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Reinventar o negócio para (sobre)viver

Fonte: Lais Taine/ Revista Mercado em Foco | Foto: Gabriel Teixeira

Quando o novo coronavírus começou a mostrar seu caráter de emergência no exterior, no início do ano, ninguém imaginava que chegaríamos à metade de 2020 ainda sem respostas. Foram muitas mudanças até agora e o mercado precisou se encaixar à nova rotina. Em Londrina, diversos estabelecimentos apostaram em modelos inovadores, adiantaram processos e descobriram que se reinventar é desafiador, mas fundamental para superar a crise.

Drive-thru, delivery, take away, os termos estrangeiros começam cada vez mais fazer parte do dia a dia do londrinense, como ficou também mais evidente a digitalização das empresas. O trabalho e ensino remotos exigiram adaptação para quem desenvolve e para quem participa. Foi o caso do Centro de Capacitação Empresarial (CCE) da ACIL, que, em tempo recorde, precisou se reestruturar. 

“O Centro de Capacitação é um importante recurso que a ACIL tem para se comunicar e apoiar o empresário na capacitação de suas equipes, como também é um dos serviços que ajudam a manter a entidade. Nós tivemos uma preocupação muito grande em não poder cumprir essa agenda”, afirma Rodrigo Geara, superintendente da ACIL.

Foram algumas semanas de paralisação até compreender que não adiantaria aguardar o retorno das atividades presenciais. “Começamos a buscar as alternativas e entender as possibilidades, plataformas para fazer a capacitação online”, revela.

O método escolhido foi por aulas transmitidas em tempo real, por ser mais próximo do que era executado anteriormente. “A gente tentou não descaracterizar a carga horária e a entrega de conteúdo entre facilitadores e alunos, o online em tempo real permite interação e troca”, comenta.

Considerando o modelo, foi preciso encontrar plataformas acessíveis nas duas pontas do processo. “A gente foi buscar quais eram as mais satisfatórias entre Skype, Zoom e Google, entre outras, e a gente foi avaliando qual tem a conexão mais fluída, leve, que não trava”, aponta.

O sistema virtual já era um desejo da entidade, e a pandemia veio para adiantar o processo e trazer novas possibilidades, como treinamento para colaboradores que estiverem em locais distintos.

Agora, os planos é trazer discussões que compreendam esse novo período. Como apoio, a ACIL também desenvolveu o Entrega Londrina, uma plataforma de marketplace que facilita a compra virtual. Com ela, as lojas têm mais uma alternativa para trabalhar com delivery em custos menores aos comerciantes. “Assim, a gente segue tentando inovar e trazer novas soluções em serviço e digitalização, e eu acho que esse é o caminho”, defende o superintendente.

Lives

O desafio no setor de turismo e eventos foi encurtar distâncias e ressignificar o conceito de estar junto. Nas lives de mais de 2 milhões de pessoas, convenções onlines à entrega de pratos de buffets consagrados, a palavra é criatividade.

O setor estima um retorno gradual das atividades a partir de setembro, com os eventos menores reagendados, seguindo as orientações da campanha “Não cancele, remarque”, do NOA (Núcleo Organizadores e Assessores de Weventos), do Programa Empreender, da ACIL.

Aos eventos corporativos, que contam com número maior de pessoas, foi apresentada outra alternativa. “Adiar ou digitalizar. Estamos realizando alguns eventos que são feitos em estúdio e as pessoas acompanham através de lives”, comenta Fabiane Rocha, coordenadora do NOA.

Toda boa reunião tem comida envolvida. Os buffets da cidade também contornaram a falta de eventos com o serviço de encomenda de pratos consagrados em seu estabelecimento por sistemas de delivery, take away ou drive-thru.

A ExpoLondrina 2020 foi cancelada, mas alguns shows fizeram sucesso nessa quarentena. No Brasil, algumas lives ultrapassaram a marca de 2 milhões de visualizações simultâneas. “As marcas têm muito interesse nisso, porque o alcance que elas conseguem em patrocínio para expor seus produtos é muito maior, é muito significativo, então penso que esses modelos vieram para ficar”, argumenta.

Não é a primeira vez que espírito de reinvenção, resiliência e criatividade foram requisitados. O NOA integra a governança de turismo da cidade e apresentou, através do Supera Covid-19, relatos de profissionais que passaram por situações extremas. “Quando você é colocado sob uma situação que te impacta, te obriga a mudar de direção, isso mexe com você e traz uma mudança de dentro para fora”, relata Rocha.

