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Inovação ao alcance de todos

Fonte: Revista Mercado em Foco – Por Micaela Orikasa

Os especialistas são enfáticos em afirmar que “aqueles que não inovarem ficarão para trás”. E nessa busca incessante por um lugar ao sol no mercado, muitos empreendedores estão sentindo a pressão da palavra inovação.

Um dos estudiosos mais influentes do tema, o economista austríaco Joseph Schumpeter (1883-1950) já declarava décadas atrás, que a inovação é o motor do desenvolvimento econômico. Para ele, considerado o “profeta da inovação”, o fracasso de quase todas as empresas está ligado à incapacidade de inovar.

Além da introdução de novos produtos ou métodos de produção, Schumpeter também caracterizava o ato de inovar pela abertura de novos mercados, desenvolvimento de novas fontes de matérias-primas, criação de novas estruturas de mercado e de organização.

Mas antes de falar sobre os caminhos para aplicar este conceito nos negócios é preciso derrubar o mito de que a inovação se resume à invenção de algo milionário e de base tecnológica.  De fato, nos últimos anos, o terreno tem se mostrado fértil para serviços e produtos ligados à alta tecnologia, o que acabou gerando o entendimento de que inovar era uma oportunidade limitada aos gigantes.

Porém, ao contrário do que muitos imaginam, ela é mais acessível aos pequenos empreendimentos. É justamente essa mudança de pensamento que os especialistas defendem como um primeiro passo nesse processo. “Todos podem inovar em seus negócios, independente do setor, tamanho e faturamento. Isso é uma das coisas mais claras em inovação hoje em dia”, destaca o consultor em Estratégia de Empresas e Inovação, Sérgio Itamar, também docente do Isae/FGV (Instituto Superior em Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas), em Curitiba.

O mesmo pensamento é compartilhado por Marco Kumura, diretor de Tecnologia e Inovação da ACIL. Ele diz que a essência da inovação está nos pequenos negócios e pequenas ideias, pois quanto maior a empresa, mais lenta, travada e burocrática ela se torna. “O desejo e a iniciativa de querer mudar acompanhando o mercado altamente mutável e competitivo, deve ser uma cultura empresarial. Se isso não acontecer, a marca vai acabar saindo do mercado. Um exemplo clássico é a Kodak”, aponta.

É fato que as micro e pequenas empresas não protagonizam grandes inovações, as chamadas disruptivas, que quebram um certo paradigma do mercado e insere outro, como por exemplo, o Uber, que foi uma inovação em um modelo de negócios, transformando o mercado de transporte individual. Isso porque a aplicabilidade nesse contexto, exige muito know how e recursos financeiros.

O que é inovação?

Mas toda essa reflexão tem um ponto de partida importante. É preciso entender o que é inovação. Kumura responde que inovar é um comportamento, uma iniciativa de querer fazer algo diferente e melhor para seguir evoluindo. Para isso, é importante ter uma ampla visão de mundo. 

Segundo o consultor Itamar, esse olhar inovador deve enxergar tanto fora quanto dentro da empresa, encontrando novas formas de agregar valor aos clientes, colaboradores e parceiros. “Essa postura é de ruptura de um modelo mental porque o empreendedor deve buscar de forma inteligente, soluções que impactem a sociedade. Isso é a visão de uma gestão inovadora”, acrescenta.

Entretanto, a atitude em inovar não pode ser à revelia. “Ela deve estar atrelada a algo novo que venha resolver um determinado problema da empresa ou da sociedade, e que traga algum retorno, não necessariamente financeiro, mas de ganho de imagem, por exemplo”, comenta Henrique Ceciliato de Carvalho, membro do Centro de Empreendedorismo e Inovação da PUCPR, em Londrina.

Dados do estudo “Inovação nos Pequenos Negócios”, divulgados pelo DataSebrae em 2013, revelam que dos 2.326 empresários de Pequeno Porte e Microempresas de 27 estados brasileiros, a maioria (75,1%) realizou algum tipo de inovação na empresa, entre 2010 e 2012. 

