Fonte: Michelle Aligleri – Revista Mercado em Foco
Mais
de 70% dos brasileiros que têm acesso à internet usam as redes
sociais. Pesquisas realizadas em 2014 pelas empresas de mercado
comScore
e Shareablee mostra que a população da América Latina é a que
apresenta maior média global
de uso de redes sociais em computadores e laptops, com 8,13 horas
mensais por pessoa. Não bastasse este dado, os brasileiros superam a
média mundial de tempo médio em redes sociais. Por aqui as sessões
giram em torno de 18,5 minutos, enquanto no restante do mundo as
pessoas geralmente gastam 12,5 minutos por acesso. A pesquisa mostra
ainda que o Brasil é o segundo país onde as pessoas gastam mais
tempo nas redes sociais, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
Mais
do que números, as pesquisas mostram que os brasileiros estão
adaptados e vivem uma vida online muito intensa. As redes sociais
completaram dez anos em 2014 e já ocupam um espaço grande na vida
dos brasileiros, especialmente entre os mais jovens com idade entre
15 e 34 anos. O acesso fácil a smartphones, tablets e notebooks
facilita o relacionamento online, seja ele pessoal ou profissional.
De olho neste filão, muitas empresas aproveitam a rede social para
divulgar produtos, fazer promoções e se aproximar do cliente.
Falando
a língua que os clientes gostam de ouvir, a Papel de Papel Jardim há
dois anos é ativa nas redes sociais. Com perfis no Facebook e no
Instagram, a empresa encontrou uma forma de mostrar as promoções,
atrair novos clientes e manter um relacionamento próximo daqueles
que já conhecem a loja. Com quase 20 mil seguidores no Facebook, há
quase dois anos a empresa decidiu investir e passou a ver a rede
social como mídia. “Fizemos alguns cursos de capacitação nesta
área e buscamos o acompanhamento de uma empresa especializada em
redes sociais. Eles nos ajudaram a definir o tamanho das imagens que
seriam postadas, a frequência de publicações, a quantidade de
texto e outros detalhes”, explica a publicitária e gerente da
loja, Ana Paula Amâncio. Ela afirma que esta é a mídia que recebe
maior investimento da empresa ao longo do ano, outros tipos de mídias
só são utilizados em datas comemorativas e épocas interessantes
para o público da loja, como a volta às aulas, por exemplo.
Como
a empresa comercializa um produto muito especializado – direcionado
para estudantes e profissionais de arquitetura e urbanismo e para
pessoas que fazem artesanato com papel, Ana Paula afirma que é a
própria equipe da loja quem administra as redes sociais. “Para
vender nosso produto é preciso conhecer de perto as características
dele e dos nossos clientes. Buscamos sempre uma linguagem informal e
direta, a mesma linguagem que utilizamos na loja física e no contato
face a face”, comenta.
A
publicitária e, garante que o facebook permite estreitar o
relacionamento da empresa com os compradores, mas tem dois pontos
negativos. O primeiro, segundo ela, é o fato de muitos clientes
ficarem aguardando as publicações promocionais para irem até a
loja e o segundo ponto negativo para ela tem a ver com o
gerenciamento de crises. “A partir do momento que você cria o
perfil da sua empresa na internet ela está exposta e pode receber
elogios ou críticas que serão vistos por todos. É preciso saber
contornar este tipo de situação para que a empresa não fique com
uma imagem negativa perante os demais seguidores”, ressalta.
Com
o passar dos anos as redes sociais foram se aprimorando e se
especializaram na “arte” de alcançar o público exato para cada
publicação. Isso significa que para atingir pessoas de determinada
região e com um perfil pré-estabelecido as empresas pagam. Na Papel
de Papel, por exemplo, há um orçamento mensal utilizado para
impulsionar postagens e alcançar exatamente quem tem interesse no
produto que está sendo anunciado. O mesmo acontece com a loja Móveis
Brasília, que utiliza uma ferramenta do facebook para direcionar
suas publicações e fazer com que a informação chegue exatamente a
quem se interessa pelo assunto.
O
diretor operacional da loja Móveis Brasília, Wilsonei Mattos,
explica que a empresa não participa das redes sociais apenas com
ofertas. “Mandamos mensagens diversas, informativos do setor, a
ideia é fazer com que o cliente se sinta amigo”, comenta. Conforme
ele, o ponto mais importante de manter um perfil empresarial nas
redes sociais é a moderação. “Se todos os dias eu mandar uma
oferta eu posso cansar o seguidor. Quando eu tenho uma promoção eu
mando direcionada aos clientes que se interessam por aquele produto”,
explica. Além do perfil no Facebook a Móveis Brasília possui
conta no Twitter, Instagram e os critérios levados em conta na hora
de fazer uma publicação são sempre os mesmos.
Mattos
acredita em todas as redes sociais como ferramentas que podem
contribuir para melhorar o relacionamento com o cliente. “O próprio
WhatsApp é muito legal. Usamos para facilitar o contato com um
cliente específico, enviar uma foto mais rápida do produto que ele
deseja… O mais importante é usar a mídia online de forma
ponderada”, complementa. Para ele, manter um seguidor é difícil,
por isso é preciso manter o respeito aos limites do cliente.
“Estamos há 38 anos no mercado e nas redes sociais nós
conseguimos fortalecer a imagem da empresa”, conclui.
Mais
do que usuários, profissionais em potencial
Apesar
de muito usadas para promover as empresas, as redes sociais possuem
um papel bem maior dentro das organizações. Muitos empresários
aproveitam os dados disponibilizados pelos usuários para definir
contratações. Em várias instituições equipes de Recursos Humanos
analisam o perfil dos candidatos a vagas na empresa antes de decidir
quem será contratado. Por este motivo, da mesma forma que as
empresas devem seguir um “código de ética” na rede para não
importunar os clientes, os demais usuários também deveriam se
policiar, e pensar duas vezes antes de compartilhar determinadas
fotos, comentários e links. A orientação é da administradora de
empresas e consultora de Marketing, Sheila Dal-Ry Issa.
De acordo com ela, as
pessoas não podem se esquecer que a rede social é uma vitrine e que
todas as ações realizadas no perfil podem ser vista por muita
gente. “Antes de postar alguma coisa a pessoa deve pensar se
sentirá vergonha se alguém da família, o chefe ou um amigo ver”,
comenta. Ela defende que as redes sociais sejam usadas pelas pessoas
para mostrar suas habilidades. O envolvimento em questões polêmicas,
especialmente as que possam ofender outras pessoas, não é
recomendado. A consultora lembra que a exposição negativa pode
fechar as portas de um emprego. “Os usuários devem encarar a rede
social como um currículo e colocar lá informações e fotos que
agregam valor à sua vida pessoal e profissional. Muitas empresas
fazem análise de perfil antes de contratar. A rede social é uma
aliada e deve ser usada com bom senso”, complementa.
Para
a empresária Tanila Mariele Dalmut as redes sociais se tornaram
aliadas na hora de contratar um funcionário. Dona de uma revista
voltada para noivas, ela afirma que faz uma avaliação prévia dos
candidatos a partir das informações postadas por eles nas redes.
“Fazemos uma rápida análise do perfil da pessoa para identificar
se ela tem interesses semelhantes aos nossos. Uma pessoa que reclama
muito da vida na internet, por exemplo, não combina com o nosso
produto e a nossa política de trabalho”, comenta. Conforme ela, o
perfil do candidato na rede social é avaliado antes mesmo da
entrevista. “Já vamos mais preparados para a conversa. De dezembro
a janeiro nós contratamos quatro pessoas e em todas as situações
levamos em conta o comportamento dos candidatos nas redes sociais”,
complementa.