pessoas com deficiência eram marcadas na Alemanha nazista.
Milhares de surdos encontraram a morte por serem considerados
“inferiores” pelos nazistas.
O ato público de amanhã lembra esse e outros episódios. A luta dos surdos é, acima de tudo, a luta da memória contra o esquecimento.
Dados biográficos da professora Rosalina:
Rosalina Lopes Franciscão
chegou a Londrina em 1947, jovem esposa de Odézio Franciscão. Sempre
foi professora. Atuou na Escola de Aplicação e depois no Grupo Escolar
Benjamin Constant, onde nasceu aquela que é a grande obra de sua vida: o
ILES – Instituto Londrina de Educação de Surdos. Há 55 anos está à
frente dessa instituição que tanto fez pelas crianças e pessoas com
necessidades especiais. Quantos alunos e alunas aprenderam a se
comunicar graças ao seu empenho e dedicação? Rosalina Lopes Franciscão, o seu verbo é COMUNICAR.