Um caminho para empresas engajadas, lucrativas e perenes

Dedicação ao Social, ao Ambiental e à Governança tem ganhado cada vez mais destaque no mundo corporativo. Saiba como sua empresa pode ser impactada pelo ESG 

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Fonte: Tamiris Anunciação – Revista Mercado em Foco/ACIL

A procura pela sigla ESG no Google triplicou nos últimos 12 meses, com um aumento de cerca de 150%. O Brasil foi o país latino-americano que mais contribuiu para o crescimento das buscas. Os dados do Google Trends são de fevereiro de 2022. Não há dúvidas, ESG é a bola da vez no mercado corporativo. Mas você realmente sabe o que significa o termo e como sua empresa pode ser impactada? 

De maneira direta, o ESG se relaciona a três pilares fundamentais: Environmental, Social and Governance. No português: Ambiental, Social e Governança. Mas, na prática, dentro das empresas, o ESG diz respeito a práticas gerenciais que utilizam perspectivas que antes não eram levadas em consideração. 

A definição é do especialista em ESG e Senior Executive da ANK Brasil, Luiz Pulstinik. De fato, a principal mudança que o conceito impõe para as empresas é a forma de fazer a gestão. “O ESG está relacionado com a gestão de riscos. Riscos não são novos, mas as preocupações e repercussões são mais claras agora”, destaca Pulstinik.  

Apesar da notoriedade recente que o termo tem ganhado no mercado corporativo, o ESG existe desde 2004, ano de publicação de Who Cares Wins (“Ganha quem se importa”), uma parceria entre o Pacto Global e Banco Mundial. Como o próprio nome diz, o objetivo dos princípios ESG é fazer com que as empresas passem a criar ações que minimizem impactos negativos e potencialize os positivos. 

De fato, ganha quem se importa. Falar sobre responsabilidade socioambiental deixou de ser um assunto de interesse do marketing das marcas para ser uma preocupação geral, inclusive do mercado financeiro. Cada vez mais o ESG se torna um critério para empréstimos e investimentos, e para conseguir competir no mercado.  

Impacto 

Todas as empresas são impactadas. Primeiro porque o ESG é um reflexo da própria sociedade. Os últimos dois anos, marcados pela pandemia, evidenciaram questões importantes que tomaram grandes proporções por meio da internet.  

Outro fator que deve ser levado em conta é que grandes empresas carregam consigo negócios menores, de pequeno e médio porte. “Inicialmente, as grandes empresas têm impactos maiores, mas as grandes empresas não estão sozinhas. Empresas de médio porte fornecem para as grandes. Se elas não estão sendo cobradas ainda, vão passar a ser”, alerta Pulstinik.  

É importante pensar que não se deve ter medo do ESG, ou enxergar o novo modelo de negócio como um obstáculo. Pelo contrário. A implementação de práticas ambientais, sociais e de governança garantem a perenidade dos negócios, como explica o especialista. "Quando um modelo de gestão mais sofisticado é implementado, as empresas ganham mais competitividade, ficam mais fortes e consistentes".  

Realidade 

Para que a sua empresa tenha o ESG incorporado nos valores da marca, é preciso mais do que trabalho voluntário. Práticas assistenciais são boas, mas em termos de ESG, não necessariamente são adequadas. Não existe modelo pronto ou uma lista de passos a serem seguidos, tudo dependerá das características e da realidade de cada empresa.  

Por isso, a dica do especialista Senior Executive da ANK Brasil é: comece entendendo o seu negócio. Faça uma auditoria e defina sua matriz de materialidade, conforme a opinião de seus públicos de interesse, ou seja, entenda como os pilares socioambientais da sua empresa estão sendo percebidos. 

É a matriz de materialidade que definirá um diagnóstico ESG do negócio e norteará quais ações deverão ser feitas e quais são as prioridades do negócio. O importante é começar. “ESG não é um absurdo de caro. É factível e proporciona uma dimensão do que é prioritário, aponta caminhos”, salienta Pulstinik. 

Visão de futuro  

A Integrada Cooperativa Agroindustrial começou sua trajetória na busca de práticas que trouxessem resultados ambientais e sociais positivos bem antes do termo ESG ser propagado. “Por ser uma cooperativa, o próprio modelo já estabelece essa relação com a comunidade. Mas, em 2013, passamos a analisar processos e nosso sistema de governança”, explica Ana Lucia de Almeida Maia, coordenadora de sustentabilidade da Integrada.  

