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Morre aos 87 anos o ex-prefeito Dalton Paranaguá

Fonte: Blog de José Pedriali*

Dalton Fonseca Paranaguá morreu hoje, em sua casa, em Londrina, aos 87 anos.

Foi um homem que, para a infelicidade geral da nação, exerceu apenas dois cargos públicos – o de secretário estadual da Saúde no início do governo Paulo Pimentel (1966-70) e prefeito de Londrina, de 1969 a 72.

Como secretário debelou doenças endêmicas, dotou a maioria das cidades de unidades de saúde, enfrentou com coragem a doença de Chagas importando BHC a 33% da África (os tempos eram outros…), estruturou o atendimento aos tuberculosos (doença hoje praticamente extinta) por meio da Fundação Hospital do Paraná, que criou. E era tão rigoroso na inspeção sanitária que lacrou o restaurante do… Palácio Iguaçu!

Entrou no MDB para disputar a prefeitura de Londrina pelas mãos de José Richa. E desbancou o favoritismo de João Olivir Gabardo, seu companheiro de partido (havia as sublegendas) percorrendo a pé toda a cidade, quando fez despontar seu jeito irreverente e suas ideias revolucionárias. Um slogan o consagrou: “Moringa fresca”, contraponto à repressão política, que se intensificava em todo o país, assim como a violência praticada pelos grupos armados.

“A saúde é a suprema lei”. Esta ditado inspirou seus investimentos em saúde. Motivado por um grupo de médicos do partidão (PCB), criou postos de saúde nos bairros, iniciativa que o governo federal disseminaria pelo país. Contratou professores, aumentou seus salários, criou estímulos para que elevassem a produtividade e construiu escolas, muitas escolas. Uma delas recebeu o nome de Corveta Camapuã, em homenagem à embarcação afundada pelos alemães durante a Segunda Guerra. Seu primeiro emprego como médico fora na Marinha, daí sua ligação afetiva com esta Arma.

Abandonou a medicina para dedicar-se à prefeitura. Trabalhava sete dias por semana. Construiu o ginásio de esportes Moringão (“Moringa Fresca”, lembram-se?), que permitiu aterrar o Buraco do Azevedo, primeiro passo para a instalação (na administração Wilson Moreira – 1983/88) do Zerão – área de lazer e prática de esportes. Lançou o projeto de captação de água do rio Tibagi, viabilizado por Alvaro Dias quando governador (1986-89). Alvaro  se elegeu vereador, seu primeiro cargo eletivo, quando Paranaguá conquistou a prefeitura.

E fez isso e mais aquilo…passaria o dia enumerando as obras de Paranaguá, já que tive o privilégio, incentivado pelo amigo Luiz Carlos Hauly, de ser seu biógrafo (“Dalton Paranaguá e a construção do futuro”, disponível nas melhores casas do ramo – os sebos).

As obras materiais são importantes. Influenciam, para o bem (no caso de Dalton) e para o mal o presente e o futuro de uma comunidade. E referenciam o homem público.

Mas Dalton Paraná, mais do que suas realizações materiais, deixa um legado de honradez e dedicação ao bem coletivo. “Fui eleito para servir e não para me servir”, repetia ele, que abandonou a vida pública ao concluir seu mandato de prefeito.

Para a infelicidade geral da Nação, que tanto carece de homens e mulheres como ele,

Paranaguá deixou a vida pública mais pobre do que antes e dependeu nos últimos anos da ajuda dos filhos para se manter.

A família terá dificuldade para escolher a frase de sua lápide. Foram muitas, e geniais, as que proferiu. Humildemente, sugiro o bordão que usava ao terminar seus discursos: “Aos companheiros, minha gratidão; aos adversários, meus respeitos”.

– José Antonio Pedriali é jornalista e escritor em Londrina. Publicou vários livros, entre eles “Dalton Paranaguá e a construção do futuro”, em 2008.


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