Setor de eventos busca se reinventar para retomar as atividades em Londrina

Fonte: Assessoria ACIL Como reinventar um setor que depende essencialmente de reunir pessoas? Este é o desafio de quem trabalha com eventos em tempos de pandemia. Apesar da queda no […]

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Fonte: Assessoria ACIL

Como reinventar um setor que depende essencialmente de reunir pessoas? Este é o desafio de quem trabalha com eventos em tempos de pandemia. Apesar da queda no faturamento, há muita gente mostrando que é possível encontrar soluções criativas, ao mesmo tempo em que a Governança de Turismo de Londrina vem se empenhando para uma retomada responsável das atividades. 

Para falar sobre o assunto, a ACIL realizou uma live no Instagram, nesta sexta (22), com Fabiane Rocha, coordenadora do Núcleo de Organizadores e Assessores de Eventos (NOA), que integra o Programa Empreender da ACIL. O tema é O Mercado de Eventos e os Desafios Atuais. Confira: 

Os eventos lidam diretamente com pessoas. A pandemia atingiu diretamente o setor de eventos de uma forma muito rápida. Como é que vocês estão tratando desta situação?

Começou em março, quando a gente teve que fechar no dia 16. Os eventos lidam diretamente com o público, com aglomeração, que é a principal proibição do momento. Os profissionais têm trabalhado com o adiamento dos eventos. Nós fizemos até uma campanha pelo NOA, com diversos profissionais, para não cancelar eventos, mas remarcar para minimizar o impacto econômico. Os profissionais têm trabalhado com adiamentos, negociações com bufês, outros fornecedores, locais, planejando quando será possível essa retomada. Nós ainda não temos uma data específica para voltar, depende ainda de alguns índices de saúde.

Alguns segmentos foram retomando as atividades. E os eventos não tem uma data para retorno. O que vocês estão fazendo? Como é possível se reinventar? 

Nós temos trabalhado no digital, que é a ferramenta possível no momento, com vários programas que permitem reuniões online com clientes, com nós mesmos, com fornecedores. Temos dois formatos atuais. Um é o evento digital, com a pessoa fazendo às vezes na própria casa, ou com estúdios, com profissionais de audiovisual que montaram estúdios para transmitir. A outra pegada é o evento drive-in. Nos Estados Unidos já ocorreram algumas raves, em Curitiba tivemos com o restaurante Madalosso, com cinema… Aqui em Londrina temos várias solicitações de igrejas, de eventos, e estamos trabalhando na formatação para regulamentar junto à Prefeitura. É preciso usar as possibilidades que nós temos até que possamos voltar aos eventos presenciais. Não substitui, é importante frisar isso. Os eventos presenciais têm momentos de networking, contato, café, abraço. Mas nós temos que saber lidar com a situação e fazer uma adaptação.

Existem possibilidades de reinvenção para todos?

Existem. Desde o home office, que você pode gravar na sua casa e no seu escritório, até eventos maiores. A tecnologia está a nosso favor. E precisamos explorar isso neste momento. Captar o lado bom de cada situação. O lado difícil a gente já sabe, a questão é partir para medidas práticas que possam nos atender no momento. 

São mecanismos que já existiam, mas não eram tão utilizados. E hoje a gente vê uma movimentação muito grande.

Exatamente. Os artistas também estão se reinventando. Outro dia estava assistindo um trabalho com grandes players de shows no Brasil e eles diziam que já tinham esses projetos, mas é aquela coisa, precisa chegar nesse ponto para dar o start. Os patrocinadores continuam atuando. Eles perceberam que existe espaço para isso. Também não substitui a emoção de um show pessoalmente, mas eles conseguem atingir um número de pessoas que presencialmente não atingem. Penso que, quando voltarmos, os shows presenciais vão continuar, mas esse é um nicho que vai continuar.

Você pode citar alguns exemplos de reinvenção que você tem percebido?