Para a cooperativa, mais do que indicadores, ESG é algo que agrega valor ao negócio e garante o futuro da instituição. O projeto Propriedades Sustentáveis da Integrada, por exemplo, oferece aos cooperados uma ferramenta de avaliação e diagnóstico de boas práticas agrícolas fundamentadas nos critérios ESG.  

Por meio de um e-book desenvolvido pela Coordenação de Sustentabilidade da Cooperativa Integrada, a empresa contribui para a garantia da longevidade dos negócios ligados a ela. Um questionário de autoavaliação, presente no documento, possibilita que sejam identificadas oportunidades de melhoria em relação às Boas Práticas Agrícolas, direcionando caminhos para a implementação de um plano de ação.  

Sustentabilidade 

Ainda no século passado, a BRATAC, empresa de fiação de seda, já havia implantado o conceito de manufatura enxuta e sustentabilidade ambiental, com programas e ações cotidianas de produção, consumo consciente e redução de perdas. Com um perfil inovador, todas as fazendas BRATAC são certificadas como orgânicas. A fábrica de fiação de seda em Londrina foi a primeira unidade no Brasil a receber o selo internacional GOTS (Global Organic Textile Standard), reconhecido mundialmente por garantir a sustentabilidade “do campo às passarelas”.  

 Com a chegada do ESG no mercado corporativo, todas as ações da BRATAC passaram a ser integradas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS), sendo base para as decisões do Conselho de Administração da empresa e consideradas essenciais nas análises de riscos e em decisões de investimentos.  

Com a integração ao ESG, a BRATAC também passou a educar as mais de 2.500 famílias de sericicultores que trabalham com a empresa em regime de parceria rural. “Sempre trabalhamos a economia circular, reprocessando perdas e criando subprodutos ao longo do processo produtivo. Na seda, nada se perde, tudo se transforma”, afirma a diretora de board da BRATAC, Renata Amano.  

Um outro diferencial é a veia voltada para inovação. As parcerias de pesquisas antes realizadas diretamente com o Japão, deram lugar ao projeto Seda Brasil, em parceria com a Universidade Estadual de Londrina (UEL). “Diante do sucesso desse piloto, decidimos incorporar o programa de cooperação da BRATAC com universidades nacionalmente, para fomentar parcerias acreditando no potencial das instituições de pesquisas locais”, destaca Renata. 

Governança 

Implementar o modelo ESG é ter em mente que os três pilares do conceito andam juntos. Por isso, é importante ter um diagnóstico do negócio, para saber como está cada uma das áreas e como agir diante delas. É nesse ponto que a governança se torna essencial.  

Se a sua empresa tem um bom modelo de gestão, questões ambientais e sociais serão incorporadas e mantidas naturalmente, como parte da governança, destaca o especialista Luiz Pulstinik. “Tudo anda em conjunto. Quando existe planejamento e gestão, não tem como uma área ficar em demérito. Cada empresa precisa entender sua realidade e prioridades. Não existe fórmula pronta.” 

O Super Muffato, uma das principais redes de supermercados do Brasil, desde 2000 tem organizado e estruturado de maneira mais assertiva as práticas socioambientais da empresa. O objetivo é construir um varejo mais humanizado, com oportunidades para todos. “A nossa demanda acabou convergindo com o surgimento desse conceito em nível global.  Hoje temos um modelo de ESG que é referência para muitas empresas”, destaca o diretor Everton Muffato.  

Logística 

As ações de ESG do Super Muffato estão inseridas na rotina e logística das unidades, como, por exemplo, o uso de sacolas biodegradáveis, o aproveitamento de água da chuva, o gerenciamento de materiais recicláveis e retornáveis, as ações de formação, treinamento e capacitação de capital humano, promoção da inclusão nos quadros funcionais e a preocupação com a acessibilidade. 

O Grupo Muffato tem políticas para pessoas do primeiro emprego, deficientes (1,28%), idosos (1,46%) e menor aprendiz (3,98%). Mulheres compõem 54,04% do quadro de colaboradores e 54,09% se declaram negros ou pardos. Todos os funcionários têm acesso a programas de formação, treinamentos e desenvolvimento de profissionais, com auxílio da Universidade Corporativa Uniffato.  

Além das ações que envolvem todas as lojas, de acordo com o perfil da unidade e da região em que está localizada, outras ações são implementadas. “Em São José do Rio Preto temos a maior usina de energia solar sobre telhado do Brasil, que abastece a loja e um eletroposto gratuito”, salienta o diretor. 

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