Urnas reduzem oposição na AL

PT foi o partido que mais perdeu representantes na Assembleia: de sete, passou a contar com três, redução de 57,1%

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Fonte: Folha de Londrina


Apontada como um dos trunfos para a reeleição do governador Beto Richa (PSDB) ainda no primeiro turno, com 55,7% dos votos válidos, a base aliada na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná deve se fortalecer ainda mais em 2015. A renovação de 21 das 54 cadeiras, o que corresponde a 38,88% dos membros, aconteceu mediante reduções significativas das bancadas do PT, única a se declarar integralmente como oposição durante os últimos quatro anos, e do PMDB e do PV, que ocasionalmente também votavam contra os projetos vindos do Poder Executivo. 

O primeiro foi o que mais perdeu representantes na AL: de sete, passou a contar com três, redução de 57,1%. O baixo desempenho de Gleisi Hoffmann (PT) na corrida ao Palácio Iguaçu, bem como a dificuldade em mobilizar os demais integrantes da coligação, acabou prejudicando a sigla. A senadora ficou em terceiro lugar na disputa, com 14,87% dos votos válidos, menos do que fez o também petista Padre Roque em 2002 (16,37%). Para se ter uma ideia, dos três deputados do PDT, legenda a quem coube a indicação do vice de Gleisi, Haroldo Ferreira, somente Nelson Luersen trabalhou efetivamente a favor de Gleisi na campanha. 

Na outra ponta, o PSC de Ratinho Jr., que percorreu o Estado em carreatas ao lado do pai, o apresentador Carlos Massa, e do próprio governador, teve um aumento de 500% no número de representantes – de dois, subiu para 12, tornando-se assim a maior sigla da Casa. “Boa parte desses deputados que estão vindo têm experiência política, são ex-prefeitos. Temos uma expectativa de fazermos um grande trabalho”, comemorou o deputado reeleito Pastor Gilson de Souza (PSC). Somando a bancada com as de DEM, PMN, PP, PPS, PSB, PSD, PSDB, PSL, PTB e SD, todas integrantes da aliança de 17 partidos de Beto, chega-se a um total de 36 parlamentares oficialmente governistas. Oficialmente porque há ainda os do PDT, do PV, do PRB, do PPL e do PMDB, muitos dos quais podem voltar à base do governo nos próximos meses. 

“Esse enfraquecimento mostra que a oposição estava no caminho errado. A desconstrução da imagem do PT feita por nós, em inúmeros discursos, em função da perseguição implacável que o governo federal nos fez, deu certo”, alfinetou o líder do governo, Ademar Traiano (PSDB). Em campanha para assumir a presidência da Casa, ele disse que prevê um relacionamento harmonioso com os novos colegas. “Temos uma bancada muito jovem, cheia de entusiasmo, com o ímpeto de chegar aqui e mostrar serviço.” 

Já o líder do PT, Tadeu Veneri, uma das poucas vozes reconhecidamente oposicionistas na AL, admitiu que terá mais dificuldade a partir de 2015. “Precisamos ser ainda melhores, mais capacitados, mais qualificados, para que possamos fazer aquilo que a sociedade espera de nós: uma oposição construtiva, que aponte os erros do governo e faça o contraponto.” 

Posições
Para o líder do PDT, Fernando Scanavaca, essa eleição foi “atípica”. “Todo mundo baixou a previsão que tinha feito, mas com a coligação acabou dando certo.” Ele adiantou que deve permanecer ao lado do Executivo, assim como André Bueno (PDT), filho do prefeito de Cascavel, Edgar Bueno, ferrenho crítico do PT. 

Já Luersen garantiu independência. “Quando você perde uma eleição, não adianta ir para o alambrado de quem ganhou. Você tem que manter a sua posição. Se eu não concordava com o Beto Richa antes, por que agora eu vou concordar? Então, vou continuar sendo oposição ao governo quando eu entender que ele está agindo de maneira incoerente.” 

O mesmo posicionamento promete o líder do PMDB, Nereu Moura, que fez campanha ao lado de Roberto Requião (PMDB), embora tenha defendido abertamente a aliança com o PSDB. “Toda a unanimidade é burra. Um governo que tem ampla maioria é ruim, porque não tem ninguém para apontar suas falhas”, opinou. Segundo ele, quem perdeu a eleição foi o partido, e não apenas a pessoa, isto é, Requião. “Temos que pensar como partido e sermos coerentes com as urnas. Precisamos renovar o PMDB, oxigenar, realinhá-lo, mudar a fachada, a cara, o discurso, a roupagem.” 

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