Proporcionar o encontro e viabilizar o relacionamento entre iniciativa privada e academia é o principal objetivo da Feira Paranaense de Negócios em Inovação entre Empresas, Centros de Pesquisa e Universidades (Inovatec). Exemplos de que esse casamento pode ser bem sucedido foram apresentados ontem, na abertura do evento em Londrina, por uma das principais indústrias de cosméticos do País, a Natura. Atualmente, 80% dos projetos de pesquisa da empresa são tocados em parceria com universidades.
Patrícia Moreira, gestora de Ciência na Diretoria de Pesquisa Avançada da Vice-Presidência de Inovação da Natura, diz que essa proximidade entre empresas e academia era rara dez anos atrás, mas que o reconhecimento da universidade como geradora de inovação vem mudando esse conceito. "Começamos a chamar quem tinha interesse em trabalhar com a gente, pessoas que querem que a pesquisa atinja o mercado; como pesquisadora, a gente quer ver a inovação que pesquisamos por anos chegando nas mãos do consumidor", afirma.
A Natura trabalha tanto com universidades nacionais quanto internacionais e, a partir da participação da gestora na Inovatec, as instituições locais puderam apresentar seus trabalhos e, quem sabe, viabilizar a primeira parceria da empresa com uma universidade paranaense. "É uma oportunidade para abrir esse caminho", diz Patrícia.
A coordenadora técnica da Inovatec Londrina, Cristianne Cordeiro Nascimento, explica que o evento pretende focar na demanda local de setores como vestuário e têxtil, cosméticos, nutrição animal, tecnologia da informação e comunicação, alimentação, eletroeletrônica e saúde. "A gente quer fabricar mais que o arroz com feijão, para apimentar as nossas competências, que já são boas; queremos levar o que a gente faz nos laboratórios para fora da universidade", afirma.
Para Cristianne, o ambiente universitário tido como lento e moroso deixou de existir a partir da aprovação da Lei Estadual de Inovação, em 2013, que regulamentou os investimentos públicos nas empresas privadas para fins de inovação e abriu as portas das universidades e entidades de tecnologia para a indústria. "Hoje a gente pode ter essa parceria", reafirma.
O diretor-presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Júlio Félix, destaca que a lei é um dos instrumentos e ferramentas que têm sido colocados à disposição para promover a aproximação entre empresas e universidades. "A academia tem um papel importante porque grande parte do conhecimento está lá dentro. A gente tem que fazer com que ele migre das cercas da universidade para o uso da sociedade", reforça.
Projeto
Contar com esse apoio é tudo que o Tecnológo de Alimentos, Paulo Barbetta, espera para sua cervejaria, integrante do Hotel Tecnológico, pré-incubadora da UTFPR-Londrina. Barbetta produz cervejas com sabores inusitados, como trigo com casca de laranja e chocolate com café, e diz que conseguiu reduzir os custos de produção a partir de pesquisas.
"Meu objetivo é colocar o produto no comércio, crescer e levar o nome da instituição comigo", afirma. A programação da Inovatec continua hoje, das 14h às 21h, com talk show e workshops, no Hotel Sumatra. A feira é promovida pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e organizada pela Agência de Inovação Tecnológica Universidade Estadual de Londrina (Aintec-UEL).