Pequenos empresários, grandes exemplos

Fonte: Lucas Marcondes – Revista Mercado em Foco – ACIL Se ainda existe alguma dúvida sobre o papel fundamental dos pequenos negócios para a economia brasileira, a compilação de dados […]

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Fonte: Lucas Marcondes – Revista Mercado em Foco – ACIL


Se ainda existe alguma dúvida sobre o papel fundamental dos
pequenos negócios para a economia brasileira, a compilação de
dados feita pelo Sebrae para a campanha Compre do Pequeno Negócio
derruba qualquer tipo de questionamento. De todas as empresas do
País, mais de 95% são pequenos negócios. Percentual este que
representa 10 milhões de empreendimentos. Juntos, eles geram 27% do
Produto Interno Bruto (PIB) nacional e mantêm 17 milhões de vagas
com carteira assinada, sendo que 52% das vagas formais de emprego
estão em pequenos negócios.

Em Londrina, é fácil notar exemplos práticos que contribuem
para a dimensão desses números. Duas vias da cidade são a cara do
pequeno negócio. A Rua Sergipe, no Centro, e a Avenida Saul Elkind,
na Região Norte. O estado brasileiro que dá nome à Rua Sergipe é,
territorialmente, o menor do País. A rua, por sua vez, tem enorme
representatividade para o varejo local e serve como um termômetro
para medir as intenções de compra do consumidor. Na Sergipe também
estão peças fundamentais da história de Londrina. Entre elas, o
Museu de Arte de Londrina. Projetado por Vilanova Artigas. O espaço
já abrigou a Rodoviária e é um dos marcos da arquitetura
modernista na cidade.

Estando no Museu de Arte, basta atravessar a rua para entrar na
loja de Rafael Teló. Vindo de São José do Rio Preto, no interior
de São Paulo, o diretor comercial do empreendimento conta que a Mega
Jeans está naquele ponto desde 2003. Teló participa há um ano do
projeto Nova Sergipe, uma união de esforços que tem sido
desenvolvida desde 2009 por comerciantes da rua para revitalizar a
via e torná-la mais atrativa para os compradores.

Quando recebeu a reportagem da Mercado em Foco, o empresário
voltava de uma reunião da Nova Sergipe, onde havia avaliado a mais
recente edição do Dia da Sergipe, data em que quarteirões são
fechados para atrações que fomentam as compras e também realçam a
importância da via. Os resultados foram positivos, segundo ele.
Porém, Teló acredita que a adesão dos lojistas a estas iniciativas
poderia ser ampliada. “É utópico achar que necessariamente todos
vão participar, mas não devemos nos lamentar por aqueles que não
participam. Temos que fazer acontecer com aquilo que está
disponível”, analisa Rafael Teló.

Da Saul Elkind, a empresária Melina Benin, proprietária da Kid’s
Shop Moda Infantil, também cobra união de esforços dos colegas
lojistas que trabalham na via mais importante da região mais
populosa de Londrina. Em 2014, ela esteve à frente da Liquida Saul,
uma promoção abrangente que movimentou o comércio da Avenida.
Neste ano, não houve oportunidade para realizar mais uma edição da
iniciativa. Mesmo assim, daquele pontapé inicial ficou a experiência
que a empresária espera que seja repetida. “O Liquida Saul foi um
marco para fortalecer o pequeno negócio, porque é ele que move a
região e gera empregos. Pela primeira vez, vimos o comércio da
avenida mobilizado”, afirma Melina.

Um bom exemplo da união dos pequenos negócios vem do Arranjo
Produtivo Local de Tecnologia da Informação e Comunicação (APL de
TIC) de Londrina e região. “O APL fomenta muito o mercado.
Iniciativas como treinamentos, palestras, cursos e viagem saem de
discussões de dentro do APL. Isso é interessante para as empresas
porque o APL se torna um gerador de oportunidades”, comenta o
empresário Carlos dos Santos, de Cornélio Procópio, proprietário
da CDS Informática. Ele está no ramo desde 1996, época em que, de
acordo com ele, falar sobre inovação no ambiente de negócios era
tratado com estranheza. “Éramos vistos como alienígenas; o
ambiente era muito mais complexo; hoje, é muito mais dinâmico”.

