MARKETING DIGITAL – Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular, mostra como conquistar a classe média

Por Vinícius Bersi Entre 14 e 16 de outubro a ACIL realiza a III Semana do Empreendedor Digital. O evento, maior da área em Londrina, tem o objetivo de conectar […]

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Por
Vinícius Bersi


Entre
14 e 16 de outubro a ACIL realiza a III Semana do Empreendedor
Digital. O evento, maior da área em Londrina, tem o objetivo de
conectar os empresários às oportunidades disponíveis no universo
online. “É chegada a hora de perceber o e-commerce como uma chance
de sucesso de um negócio e não apenas como um concorrente”,
destaca Barbara Della-Libera, analista de Marketing da ACIL.


Durante
a Sed vão ser realizadas palestras com profissionais reconhecidos na
área de Marketing Digital; Daniel Zanco, da Universo Varejo, Felipe
Osório, da Google e João Kepler, da Anjos do Brasil estão entre os
palestrantes. Além das palestras, os participantes realizam oficinas
de estratégia de Marketing.


O
encerramento no dia 16 é com Renato Meirelles, presidente do
Instituto Data Popular, que se dedica a pesquisas sobre o
comportamento e desejos da classe C. Meirelles vai apontar os
caminhos para os empresários se aproximarem do segmento de mercado
que atualmente concentra 108 milhões de brasileiros. A classe média
responde pelo consumo de R$ 1,24
trilhão
por ano.


A
Mercado em Foco
antecipa parte dessa conversa na entrevista abaixo. Boa leitura!



Mercado
em Foco: Como as vendas pela modalidade e-commerce se distribuem
entre as classes sociais? Qual é o peso da classe C?



Renato Meirelles:
A maioria que compra pela internet é jovem, a geração mais
conectada, tem entre 16 e 24 anos e pertence à classe C. Em 2013,
11,3 milhões de pessoas da classe média fizeram compras pela
internet.


Mercado
em Foco: O que o consumidor da classe média espera da empresa que
vende pelo e-commerce?


Renato
Meirelles:
A
classe média vive num momento de otimismo. E, para se comunicarem
com o consumidor emergente, as empresas precisam buscar uma linguagem
que valoriza suas conquistas, respeite sua visão de mundo e dialogue
com seus anseios e valores.


Mercado
em Foco: Os empresários já perceberam a importância de se conectar
com esse público também pela Web?


Renato
Meirelles:
A
democratização do consumo no Brasil, alcançada graças à expansão
do crédito, é uma das maiores oportunidades para as marcas
conquistarem novos públicos, principalmente, a classe média, que
hoje em dia tem acesso a bens que antes eram considerados
inalcançáveis.


Mercado
em Foco: As empresas conhecem o público? Há preconceitos em relação
a este consumidor?


Renato
Meirelles:
O
produto ou serviço que mostrar relevância ao consumidor tende a
sair à frente. Sendo assim, é indispensável entender os valores
destas pessoas e dialogar sem preconceito com a classe média que
compra, e compra bem.



Mercado
em Foco: Qual a importância de iniciativas que aproximam o
empresário do mundo digital como a SED (Semana do Empreendedor
Digital), promovida pela ACIL?


Renato
Meirelles:
Entender
as várias faces deste público é fundamental para que empresas e o
poder público desenvolvam estratégias mais eficientes de Marketing
e Comunicação, afinal estou falando de mais de 100 milhões de
pessoas.




Mercado
em Foco: Pode-se dizer que o crescimento da classe média no Brasil
já está estagnado e que a tendência agora é de desaceleração?


Renato
Meirelles:
A classe média
se consolidou e continuará em expansão nos próximos anos. Hoje,
temos uma classe média mais robusta, formada por cerca de 114
milhões de pessoas, que movimentam por ano cerca de R$ 1,24 trilhão.
Em 2023, 58% da população brasileira deverá pertencer à classe
média.



Mercado
em Foco: Nesse cenário, o que muda no comportamento do consumidor,
em especial no ambiente online?


Renato
Meirelles:
O acesso à
informação e o aumento do consumo tornaram os brasileiros mais
exigentes e conscientes dos seus direitos como consumidor. Quando
compra um produto com defeito, as pessoas reclamam e usam a internet
como canal para reclamar da marca.



