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Selic vai a 9,25%, mas juros ao consumidor seguem altos

Fonte: Folha de Londrina

Confirmando as expectativas do mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) baixou a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 10,25% para 9,25% ao ano. O anúncio foi feito no final da tarde desta quarta-feira (26), no encerramento da reunião que havia começado na véspera. Esta é a sétima queda consecutiva e a primeira em quatro anos que a taxa fica em um dígito. A trajetória descendente da Selic teve início em outubro de 2016, quando baixou de 14,25% para 14% ao ano.
Economista, professor da Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR) e colunista da FOLHA, Marcos Rambalducci comemora a decisão, mas afirma que gostaria de ter sido "surpreendido positivamente" com um corte de 1,25 ponto porcentual. "A gente ainda tem uma taxa real muito alta. Tirando a inflação atual de 3% (dos últimos 12 meses), o juro real é de 6,25%, muito alto para a economia brasileira", avalia. 

Na opinião dele, para não ser mais agressivo, o Copom leva em conta o aumento da inflação nos próximos meses, devido à alta dos combustíveis e da energia elétrica. "Devemos entrar em bandeira vermelha em agosto, quando devem ser ligadas as usinas termoelétricas e o preço da energia vai subir", justifica. Em relação aos combustíveis, nesta quarta-feira o governo conseguiu derrubar a liminar que havia suspendido o aumento dos impostos decretado semana passada (leia mais na página 3). "Também não podemos deixar de computar que, talvez, não consigamos segurar os preços dos alimentos no nível atual", complementa o economista. 

Rambalducci compartilha a expectativa geral do mercado de que a Selic chegará a 8% ao final deste ano. Mas, caso a inflação se mantenha em 3%, cobra um corte maior. "Aí tem de baixar para 7,75%." 

AO CONSUMIDOR 
Embora a taxa básica esteja em queda constante desde outubro de 2016, os juros para o consumidor ainda estão muito altos. De outubro até o mês passado, a Selic tinha caído 27%. No mesmo período, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a taxa média para pessoa física baixou apenas 10%, de 157,47% para 141,83% ao ano. 

Questionado sobre o descasamento tão grande entre a baixa da Selic e os valores cobrados pelo mercado, o diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da entidade, Miguel José Ribeiro de Oliveira, diz que a taxa básica é apenas um dos itens que compõem os juros finais. "Além da Selic, que é o custo de captação do dinheiro pelo banco, temos os impostos embutidos nos juros, temos as despesas administrativas das instituições financeiras, temos o lucro delas e, o mais importante, o risco da inadimplência", afirma. 

Ele estima que a inadimplência tem um peso de 32% na formação dos juros. Já os impostos e o custo de captação pesam 20% cada; as despesas administrativas, 1%, e o lucro dos bancos, 27%. Questionado se esse lucro não é muito alto, ele responde que "tudo está alto" e destaca: "Os impostos não vão cair, os lucros não vão diminuir, as despesas administrativas e os riscos, na atual conjura econômica, também não. Só resta aos bancos repassar ao tomador a queda da Selic", alega. 

O diretor ressalta que os brasileiros só terão juros decentes quando o desemprego diminuir, a renda das famílias aumentar e, consequentemente, a inadimplência despencar. 

RITMO 
Em comunicado divulgado ao fim da reunião do Copom, o Banco Central disse que a "extensão do ciclo de cortes vai depender de fatores conjunturais e das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira". A manutenção do ritmo de corte, segundo a autoridade monetária, vai depender da evolução da "atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação".


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