Notícias

|

Relatório da OMC sobre protecionismo irrita Camex

Fonte: Valor Econômico

 

O governo brasileiro pode protestar contra o relatório da OMC que incluiu o Brasil entre os países que adotaram medidas protecionistas em resposta à crise, disse a secretária-executiva da Camex, Lytha Spíndola. Lytha acusa a OMC de dificultar a condenação ao protecionismo, a juntar medidas rotineiras como drawback e ações antidumping com pacotes protecionistas editados por grandes parceiros comerciais, como os Estados Unidos e a China.

 

O governo brasileiro pode protestar contra o relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC) que incluiu o Brasil entre os países que adotaram medidas protecionistas em resposta à crise, disse a secretária-executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Lytha Spíndola. Ela pediu ao Itamaraty para exigir a revisão do documento, divulgado no último dia 1º. Lytha acusa a OMC de dificultar a condenação ao protecionismo, ao misturar conceitos, juntando medidas rotineiras como drawback e ações antidumping com pacotes protecionistas editados por grandes parceiros comerciais, como os Estados Unidos e a China.

 

"Além de pôr alhos e bugalhos na mesma cesta, não foi feita uma triagem mais rigorosa", reclama. Lytha rejeita a inclusão, entre as medidas do relatório divulgado no início do mês pelo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, de seis decisões do governo brasileiro, entre elas o aumento dos limites de crédito do BNDES às empresas que, com a crise, se viram sem fontes externas de financiamento. "São linhas sem subsídio com prazos maiores e taxas superiores às existentes no mercado internacional para exportadores de outros países", argumenta.

 

A secretária estranha que, com a divulgação do relatório por Lamy, medidas tomadas pelo Brasil, como o início de investigações por dumping contra produtos chineses, apareçam listados com o mesmo destaque que medidas de forte potencial de distorção de comércio, como as regras nos EUA e na China para dar prioridade às compras de fornecedores locais.

 

O governo brasileiro insiste que, ao contrário do que considerou a OMC, a recente elevação das taxas de importação para diversos tipos de produtos siderúrgicos não pode ser comparada às reações protecionistas à crise. "Houve uma exceção à tarifa comum para esses produtos, há meses, como resposta à escassez no mercado interno. Agora voltamos ao normal", diz. "As tarifas estão em 10% e 12%, quando o país poderia praticar até 35% segundo os compromissos do Brasil na OMC", afirma.

 

Lytha não se conforma com a inclusão, entre as medidas apontadas pela OMC no Brasil, de iniciativas como o drawback integrado, que é apenas a simplificação da desoneração de impostos como o IPI e a Cofins sobre produtos de exportação, dos quais as exportações já são isentas. Entre as medidas do Brasil incluídas no relatório da OMC estão o socorro de liquidez ao sistema bancário providenciado pelo governo brasileiro. A preocupação do relatório, segundo o texto divulgado pela OMC, é mostrar medidas potencialmente capazes de distorcer o comércio e as condições de competição entre empresas locais e estrangeiras.

 

A reação à OMC iniciada na Camex enfrentará algumas dificuldades diplomáticas, já que o relatório toma o cuidado de dizer que a lista de medidas reproduzida no documento não implica um julgamento se determinada medida é ou não protecionista por intenção ou natureza. O texto alerta que a inclusão de medidas não pode ser tomada como uma avaliação sobre sua adequação aos acordos da OMC. No caso das medidas incluídas sobre o Brasil, a maioria foi comunicadas pela própria delegação brasileira à organização.


Compartilhe com o universo

Compartilhar Relatório da OMC sobre protecionismo irrita Camex no Facebook Compartilhar Relatório da OMC sobre protecionismo irrita Camex no Twitter Compartilhar Relatório da OMC sobre protecionismo irrita Camex no Linkedin

Deixe seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *