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Obras de infraestrutura são prioridades da região no governo Ratinho Junior

Por Fancismar Lemes – Revista Mercado em Foco – ACIL

Londrina é um exemplo no mapa brasileiro da necessidade de maior eficiência e dependência do transporte rodoviário, que coloca o Brasil na 55º posição, entre 160 países no ranking do relatório bienal de logística do Banco Mundial. Porém, lideranças da sociedade, que representam uma região metropolitana de mais de 1 milhão de habitantes, têm empenhado esforços para cobrar dos governantes, o que deve acontecer também no governo Ratinho Junior, a realização de projetos cruciais como o Contorno Norte, as duplicações da PR-445 e BR-369 e a instalação do ILS no Aeroporto José Richa. 

O último episódio da demanda de mais de 20 anos, a obra do Contorno Norte, foi a determinação da Justiça Federal, em novembro, do início da construção em 30 dias. A decisão do juiz Rogério Dantas Cachichi, em ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF), contou com apoio do Governo do Estado, até então comandado por Cida Borghetti. 

Em entrevista à Mercado em Foco, o novo governador, Ratinho Junior (PSD), relaciona, sem cravar data, o Contorno Norte entre as ações de infraestrutura de curto médio e longo prazos para melhorar o escoamento da produção da região para o mercado nacional e internacional. 

Justamente a balança comercial é que dimensiona o peso da necessidade de investimentos em infraestrutura e logística, não só nas obras dos 8,5 quilômetros do Lote 2 do Contorno Norte, entre a PR-545 e a PR-445, mas também nas duplicações desta última rodovia até Mauá da Serra e da BR-369 até Cornélio Procópio.  

Em 2016, Londrina exportou US$ 252,4 milhões de soja, o que representa 38,3% do total exportado pelo município. A principal commodity produzida na região percorre metade do trecho de 485 quilômetros para chegar ao Porto de Paranaguá em pista simples, inclusive parte na PR-445. No mesmo ano, a indústria londrinense respondeu por 18,3% do Produto Interno Bruto (PIB), artefatos que chegam a São Paulo, o maior centro consumidor do país, via BR-369. São duas rodovias com trechos urbanos em Londrina e que lideram o ranking das federais e estaduais com maior letalidade. 

É difícil ter ideia dos prejuízos e perdas enfileirados ao longo destes trechos, mas o Placar do Trânsito, levantamento bimestral divulgado no último mês de novembro pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), mostra o que significa em números de vítimas. 

No ranking das rodovias federais e estaduais com maior letalidade, a PR-445 está no topo, com 11 casos, seguida da BR-369, com oito episódios. 

Ratinho Junior diz que está no radar do seu governo investimentos para o crescimento da economia e obras para diminuir o número de acidentes. “Além da conclusão dos projetos do Contorno Norte e das passarelas da PR-445, em Cambé e Londrina, do andamento dos projetos de um viaduto na Avenida Angelina Vezozzo, em Londrina, e da Bratislava, em Cambé, deverão ser adiantadas as duplicações prioritárias para a região com a da ligação Londrina – Mauá da Serra, já em andamento, e Mauá da Serra – Pitanga, para facilitar a ligação com a capital e Paranaguá. Também serão objetos de estudos e projetos outras rodovias que dão acesso a São Paulo e no entorno de Londrina com o objetivo de eliminar gargalos de trânsito e, através de sinalização, diminuir o número de acidentes”, afirma o governador. No total, a conta do investimento alcança R$ 1 bilhão.

“A gente espera que todas essas medidas, no início do governo Ratinho Junior, sejam encaminhadas. Tanto as que estão para licitar, como as que faltam concluir os projetos. Que esses projetos sejam acelerados para que, em pouco tempo, tenhamos condições de solicitar os recursos necessários para que essas obras sejam implementadas, se não no primeiro ano, no segundo ano do governo do estado”, espera o presidente da ACIL, Claudio Tedeschi, entidade que faz parte da Comissão de Desenvolvimento e Infraestrutura da Região de Londrina e que tem cobrado as obras essenciais para o município.  

