Taxa de desocupação de 4,9% é menor para setembro desde 2002

Resultado é considerado positivo, mas economistas alertam para impacto do aumento do número dos que deixaram de procurar emprego

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Fonte: Folha de Londrina com Agência Estado


A taxa de desocupação do País fechou setembro com o menor índice para o mês na série histórica iniciada em 2002, ou 4,9%, conforme a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de indicar estabilidade ante agosto, quando foi de 5,0%, e queda frente os 5,4% de setembro de 2013, o resultado sofreu reflexo da elevação da inatividade, que é quando a pessoa deixa de procurar emprego. 

A taxa de desocupados caiu 10,9% no mês passado, quando foi de 1,2 milhão, em relação a setembro de 2013, informa o IBGE. No entanto, os números de trabalhadores ocupados (23,1 milhões) e de pessoas com carteira de trabalho assinada no setor privado (11,7 milhões) permaneceram os mesmos entre os dois períodos. Isso porque o total de inativos cresceu 3,7%. 

Técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy afirma que o mercado tem gerado poucas vagas. “Essa redução da procura, de fato, acaba interferindo na taxa (de desemprego). A taxa cai porque menos pessoas estão procurando trabalho”, explica. 

Na avaliação do IBGE, o desalento, grupo de pessoas que desistiram de procurar emprego por dificuldades em encontrar uma vaga, tem diminuído. O aumento de inativos seria, então, devido à população economicamente ativa (PEA) que não quer trabalhar, como os muito jovens, que estão em processo de escolarização e adiam a procura por emprego, ou os mais velhos, que já se aposentaram e saíram do mercado. 

Para o coordenador do curso de Ciências Econômicas da Universidade Positivo em Curitiba, Lucas Dezordi, a taxa baixa surpreende mesmo com o aumento da inatividade. Ele considera positivo, porém, que programas como Fies, de financiamento estudantil, e o Prouni, de bolsas em faculdades pagas, façam com que boa parte dos jovens possam focar os estudos e atrasar a entrada no mercado de trabalho. “No curso de economia da Positivo, 55% tem Prouni ou Fies”, diz. 

Ainda assim, Dezordi lembra que a baixa criação de vagas indica que há queda na qualidade dos postos de trabalho ou aumento da informalidade. “Sabemos que os empregos na indústria estão caindo e, nessa época, há a contratação de temporários”, conta. As reduções mais significativas no número de vagas pela PME foram na construção civil, com queda de 3,5% em setembro ante agosto, e Indústria, que ficou 6,4% menor desde setembro de 2013, de acordo com o IBGE. 

Dezordi destaca ainda que a baixa taxa de desemprego não se sustenta diante do pequeno crescimento econômico do País. Por isso, cita que há queda na qualificação dos postos de trabalho, o que explica o aumento médio da rentabilidade dos salários de 1,5% desde setembro de 2013. 

O economista Alexandre Espírito Santo, da empresa Simplific Pavarini e professor do Ibmec no Rio, lembra ainda que a PME abrange apenas seis regiões metropolitanas do País. Ele diz que programas como o Bolsa Família tem diminuído a migração em busca de empregos, o que reduz o aumento da PEA em regiões metropolitanas. “A população economicamente ativa cresceu menos do que a taxa de ocupação.” 

O economista do Ibmec acredita que o País esteja nos últimos meses antes que o desemprego passe a crescer, porque os empresários tendem a segurar até o último momento para dispensar funcionários. “É caro pela multa e pelo treinamento, então retardam até o ponto máximo, que está perto diante da estagnação da economia.” 

Ambos creem que o desemprego aumente em 2015, mas afirmam que o peso será menor se o governo fomentar políticas econômicas de apoio à indústria e ao setor produtivo. “É preciso uma política fiscal mais severa, já que não dá para aumentar mais os juros para conter a inflação”, completa Espírito Santo. 

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