Fonte: Juliana Benetti – Revista Mercado em Foco – ACIL
Empreender
em tempos de crise econômica pode ser um grande desafio. Mas é
justamente nos momentos mais difíceis que as oportunidades aparecem.
A urgência em solucionar problemas vem acompanhada da necessidade de
encontrar alternativas para superar obstáculos e ganhar destaque no
mercado. Por isso, a palavra inovação está cada vez mais presente
no vocabulário dos lojistas e prestadores de serviço. Para a
consultora de mercado Regina Nakayama, inovação é encontrar uma
nova forma de executar atividades, gerando um resultado melhor do que
o existente.
Essa
nova forma não precisa ser nada de extraordinário ou moderno, mas é
essencial para se manter no mercado independentemente do cenário
econômico, explica a consultora do Sebrae Leda Terabe. “É
necessário estar sempre acompanhando as tendências do varejo para
criar novas formas de gerir o negócio”, afirma.
Faro
para os negócios
Para
buscar a inovação, é fundamental para o empresário entender o
novo comportamento do consumidor. Com a internet, as relações de
consumo ganharam novas nuances. Se antes o cliente tinha poucas
opções de pesquisa e uma pequena variedade de produtos à
disposição, hoje ele possui todas as informações que precisa à
distância de um clique. Além disso, ele tem mais segurança, já
que pode recorrer ao código de defesa do consumidor e publicar
reclamações em sites especializados ou nas redes sociais. Esses
recursos deixaram o cliente cada vez mais exigente e a reputação
das empresas mais vulnerável. A solução é tentar criar uma
experiência de compra, provocando, por exemplo, os cinco sentidos do
cliente. “Como exemplo de olfato, temos lojas que criam o próprio
aroma, o visual é a própria arrumação do espaço, o paladar pode
ser um café de qualidade, o som ambiente, tudo isso influencia”,
explica Regina.
Antes
de começar a pensar em maneiras de inovar, para garantir o bom
funcionamento do negócio, Regina alerta que é preciso ao menos ter
o básico. “A tarefa de casa no varejo é aquilo que é inerente ao
negócio: saber o que vende, ter pessoas qualificadas para prestar o
atendimento, conhecer o cliente, fortalecer a marca, fazer divulgação
e ter ótimos fornecedores”.
Serviço
de qualidade
O
barbeiro Carlos Babugia é dono do próprio negócio e acredita que a
melhor forma de fidelizar o cliente é investir na qualidade do
serviço. A barbearia Babuggia chama a atenção de quem passa pela
rua: o chão quadriculado, as capas de discos de vinil penduradas na
parede, um carrinho de rolimã e uma vitrola tocando discos são
alguns dos elementos que compõem o ambiente. “Aqui é cabelo e
barba, a música é fiado”, brinca. O atendimento é feito por
ordem de chegada e não há internet no local, pois segundo ele, “o
bom da barbearia é o papo furado”. Babugia conta que o clima
vintage não é intencional. “Eu sempre gostei de rock, o que está
aqui na barbearia é o que eu trouxe de casa. Tive um estúdio de
tatuagem que era mais ou menos assim”, conta.
Para o
barbeiro, a fidelização do cliente é feita prestando o melhor
serviço possível. “Eu vejo o pessoal estilizando as barbearias,
mas investindo muito pouco em mão de obra. Eu fiz muitos cursos de
especialização e hoje eu corto qualquer tipo de cabelo e qualquer
tipo de barba”, garante.
Redes
sociais
Com
as redes sociais, o cliente e o empresário ganharam múltiplos
canais de relacionamento. A consultora Regina diz que o uso destas
ferramentas pode parecer algo simples, mas são poucas as empresas
que efetivamente conseguem utilizá-las para criar um vínculo com o
cliente. “Pode ser que um cliente consulte uma empresa pela
internet e desista de ir até a loja porque o site está
desatualizado e o produto não está visível. Então, esse cuidado
visual é tanto na loja física quanto a virtual”, aconselha.
A
empresária Ludmila Romanovski é sócia da loja de roupas Amber
Store há quatro anos e antes mesmo de abrir o espaço físico,
começou uma página no Facebook para divulgar os produtos. Hoje, a
loja tem site e está presente em várias redes sociais. O perfil da
loja no Instagram já conquistou mais de 55 mil seguidores e recebe
cerca de 25 postagens por dia de fotos de roupas e produtos. A
empresária oferece treinamento para as funcionárias aprenderem a
postar nas redes. “A gente busca funcionárias que gostem de moda
e, como cada pessoa tem um gosto, é interessante porque elas montam
looks diferentes que atraem pessoas diferentes”, explica.
Impulsionada
pela popularidade nas redes, Ludmila conseguiu abrir a segunda loja e
também começou a realizar vendas online. Com a visibilidade, muitos
consumidores de outras cidades demonstravam interesse em comprar os
produtos, o que fez a empresária investir em outra ferramenta: o
WhatsApp. “A gente faz toda a comunicação sobre o produto e a
entrega pelo aplicativo, o pagamento é feito por depósito ou por
ferramentas de pagamento online”, explica.
Cada loja tem seu próprio perfil no aplicativo, que também é
utilizado para auxiliar na gestão do negócio, na comunicação
entre as funcionárias.
Pesquisa
e informação
Para
inovar, é necessário pesquisar e buscar informações dentro e fora
do próprio segmento. É o caso das empresárias Juliana Delicato e
Maira Demarchi, graduadas em Marketing e donas da Delicato
Brigadeiria. Após passar uma temporada trabalhando em São Paulo,
Juliana decidiu voltar para Londrina em busca de qualidade de vida e,
pesquisando, viu na brigadeiria uma oportunidade de negócio que não
existia na cidade. Ela fez cursos específicos de brigadeiro e
começou a desenvolver receitas com ingredientes selecionados,
buscando um produto diferenciado. “Logo no começo eu criei a marca
e o perfil da loja no Facebook para criar uma identificação tanto
da loja como do produto”, conta Juliana. Ela começou vendendo 20
sabores diferentes pelo Facebook.
Depois,
junto com a amiga Maira, elaborou um estudo de mercado e um plano de
negócios. Por fim, abriram a loja. Hoje são 30 sabores de
brigadeiros e as receitas são guardadas a sete chaves pelas
proprietárias. “A gente está sempre buscando novas ideias para
nunca ficar na mesmice, sempre mantendo o foco no produto principal:
o brigadeiro”, diz Juliana.
A
brigadeiria chama atenção pelo ambiente decorado e pelas embalagens
personalizadas para eventos e datas comemorativas, que são
desenvolvidas com ajuda de uma designer. O objetivo é elevar o
brigadeiro ao status de presente. “Nós trabalhamos com elementos
mais delicados para combinar com o nosso produto”, explica Juliana.
Curiosidade
é fundamental
Inovar
é preciso para sobreviver ao mercado. A consultora Leda Terabe
afirma que o empresário que não inova não consegue se manter. O
Sebrae oferece o Programa de Agentes Locais de Inovação, no qual um
agente de inovação faz um diagnóstico e monta um plano de ação
com o período de dois anos para as empresas, com o objetivo de fazer
um trabalho específico para levar a inovação de forma continuada
aos comerciantes.
Ter
curiosidade para conhecer novas práticas nos seguimentos mais
diversos é fundamental. “A inovação não é uma ideia que parte
do nada. O empresário deve investigar quais são as melhores
práticas e, dessas, qual é a melhor para o negócio dele”,
explica Regina Nakayama.