A gente tem visto muita coisa. É impressionante como o brasileiro é criativo. Diante da dificuldade, essa veia empreendedora salta. A dificuldade é incômoda, mas tira a gente da zona de conforto. Nós temos eventos, mas pertencemos ao setor de turismo, que é o mais afetado por essa pandemia. Tenho alguns colegas de bufê, por exemplo, que passaram a fazer entregas. Os restaurantes também estão trabalhando com take away e drive thru. Tem um bufê aqui na cidade que fez um esquema de drive thru, outro tem entregas, e tem sido um sucesso. Eu comprei dois tipos de produtos e fiquei muito satisfeita. Realmente as pessoas estão se reinventando. Quando voltar, eu acho que eles vão continuar também com esse nicho. Tem alguns profissionais de Londrina que trabalham com recreação, com a parte lúdica, em eventos. E, neste momento, eles criaram vídeos lúdicos sobre cuidados para empresas, residências, crianças e idosos.

Você falou da qualidade do produto entregue por delivery, e é importante porque essas marcas vão ficar gravadas para o consumidor quando tudo voltar. Principalmente essas que estão se fazendo presentes.

Quem está presente e cultiva a qualidade num momento desses, com certeza vai ser mais lembrado. Se você está acostumado com um padrão de qualidade e a empresa entrega algo aquém disso, você se decepciona. Mas se ela te surpreende, reforça o que já tem de positivo e você pode continuar usando a marca dessas empresas com outras propriedades. 

A gente tem visto em outros lugares o movimento do drive-in. O que a gente tem em relação a isso para Londrina?

Aqui temos uma igreja que realizou um culto nesse formato. Na última semana, teve um movimento de pessoas pedindo junto ao prefeito a regulamentação disso. O drive-in vem com força, é uma possibilidade no momento. Nós temos organizadores de eventos já se movimentando nesse sentido. Nos EUA teve uma rave com as pessoas dentro do carro. As medidas norteadoras são de distanciamento social, higienização pessoal, sanitização, comunicação, monitoramento, alimentos e bebidas. Nós ainda estamos construindo esse material, mas num evento drive-in, quem tiver dentro dos carros pode sair para pegar algo, como um take away, ou ter alguém que venha servi-lo no carro, como um delivery. Com máscara, álcool e todo o protocolo que a saúde pede. Começamos a construir esse material para ser submetido brevemente à Prefeitura.

Vocês têm trabalhado num manual de protocolos para uma retomada cuidadosa. Como está essa movimentação?

Nós temos em Londrina, desde o ano passado, a Governança do Turismo, um grupo que já está trabalhando e é composto por entidades como ACIL, Sebrae, Londrina Convention Bureau, Adetur, Paraná Turismo, Sesc, Senac, Abrasel, AMEH (Associação dos Meios de Hospedagem) e a UEL, que é um grande ícone da nossa cidade. Essa governança já organizou alguns eventos na cidade e está com uma campanha chamada #SuperaCovid19, onde a gente traz medidas práticas, como linhas de crédito, direito trabalhista e vários depoimentos de pessoas que superaram a Segunda Guerra Mundial ou a Geada Negra. São pessoas que inspiram a gente com motivação para o empresariado atual, para que as pessoas saibam que, apesar do momento extremamente difícil que estamos passando, nós vamos superar isso. No momento, essa governança está trabalhando pela retomada de eventos junto às entidades públicas, como a Codel, que faz parte da governança, e tem sido um trabalho importante. Tivemos com o prefeito, junto com uma liderança de empresários. A ideia é unificar o setor e ter a mesma linguagem numa política público-privada. Não queremos ter uma data exata de retorno. Queremos algo responsável e organizado. Foi para o prefeito saber da importância do setor, para que, assim que os índices apontarem que nós temos condições de retornar, nós voltaremos gradativamente. Estamos construindo esse material, partindo do digital e do drive-in, que estão em pauta, e na sequência os presenciais, por porte e perfil de evento. O Sebrae tem sido um apoiador, com uma consultoria, ajudando a governança nisso. Nós temos uma pesquisa que foi aplicada recentemente. A cadeia de turismo e eventos é uma economia limpa. E o Londrina Convention Bureau aplicou essa pesquisa. No Brasil, nós temos 52 segmentos dentro do trade. A pesquisa em Londrina foi com 247 empresas do setor, e 34 segmentos responderam, incluindo a hotelaria. Nós tivemos um faturamento de mais de R$ 150 milhões em 2019, gerando 3.500 empregos diretos e indiretos. Então é um setor muito representativo. Com a pandemia, nós tivemos 105 eventos cancelados. A maioria, a gente tentou adiar. Isso deixa de injetar em torno de R$ 11 milhões na economia. Tivemos uma queda na receita de 70% a 100%. O que nós estamos buscando é trabalhar com os digitais e regulamentar o drive-in até que a gente possa fazer a retomada. Eu acredito que é possível, a ACIL liderou o movimento do comércio com todas as medidas, e o comércio se mantém aberto. A gente busca esse equilíbrio entre saúde e economia.