Dos respondentes, 53,4% afirmaram ter apostado na inovação organizacional, com novos métodos de organização do trabalho e novas técnicas de gestão de processos, enquanto 59,3% investiram na inovação em marketing e a maioria, 78,1%, em produto (bem ou serviço). O levantamento também mostra que 82,9% afirmaram que a imagem da empresa no mercado melhorou em função da inovação adotada e 86,7% perceberam um aumento na satisfação dos clientes.

 Experiência e engajamento

Henrique Carvalho, que é também docente no curso de Administração da PUC-PR em Londrina, aponta ainda a necessidade de se ter uma gestão participativa, que facilite e catalise essa mentalidade inovadora. “É o que chamamos de mindset. Dificilmente uma inovação vai sair da cabeça de uma só pessoa, por isso é importante o gestor se reunir com seus colaboradores, se abrir para opiniões e novas ideias. Vale lembrar que não basta ouvir, tem que buscar implementá-las”, salienta.

Uma das formas de se inspirar e conhecer alguns meios para uma gestão inovadora é buscar conhecimento de quem tem experiência na prática. Como é o caso da Hydronorth, que comercializa tintas, texturas, resinas e impermeabilizantes em todo o território nacional. Instalada em Cambé há 37 anos, a empresa é dirigida por Matheus Stadler Gois por mais de uma década e registra um crescimento de 11% ao ano, em volume. 

“Há quatro anos iniciamos um trabalho intenso de inovação, uma transformação cultural muito grande, que tem sido validada principalmente pela estratégia que adotamos de engajar as pessoas em todo o processo”, destaca. O diretor da Hydronorth faz questão de dizer que a inovação não é algo que se decide da noite para o dia, pois demanda um processo intenso de transformação de cultura, valores, treinamento, ou seja, da empresa como um todo.  

Gois também explica que a inovação tem sido aplicada na empresa em seu conceito pleno, ou seja, englobando processos, produtos e estratégia organizacional. Para isso, foi preciso fazer uma leitura do mercado para entender de que forma a inovação poderia trazer crescimento exponencial. “Participamos de fóruns, buscamos consultorias, fizemos P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), estudamos projetos de produtos extremamente inovadores, estabelecemos novas políticas de recursos humanos, como validação dos valores, compartilhamento da visão, treinamentos, entre outros. Estamos na fase de disseminar isso para os colaboradores”, ressalta.

Além disso, Gois tem conduzido pessoalmente na empresa a parte de tecnologia, como Big Data, machine learning, inteligência artificial. “Buscamos estruturar toda essa área para que essas tecnologias emergentes possam suportar nosso negócio, sempre com foco e visão no cliente”, completa. 

Pensando nos empreendedores que estão buscando tal prática, Gois diz que eles precisam se questionar se de fato querem inovar e se seus negócios vão durar nos próximos cinco, dez anos. “Digo que a gente vai passar nos próximos anos por uma velocidade de transformação mais rápida do que a internet trouxe décadas atrás. E muitos negócios vão ser ameaçados. Alguns, aliás, já estão e outros já fecharam”, afirma.

Assumindo riscos

O risco no universo empresarial nunca deixará de existir, ainda mais quando se fala de inovação, pois não se pode ter certeza dos resultados que ela irá trazer. Partindo dessa premissa, o professor Itamar do Isae/FGV, sustenta a importância de se ter uma consciência sobre os riscos para superá-los melhor que a concorrência. 

“Essa é uma visão muito difícil para muitos empresários. O sucesso não está do lado de quem sempre evita os riscos, mas do lado daqueles que resolvem melhor e tiram proveito deles. Isso é diferencial”, comenta.

E se depender da retomada econômica que já começa a dar os primeiros sinais, esse pode ser, de acordo com Marco Kumura uma boa hora para buscar conhecimento, se planejar e organizar. “Vamos viver agora, uma era de esperança e crescimento. Esse é um grande momento para empreender”, conclui. 


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