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Motivos para ter um hobby

Fonte: Samara Rosenberger – Revista Mercado em Foco/ ACIL

Centenas de mensagens no WhatsApp, reuniões durante o dia e tarefas que não param de chegar. A rotina diária do trabalho moderno tem sido estafante para todos. Os finais de semana são os mais aguardados para momentos de descanso, mas, infelizmente, para alguns, acabam virando parte do expediente. Parece impossível desligar?

Doenças emocionais são cada vez mais comuns entre a classe produtiva. Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que sintomas como ansiedade e depressão afetam quase metade da categoria no Brasil. Por isso, reservar um tempo para relaxar é essencial para preservar a saúde mental e aumentar a qualidade de vida.

Uma boa opção é investir em hobbies. Uma pesquisa publicada no British Journal of Sports Medicine indica que eles trazem benefícios semelhantes aos exercícios físicos, além de melhorar a produtividade no trabalho. “Acredito que o hobby enriquece o ambiente do indivíduo, em meio a uma sociedade que está totalmente pautada no trabalho como estilo de vida, o que traz prejuízos a curto e longo prazo”, pontua o psicólogo e especialista em análise do comportamento Vinícius José Dorfeo de Camargo.

Pescaria

Hobby é qualquer atividade exercida com a finalidade de lazer, distração ou passatempo. Pode ser praticada individualmente ou com outras pessoas, como é o caso de Nivaldo Benvenho, diretor da Midiograf e membro do Conselho Deliberativo da ACIL. “A pesca, pra mim, sempre foi uma forma de aliviar a tensão do dia a dia, pois tocar uma empresa com a complexidade da minha gera grande estresse e é preciso ter uma válvula de escape”, conta.

A primeira vara foi estendida há cerca de 20 anos e, de lá para cá, o hobby foi sendo aprimorado a ponto de ultrapassar fronteiras. “Já tive experiências magníficas de pesca no Caribe, Argentina e Cuba. Já pesquei truta no Chile e disputei salmão com os ursos no Alasca”, conta. Quando a folga é mais curta, a pesca acontece nos rios Tibagi e Paranapanema. De acordo com ele, os momentos de lazer oportunizam conhecer pessoas novas e fazer amizades genuínas.

“Percebo que as relações que tenho nesses momentos são com pessoas interessadas no que eu sou como ser humano e não no que tenho. Isso foge do cotidiano de business que estamos acostumados”, salienta. A atividade se tornou tão prazerosa que, mesmo quando o “mar não está para peixe”, o empresário passa o tempo no ateliê que construiu na própria casa, fabricando anzóis para os próximos destinos. “Mergulho em outra vibração. Todas as lembranças boas da pescaria vêm à tona nesse momento”, relata.

É exatamente essa a função psicológica do hobby, segundo a psicóloga organizacional e mentora de carreira e líderes Maria Cristina Consalter. “Ele permite que a pessoa encontre momentos de prazer, realização e satisfação, o que gera energia e traz o contraponto às pressões e situações adversas que sofremos com o trabalho”, explica.

O modelo híbrido e o home office adotado durante a pandemia afetou a divisão entre a vida pessoal e profissional, e contribuiu para jornadas extensas e efeitos colaterais na vida dos trabalhadores. De acordo com uma pesquisa do Instituto de Psiquiatria da USP, trabalhar em casa aumentou a jornada em até 65%.

A psicóloga recomenda que a pessoa se permita experimentar sensações positivas e desligar-se do trabalho sem sentimento de culpa. “Percebo que a maioria de nós está assoberbada de tarefas e com o olhar para fora. É preciso mudar essa lógica. Quando olhamos para dentro, nos sentimos mais realizados e mais produtivos. Quando fazemos algo que gostamos, seja sozinho ou com quem amamos, temos uma vida mais equilibrada e criativa. Devemos reconhecer que é possível, sim, ter tempo para si mesmo e para o autocuidado”.

Podcast

Sara Cristina entendeu a importância disso e resolveu criar um podcast para compartilhar a paixão pelos livros. No Leitura Popular, disponível nas principais plataformas de podcasts, a redatora narra crônicas de escritoras mulheres. Um hobby que nasceu ainda na infância, quando o avô pernambucano a colocava numa roda para ouvir contação de histórias.

“Meu pai também foi um leitor assíduo e eu me formei em Letras. Como trabalho com comunicação online e tenho muito contato com redes sociais, parar para ler um livro dessas autoras que admiro, que têm qualidade de conteúdo e personalidade, é extremamente prazeroso para mim”, afirma.

Aos finais de semana, ela costuma abrir um vinho, sentar-se na sacada e ler ao ar livre. Depois, faz um estudo para gravar o podcast. “Quando leio para mim, geralmente faço em uma sentada. Mas como no podcast leio para os outros, preciso estudar a entonação e todos os detalhes com cuidado. Eu gosto muito da interação que tenho com as pessoas. Quando percebo que estão aderindo, fico animada e com vontade de fazer mais”, revela. Para ela, o projeto de audiolivro a deixou menos ansiosa. “Estamos dentro de um sistema que nos obriga a ficar 100% atentos. O hobby é o momento de desconexão, de parada. Me sinto mais sã e atenta às coisas que reconheço como ricas para mim”, pontua.

E para quem ainda não tem um hobby? Uma dica para encontrá-lo é olhar para a própria história de vida e resgatar gostos que, porventura, foram perdidos com o tempo. “Tente identificar o que você gostava de fazer antes de começar a trabalhar, quais eram suas atividades quando era criança ou adolescente, qual esporte tinha mais aptidão ou o que você sempre quis produzir ou fazer para se divertir”, orienta o psicólogo Vinícius.

Há hobbies que custam muito caro e outros que não custam nada. Uma caminhada, uma corrida, um jogo no parque, um passeio com o animal de estimação na rua. “Todos podem ter um hobby. Para quem gosta de leitura, um bom livro é o suficiente para se sentir alimentado. Escrever, meditar ou viajar são outras opções. Quem não tem muita grana, por exemplo, pode gostar de acampar. Andar de bicicleta também é uma atividade de baixo custo financeiro”, exemplifica a mentora Maria Consalter.

O importante é lançar-se na aventura de descobrir um hobby no qual apenas uma regra precisa ser seguida: descansar.


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