Nessa crise atual, ela vê um efeito a mais: a capacidade de digitalização. “Eu penso que isso dá um choque nos profissionais sobre o quanto é importante estar atualizado, entender ferramentas digitais, fortalecer relações de maneira digital. Enquanto o que não for possível, saber lidar com o que é possível.”

Festa em casa

Com quase 50 anos de história, o Buffet Planalto aliou tradição e modernidade no novo serviço que surgiu dessa pandemia: o Planalto em Casa. A entrega da sacola com ingredientes pré-preparados permite que os clientes revivam a experiência dos pratos do buffet a serem finalizados e consumidos em casa.

Lucca Chineze foi o idealizador do serviço e viu na proposta uma forma de diminuir a distância entre a empresa fundada pelo avô e os clientes. A última festa do espaço foi realizada no dia 14 de março, quando passaram a remarcar os eventos.

Desde então, estão com as portas fechadas, mas só para o público. “Depois de um tempo parados, eu chamei meu pai e falei para a gente tentar. Bateu uma insegurança, porque nunca fizemos isso antes. Na mesma semana a gente começou, porque já era a semana do Dia das Mães”, recorda.

A ideia é colocar os pratos mais pedidos no buffet em um menu semanal. Os clientes acessam o cardápio pelas redes sociais do estabelecimento e fazem a encomenda pelo site durante a semana para a retirada nas sextas-feiras ou sábados. “É uma forma de levar a experiência do Planalto para a casa”, esclarece Chineze.

Apesar de anos no mercado, ele revela que nem tudo foi tão simples. “A gente sofreu na primeira semana, não tinha muita noção de como era e, com o tempo, a gente foi aprendendo toda a logística de entrega, quem faz, quem empacota. Nada foi tão simples como a gente achou que seria”, confessa.

Desse tempo em atividade, o idealizador comenta ter tido retornos interessantes dos clientes. “Muita gente pedindo pratos específicos, estão com saudade ou com vontade. E até aqueles que nunca tiveram a oportunidade de provar, agora têm acesso aos pratos”, revela.

Chineze não sabe dizer se o serviço vai continuar após o retorno das atividades do buffet, mas pretende agregar outros produtos ao serviço. Para ele, essa é uma forma de manter o negócio girando e contribuindo para a comunidade. “Ajudar quem ajudou a gente a vida inteira, os colaboradores, preservar a empresa e contribuir com as empresas locais também. Muitos setores estão sofrendo com a pandemia, então acho que devemos fazer a nossa parte”, defende.

Novos modelos

O Shopping Catuaí, em Londrina, com três estações de drive-thru montadas no estacionamento, permitiu que os clientes adquirissem os produtos sem sair do carro. “De fato, foi a gente olhar para o consumidor e ver de que forma ele precisa consumir, e ver como a gente poderia ajudar nossos lojistas a se conectar com eles nesse ambiente para manter esse elo, que antes era físico”, menciona Diego Peralta, superintendente do shopping.

“A gente fez a primeira vez na Páscoa, de forma controlada, para as lojas com produtos que tivessem sinergia com a data, e teve um resultado superbacana. Alguns lojistas que já tinham o estoque comprado, e conseguiram acabar com ele, porque viram ali um modelo de negócio que poderia se consolidar”, comenta.

Atualmente, 125 lojistas aderiram ao modelo. O cliente se conecta com a marca e agenda um horário e estação para buscar o produto. “Teve uma marca que no mês de maio fez, através do drive, 25% do que ela faz normalmente”, aponta.

Sandra Lazari, gerente da Ri Happy do Catuaí Londrina, conta que tem tido retorno positivo mesmo com a reabertura do shopping. “É um formato seguro, visto que o cliente não precisa sair do carro. O drive-thru tem um horário ampliado, o que possibilita que os clientes passem para buscar seus produtos em horários alternativos, pois funciona todos os dias da semana das 11hs às 21hs, sem custos”, afirma.

A gerente comenta que, durante a quarentena, aumentou a procura por jogos para brincar em família. Nesse contexto, a marca adotou também o modelo ship from store, com lojas funcionando como pequenos centros de distribuição em apoio ao e-commerce. “Hábitos como esse, adquiridos durante a pandemia, com foco no digital, certamente vão durar mesmo depois que conseguirmos encontrar uma solução para a doença.”

Peralta não sabe dizer se as estações vão ser preservadas, vai depender da adaptação do consumidor. “No futuro, vai ter gente que vai comprar pela urgência. Liga para a loja e dali a 20 minutos passa para pegar o presente e ir para o aniversário. É um modelo que não vem para ocupar a receita de venda física, mas para colaborar como um incremento”, afirma.


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