O número de homicídios em Londrina voltou a subir em 2014. O que mais chama atenção, no entanto, não é apenas o aumento de 27% nas mortes violentas, mas a motivação dos crimes. Ao contrário dos outros anos, quando o tráfico de drogas foi a principal causa das mortes, no ano passado a maioria dos assassinatos ocorreu por motivos banais e isso trouxe características novas ao ranking desse tipo de crime.
No ano passado, foram 93 homicídios contra 73 no ano anterior. Historicamente, o percentual de mortes violentas relacionadas ao tráfico e uso de drogas fica em torno de 70% a 80% dos casos. Em 2014, 42% dos homicídios tiveram motivação banal. “Foram crimes mais voltados ao social, desentendimentos em família, briga entre vizinhos, amizades desfeitas, discussões de futebol, traições”, listou o superintendente da Delegacia de Homicídios, Cláudio Santana. Segundo ele, os demais crimes tiveram motivações muito variadas, mas relacionadas a outros crimes, não só ao tráfico de drogas.
Essa peculiaridade do balanço de homicídios teve reflexos na elucidação dos crimes, segundo Santana. Entre 75% e 77% do total de homicídios já foram solucionados, com prisões ou pedidos de prisão efetuados. Outros 10% já tem a autoria conhecida pela polícia. “Crimes banais têm, normalmente, solução mais rápida porque o universo de possibilidades é menor do que, por exemplo, crimes de queima de arquivo, brigas entre gangues. Esses são mais difíceis de se colocar no papel.”
Perfil das vítimas
A esmagadora maioria das vítimas de homicídio é de homens. Em 2014, 84 homens e nove mulheres foram assassinados em Londrina. A maioria das vítimas tinha entre 18 e 29 anos, mas o número de mortes foi significativo também entre menores de idade (16%), ou seja, mais da metade dos homicídios ocorridos em Londrina no ano passado fez vítimas jovens. “Antes, a faixa etária dos autores desses crimes seguia o mesmo das vítimas. No ano passado, isso também mudou, porque tivemos jovens matando velhos e velhos matando jovens”, explicou Santana.
Ação policial
O delegado de Homicídios, Paulo Henrique Costa, ressalta que antes da criação da unidade especializada, o número de homicídios em Londrina chegava a passar de 200. Desde 2012, quando foi criada a delegacia, esse número é sempre inferior a 100. “O ideal é não ter homicídio nenhum, mas os trabalhos da Polícia Civil e Militar conseguiram reduzir os crimes, combatendo o tráfico de drogas, a formação de quadrilhas.”
Mas o aumento no número de mortes violentas por motivos fúteis muda também o cenário que a segurança pública tem para trabalhar. “O crime de homicídio já é de difícil prevenção, quando se trata de briga entre amigos, vizinhos, familiares, é ainda mais difícil. É questão de educação, de valores, não de polícia”, avaliou.