Otimismo para sair da crise

Nesses dias em que a economia está cambaleando, é consenso entre
especialistas e empresários que a capacidade de inovação dos
pequenos negócios é preponderante para ajudá-los a superar o
momento difícil. O gerente regional do Sebrae em Londrina, Heverson
Feliciano, avalia que o cenário pode servir para uma reviravolta
positiva. “A pequena empresa tem uma facilidade maior para se
adequar à realidade, uma criatividade maior para inovar, lançar um
novo produto, mudar uma forma de atendimento”. Ao mesmo tempo,
Feliciano lembra que o empresário precisa estar munido de todos os
dados e análises para fazer escolhas conscientes. “É importante
que o empresário tenha a empresa na mão. Ou seja, que busque
informações com o seu contador, com o Sebrae e com a ACIL para que
ele saiba o que tem acontecido com a economia e como está a gestão
da empresa dele. Assim, ele pode tomar boas decisões”.

O empresário Roberto Yabe, proprietário da Yabe Alumínios, na
Região Sul de Londrina, não se reprimiu com as manchetes negativas
do noticiário econômico. Pelo contrário: investiu. A empresa, que
pertencia ao pai, está no segmento de alumínios desde a década de
1980. Conforme Yabe, o crescimento vertical de Londrina é mercado
fértil para o uso desse tipo de material. Porém, depois de ver o
número de orçamentos cair, o empresário decidiu apostar em novas
ideias para enfrentar a onda de recessão. “É fundamental
pensarmos em alternativas para superar essa crise. Somos muito
focados na produção e agora vamos fomentar a atividade comercial da
empresa: sairemos um pouco da fábrica e também seremos
comerciantes. Vou contratar um representante e abrir uma loja com um
showroom, o que não tínhamos antes”, detalha Roberto Yabe.

A loja de Melina Ribeiro começou a inovar bem antes de a economia
nacional entrar nesta fase ruim. Descontente com o antigo ponto, o
empreendimento se mudou para a Saul Elkind em 2013. Com a mudança, o
negócio se repaginou graças ao trabalho de um designer contratado
pela empresária. Atualmente, ela se movimenta para que o comércio
continue atrativo para os compradores. “Temos tentado minimizar os
efeitos negativos. Diminuímos as compras, mas focamos em produtos
que têm mais saída. Também vamos fazer muitas promoções. Estou
em busca de tudo o que o Sebrae me proporciona para ver se consigo
uma saída estratégica”, projeta a empresária.

Atendimento
de valor

Os empresários ouvidos pela Mercado em Foco afirmam
também que o atendimento personalizado, que fideliza os clientes, é
mais um diferencial dos pequenos negócios que pode ser
potencializado dentro do atual contexto econômico. “O que
diferencia as empresas hoje é o bom atendimento. Isso faz com que as
empresas cresçam ou não”, diz Carlos dos Santos, da CDS
Informática. Melina Ribeiro conta que tocar um negócio próximo a
bairros é uma experiência gratificante. “Temos vários clientes
assíduos que se tornam amigos. Quando conseguimos fidelizá-los,
eles não vão comprar em outro lugar”.

O gerente regional do Sebrae, Heverson Feliciano, confirma: “O
cliente percebe a diferença ao ser chamado pelo nome; ao receber uma
ligação dizendo que o produto que ele aguardava chegou. Isso o
pequeno negócio consegue fazer com uma facilidade maior”. Ele
observa que a atuação em públicos específicos também significa
vantagem para o pequeno empreendimento. “Se o pequeno negócio
puder atuar em nichos de mercado, ele vai ser mais competitivo e
conseguir se diferenciar. É definir quem é o público alvo e também
agregar valor ao serviço”. Por fim, uma dose de coragem também é
bem-vinda para enfrentar o ciclo negativo e alavancar os negócios.
“Nos meses em que nos acovardamos, as vendas foram piores”,
afirma Rafael Teló.

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