É muito importante essa campanha que vocês lançaram no início para não desmarcar o evento, mas adiar. Qual a melhor forma de negociar para as pessoas que têm eventos marcados? O que você orienta?

Nós temos orientado os nossos clientes a não cancelar. Quando é um sonho da área social, como casamento, 15 anos, a pessoa planeja tudo aquilo. O ideal é jogar um pouco mais para a frente, mas realizar. No caso do corporativo, envolve muita agenda de palestrantes, voos, passagens aéreas, não dá para arriscar. Mas não cancele. Primeiro, para você continuar com a realização do seu sonho, do seu projeto. E também porque todo o setor depende disso. É uma cadeia muito grande. A nossa recomendação é conversar com o organizador para ver possíveis novas datas, com todos os envolvidos. Dá para reorganizar. Junho a gente já sabe que não dá, mas vamos vendo os demais meses, vivendo um tempo de cada vez. Como este cenário muda muito, podemos ter um fato positivo. E, felizmente, embora tenhamos casos e óbitos, Londrina é muito bem assistida. Nosso cenário é bem positivo perto de outros lugares.

O mais importante é rever o modelo de gestão, o relacionamento com o mercado, as possíveis parcerias e a movimentação com o cliente. Essas frentes são fundamentais agora?

O corona veio para empurrar de vez a digitalização. As pessoas falavam em transformação digital, mas ainda não era uma prática para muitos. Isso nos obriga a sair da zona de conforto e rever nossos processos de trabalho. A parceria é algo fundamental. Eu só queria reforçar que esse material de protocolos que nós fizemos está em construção. Após ser finalizado, será submetido à análise do COESP e, depois, a prefeitura faz uma devolutiva. A ACIL vai nos ajudar com isso, porque já tem o know how com o comércio. Vai ser um documento minucioso, estamos nos baseando em vários decretos.

Como tem sido o diálogo com o prefeito?

Ele foi receptivo e deu a visão realista de que em maio e junho será muito difícil, até porque em julho temos outras questões de saúde que impactam e tomam os hospitais, como a influenza, a H1N1 e insuficiências respiratórias. Em agosto, a pandemia deve atingir o platô e começa a declinar, lembrando que é uma estimativa baseada em ciência. Esse movimento das entidades é muito importante. A ideia é unificar para caminharmos juntos.

 

Você acha que é possível recuperar esse déficit nos eventos?

O que foi adiado, minimizou o impacto. Então é possível continuar movimentando. O que pode acontecer é que, em 2021, e mesmo no último trimestre de 2020, vai haver um grande fluxo de trabalho. Nesse período em que ficamos parados, o que foi cancelado não tem como recuperar. Gerou uma queda de renda, teve um impacto econômico. O que a gente tem buscado é minimizar esse impacto, buscando uma parcela de fonte de renda com a reinvenção. 

Em caso de retomada, o setor terá o desafio de deixar as pessoas confortáveis para frequentar os eventos. 

Vai ser um desafio grande. Nenhuma noiva que se planejou para 200 pessoas vai querer ter apenas 30. Se você faz um evento para 50, não vai querer ter só 5. No corporativo, existem objetivos de negócios. No social, as pessoas passam a vida sonhando com aquele momento. Existe toda uma cautela. Por isso, a volta tem de ser de maneira responsável e organizada, para deixar os convidados tranquilos. No meio do caos também surgem oportunidades de novos negócios. Nesse momento, mais do que nunca, a governança tem trabalhado muito. A nossa grande pauta é buscar uma retomada consciente, até nos apoiamos em modelos que já vêm dando certo. Temos buscado fazer o melhor. Nós vamos sair mais fortalecidos disso, tenho certeza.

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