Enquanto a Prefeitura de Londrina prepara o projeto de dois novos parques industriais públicos com toda a infraestrutura necessária para suprir a falta de espaços para novos empreendimentos na cidade, empresários de um outro complexo, particular e criado em 1997, reclamam de abandono e buscam um acordo com o Executivo para ter ao menos as ruas do local asfaltadas. Sem direito a galerias pluviais ou mesmo a um acesso seguro a partir da avenida Brasília, o Parque Industrial Buena Vista, na saída da cidade para Ibiporã, continua com a maioria dos lotes vazios ou com placas de venda.
Pela lei municipal de 1997, não havia exigência para que a loteadora fornecesse toda a infraestrutura, mas apenas canos de água, iluminação pública, cascalho sobre as vias e arborização. A responsável pelo complexo considera que faltam apenas questões burocráticas para cumprir as etapas, o que não significa que o Buena Vista seja atrativo para novas indústrias. Porém, segundo a prefeitura, o Poder Público não pode investir em benfeitorias em um loteamento privado.
São hoje 42 empresas com mais de 300 trabalhadores no local, conforme a Associação dos Amigos e Empresários do Parque Industrial Buena Vista (Associbuena), e todos enfrentam problemas até para chegar ao trabalho. De carro, é preciso fazer o contorno por dentro de Ibiporã e se arriscar a cruzar a alça de acesso da rodovia BR-369 para chegar à única entrada do local. De ônibus, deve-se atravessar a avenida Brasília a partir do ponto que fica em frente ao Ceasa, sem passarela.
Quando chove, as vias de terra e sem meio-fio, já esburacadas, transformam-se em lamaçais e dificultam o tráfego até de caminhões. Como a área é em um declive e não há galerias pluviais, o cascalho precisa ser reaplicado várias vezes ao ano. Com o tempo seco, a poeira dá um ar mais rural do que industrial ao parque.
O presidente da Associbuena, Jorge Enrique Aburaya, enviou três requerimentos à prefeitura para pedir por uma solução, desde janeiro de 2013. Ele afirma que considera boa a política municipal de criar parques industriais para atrair empresas, mas considera que é preciso corrigir erros de administrações passadas para não prejudicar quem já investiu na cidade. "Se tivesse mais infraestrutura aqui no parque, com certeza teríamos mais empresas instaladas aqui hoje. São muitos terrenos vazios", diz Aburaya.
Para ele, há ainda descaso em relação aos funcionários, que precisam se arriscar em horários de pico para cruzar a rodovia. "Se passasse um ônibus do lado de cá da rodovia, mesmo que só de manhã e à tarde, já estaria bom."
Responsável pelo loteamento, a Porto Bello Imóveis considera cumpridas as exigências para fornecimento de água e iluminação pública, além de cascalho ou moledo nas vias. Porém, uma área que corresponde a mais de 30 lotes de 1,2 mil metros quadrados, cada, ainda não pode ser comercializada e segue vazia, enquanto a empresa não entra em acordo com a prefeitura para a cessão ou comodato de uma caixa d’água para o complexo. "Faltam apenas questões burocráticas", diz o diretor da Porto Bello, Rodolfo Lessa.
Mesmo que a lei de 1997 não garanta infraestrutura básica, segundo o Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel) e a Secretaria de Obras e Pavimentação, não cabe ao governo municipal investir em um loteamento privado. Porém, há interesse em discutir uma solução com todos os envolvidos. "Queremos trabalhar para melhorar a vida do empresário londrinense, mas não é fácil, porque Londrina não cuidou da industrialização nos anos anteriores", diz o presidente da Codel, Bruno Veronesi.