Mercado
em Foco: O consumidor que passou a ter acesso ao crédito nos últimos
anos já tem uma relação mais madura, mais racional, com o
dinheiro?


Renato
Meirelles:
Com
a expansão da classe média, a oferta de produtos, serviços e
soluções tem aumentado significativamente. É importante entender
que, apesar do aumento, a renda disponível tem uma limitação e os
espaços no “bolso” do consumidor estão cada vez mais
disputados. Mas não é por isso que o consumidor da Classe C deixa
de valorizar um produto de qualidade. Ele não só valoriza, como o
compra.


Mercado
em Foco: O endividamento das famílias é preocupante? E a
inadimplência?


Renato
Meirelles:
Nossas
pesquisas mostram que os brasileiros acreditam que está mais difícil
pagar as contas. A maioria não consegue comprar hoje o que comprava
ano passado gastando o mesmo valor. Inflação é sempre muito ruim,
mas enquanto tivermos aumento real do salário mínimo a classe média
está consolidada.



Mercado
em Foco: Uma das críticas feitas a este modelo de inclusão social
pelo consumo é de que não há promoção da cidadania. Você
concorda?


Renato
Meirelles:
Nos últimos
anos, o Brasil tem passado por uma das mais profundas mudanças de
sua história. A pirâmide de classes econômicas se transformou em
losango com o crescimento da classe média e isso favoreceu a classe
C ser mais exigente, principalmente no que diz respeito aos serviços
públicos.



Mercado
em Foco: Existe a ideia de que o bem de consumo como a máquina de
lavar chegou para quem estava privado pela pobreza mas que os bens
culturais e a educação ainda não fazem parte da rotina da nova
classe média. Qual é o valor dado pela classe C à cultura e à
educação?


Renato
Meirelles:
O
brasileiro em geral não encara educação como gasto mas, sim, como
investimento, e acredita no retorno disso. Ou seja, estudou mais, tem
salário melhor. Por mais que cada vez seja mais caro investir em
educação, também é verdade que é um investimento com retorno
garantido. Hoje, na classe C, temos
jovens mais escolarizados do que os pais. Eles são os novos
formadores de opinião da classe média.



Mercado
em Foco: Na agenda política quais são as questões que mais
preocupam a classe C? O que se espera dos próximos governantes?


Renato
Meirelles:
Os
brasileiros estão mais preocupados como será a sua vida no futuro
do que com os benefícios já conquistados até agora. Querem ter a
segurança de que a vida continuará melhorando. É muito claro que
toda a população quer um Brasil diferente do que está hoje.


Mercado
em Foco: Você e o Celso Athayde estão lançando o livro
“Um
país chamado favela”.
Como
foi o processo de produção do livro?


Renato
Meirelles:
Além
da pesquisa quantitativa, fizemos pesquisas qualitativas nas favelas
brasileiras, buscamos entender como os moradores enxergavam a vida
nas comunidades em que vivem, quais são os seus anseios e demandas.
Também treinamos mais de 100 moradores para que pudessem trabalhar
em etapas da pesquisa. Da preparação ao término da pesquisa foram
mais de seis meses de colaboração.



Mercado
em Foco: Que respostas o livro traz? O que você destacaria?


Renato
Meirelles:
Chamou
muita a nossa atenção quando descobrimos que 95% dos moradores das
favelas são felizes e a grande maioria não tem vontade de deixar a
comunidade onde vivem para morar em outro lugar nem se a sua renda
dobrasse. Na favela, quando um precisa, todo mundo ajuda todo mundo.
Eles são solidários. Os moradores são otimistas
em relação ao futuro. E essa melhora está associada,
principalmente, ao aumento da renda e da geração de emprego.



Mercado
em
Foco: O
que existe de parecido e de diferente entre as comunidades que vocês
visitaram? Qual é a diferença, por exemplo, entre uma favela
carioca e uma favela paulistana?


Renato
Meirelles:
Apesar
de muito heterogêneas, as favelas estão relativamente concentradas
em torno das grandes cidades. Mais do que um fenômeno urbano, as
favelas são um fenômeno metropolitano: 89% dos moradores de favelas
estão concentrados em capitais ou regiões metropolitanas.
Encontramos
nas favelas um brasileiro feliz, trabalhador, que chama pra si a
responsabilidade sobre a própria vida. 

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