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Em meio à pior crise econômica dos últimos 25 anos, empresas tentam manter projetos sociais intactos

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Fonte: Revista Mercado em Foco – Mariana Ferreira Lopes


Não é segredo que uma profunda crise econômica como a que
assola o País maltrata a população, obriga a grande maioria das
famílias a refazer hábitos e redimensionar orçamentos. Com as
empresas, a dinâmica não é muito diferente. Alguns ajustes são
necessários para driblar os momentos de turbulência econômica e
seguir adiante.

Alguns setores, porém, permanecem intactos quando o assunto é
corte de despesas. E em alguns casos isso pode ser uma questão de
honra, como é o caso das ações de cunho socioambiental e de
responsabilidade social. Mesmo entre raios e tempestades, o
empresariado londrinense não suspendeu os projetos que visam
amenizar as diferenças sociais e continua a colaborar com a
sociedade para melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas e
oferecer um meio ambiente mais harmônico.

A Unimed Londrina está entre as empresas que mantiveram seus
projetos sociais. “Mesmo na crise, não tem como cortar esses
projetos. É uma forma de ajudar as pessoas, além de ser uma
contrapartida da empresa para a sociedade”, afirma Ligia Favioli,
assistente de responsabilidade social do sistema. Entre as
iniciativas que se mantêm a todo vapor está o “Bosque da Vida”,
projeto realizado em parceria com a ONG Meio Ambiente Equilibrado
(MAE) e o Laboratório de Biodiversidade e Restauração de
Ecossistemas da Universidade Estadual de Londrina (Labre/UEL). Nele,
a Unimed realiza plantio de árvores nativas na fazenda-escola da UEL
com o intuito de reduzir o impacto de dióxido de carbono (CO2) que a
própria Unimed lança na atmosfera.

De acordo com Ligia, uma metodologia desenvolvida pela Unimed
realiza o cálculo da quantidade emitida durante um ano; a partir do
número obtido, verifica-se a quantidade de mudas de plantas que
seriam necessárias para neutralizar a emissão do gás. Estas mudas
são compradas e oferecidas à ONG MAE para que ela ofereça o melhor
destino possível.

800 mudas em um ano

Para se ter uma ideia da dimensão do Bosque da Vida, em 2014
foram compradas 800 unidades de mudas de espécies nativas. “O
projeto está em atividade desde 2008 e tem trazido muitos benefícios
para meio ambiente”, diz Ligia. Os cálculos para a compra das
mudas são feitos de um ano para o outro. Os números referentes ao
ano passado ainda não foram finalizados, mas a assistente de
responsabilidade social da Unimed acredita que esse índice deva ser
semelhante a 2014.

A Unimed Londrina também não pensa em desativar ou reestruturar
outros projetos sociais. Os atendimentos médicos e gratuitos que são
realizados em parceria com as ONGs Associação Mãos Estendidas
(Amae), Associação de Pais e Amigos dos Portadores de Síndrome de
Down (APS-Down) e Centro Apoio e Reabilitação Portadores Fissura
Lábio Palatal de Londrina e Região (Cefil) não foram abalados pela
crise.

Pelo cadastro de médicos cooperados disponíveis, a Unimed
oferece os atendimentos nas mais diversas especialidades, mantendo o
custo zero para as ONGs. “São realizados aproximadamente 10
atendimentos por instituição”, explica Ligia Favioli. Para a
profissional, a forma de enfrentar a crise para manter os projetos em
pleno vapor foi a realização de parcerias. “Assim foi possível
reduzir os custos e agregar mais pessoas nas atividades”, afirma.
Os outros projetos mais pontuais como a arrecadação de verba entre
os funcionários para compra de ovos de páscoa para crianças
carentes também fazem parte da agenda da empresa.

Larissa Squizzato Campos, gerente do Instituto Atsuski Ekimiko
Yoshii, afirma que os projetos sociais realizados pelo Instituto
passarão por ajustes orçamentários, mas continuarão em atividade.
“Esses projetos funcionarão independente da crise porque fazem
parte da filosofia de atuação do instituto”, afirma Larissa, que
conta com a colaboração da construtora A.Yoshii. Entre os
principais projetos da organização está o “Criando Arte”, que
consiste no reaproveitamento de material da construção civil para a
produção de artesanato. As oficinas acontecem desde 2007, de duas a
três vezes ao mês, e não têm custo para pessoas de baixa renda –
e uma taxa simbólica para quem tiver condições de colaborar.

Outra ação do Instituto que permanece em pauta é o projeto de
educação digital “Click”, que visa a capacitação para a
cultura das novas tecnologias. “Primeiramente as oficinas serão
ofertadas aos funcionários e seus familiares e, depois, vamos abrir
à comunidade. Tudo isso sem custo”, afirma Larissa. As aulas do
projeto acontecem dentro da própria sede da instituição, em
computadores individualizados, e salas de no máximo oito pessoas.
Assim é possível aproveitar melhor o tempo de aula. Para a gerente
do Instituto, uma das saídas encontradas para manter os projetos em
atividade foi contar com o voluntariado. “Com esse movimento
organizado entre funcionários do instituto, da construtora e da
comunidade em geral foi possível realizar muitas coisas.”

Comitê ativo

Mesmo com a saída de muitos colaboradores da Sercomtel e a falta
de previsão de reposição, o Comitê de Solidariedade dos
Funcionários da Sercomtel não deixou a peteca cair e manteve as
atividades do grupo em pauta. Atuando há 23 anos em Londrina e nos
distritos do município, o comitê já reformou entidades
beneficentes, construiu estabelecimentos comerciais para geração de
renda em comunidades carentes, além de manter ações cotidianas
como a distribuição de refeições a moradores de rua e fraldas
geriátricas a clínicas de repouso.

De acordo com Daniel Gibellato, presidente do comitê, a maior
dificuldade enfrentada para a manutenção das atividades não foi
necessariamente a crise econômica pela qual o País passa, a
despeito de “a atual condição não ser nada favorável”.
A saída dos colaboradores, no entanto, foi o grande empecilho para a
execução dos projetos. A receita maior do comitê vem das doações
feitas pelos funcionários – um tíquete-alimentação que é
convertido em dinheiro. Para Gibellato, com a saída e ausência de
contratação, a verba está ficando mais escassa. “Mas, nem por
isso, deixamos de fazer nossos projetos”, diz. Assim como o pessoal
das outras empresas, o comitê também recorreu a parceiros. “É
uma forma de todos poderem colaborar para que possamos diminuir as
diferenças. Aqueles que não podem doar o tíquete muitas vezes se
oferecem na realização de outras atividades como palestras, cursos
ou voluntariado”, completa.

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