Fazem parte ainda da comissão, a Sociedade Rural do Paraná (SRP), Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina (CEAL), Associação Médica de Londrina (AML), Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná (Sinduscon), Sindicato das Indústrias, Metalúrgicas e de Materiais Elétricos do Norte do Paraná (Sindimetal) e Sindicato do Comércio Varejista de Londrina e Região (Sincoval). 

O presidente da SRP, Antônio Sampaio, ressalta que um corredor produtivo e de exportação importante como a região, está com obras de infraestrutura e logística estacionadas há muito tempo. “É um gargalo importante para a região, inclusive de transporte ferroviário, como a Ferrovia Norte Sul, que foi uma conversa que ficou no ar. Não temos pista dupla nas rodovias para lugar nenhum. O aeroporto de Londrina está nessa encrenca da falta de ILS há décadas. São fatores limitantes para o nosso desenvolvimento. As empresas que vêm se instalar aqui, a primeira coisa que querem saber é sobre a questão logística, se chega rápido, sai rápido, se consegue vir e voltar de avião no mesmo dia. São pontos que toda atividade econômica depende”, aponta Sampaio, lembrando que na fase de campanha eleitoral a comissão entregou para os candidatos ao governo uma carta com as reivindicações da região. 

“Se tivermos rodovias e ferrovias em condições, a cidade passa a ser analisada por empresários para se instalarem. O município que não tem isso nem entra na análise de viabilidade. É preciso ter um bom aeroporto e de preferência internacional, com postos da Polícia Federal, Receita Federal e Anvisa para a liberação de embarque e desembarque de mercadorias e matérias-primas”, reforça o presidente do Sinduscon, Rodrigo Zacaria.

Sobre o aeroporto londrinense, Ratinho Junior diz que se comprometeu no seu plano de governo a promover gestões junto ao governo federal para as melhorias necessárias, conforme o programa estabelecido pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para viabilizar a ampliação da pista e a instalação de sistemas de aproximação ILS I ou II no José Richa. 

“A revisão da tributação de ICMS do combustível de aviação proposta, assim como um programa de redução progressiva de impostos, tem como objetivo incentivar companhias aéreas, possibilitando a criação de mais voos para Londrina e estimular empresas a se instalarem na região”, acrescenta o governador. 

Ratinho ainda afirma que o governo apoiará à implantação do Estatuto da Metrópole, que estabelece funções públicas de interesse da Região Metropolitana de Londrina, citando como exemplo o estabelecimento de consórcios municipais com participação do governo estadual para contratação de projetos de engenharia que possibilitem o levantamento de recursos para a realização de obras. 

O crédito do capital político

Eleito no primeiro turno com 59,99% dos votos, obtendo 61,69% de votação em Londrina, Ratinho passará agora por este crivo, que tem prazo de validade.   

O cientista político Clodomiro Bannwart, professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), com estudos voltados à Filosofia do Direito, avalia como será este período de lua-de-mel do novo governo com o eleitorado. 

“Ratinho tem um peso ainda mais acentuado neste começo de mandato”, afirma. “Até porque, à medida que começa a colocar determinadas pautas na Assembleia Legislativa e que isso tenha um teor impopular, começa a minar o grau de apoio popular conquistado nas urnas. Por ter sido eleito no primeiro turno direto, está mais do que legitimado para fazer uma gestão com legitimidade popular no início”, avalia o estudioso. “Em relação às entidades de Londrina, elas precisam aproveitar este momento e colocar essas pautas reivindicatórias – até para que tenha um compromisso cada vez mais firmado por parte do eleito para a concretização dessas demandas londrinenses”, pondera Bannwart. 

O cientista político destaca a importância da população e entidades de classe para a manutenção das cobranças. “Não podemos esquecer que Ratinho é do mesmo grupo do ex-governador Beto Richa. Foi secretário por quatro anos. Na verdade, temos uma continuidade de um grupo político. Os setores mais representativos da sociedade londrinense têm que ter uma presença maior e, talvez, uma articulação maior da nossa parte, enquanto sociedade para cobrar. Até porque aumentamos apenas um deputado estadual da cidade, o que acho ainda muito pouco em relação à quantidade de cadeiras na Assembleia Legislativa. A impressão que temos é que continuamos com uma sub-representação da nossa região diante da importância que tem no Estado”, lamenta. 


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