Fonte: Folha de Londrina
O faturamento do varejo em Londrina fechou o ano passado com queda
de 10,06% em relação a 2014, o segundo pior resultado do Estado,
conforme dados divulgados ontem pela Federação do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio). Quando
considerado apenas o resultado de dezembro em relação ao mesmo mês
de 2014, a retração na cidade foi de 17,00%, a maior na comparação
entre todas as regiões da Pesquisa Conjuntural da entidade.
Além de Londrina, a Região Metropolitana de Curitiba
(RMC), com vendas negativas em 10,45% na comparação anual, e o
Sudoeste, com retração de 9,07%, puxaram a média do Paraná para
cima. O Estado fechou com queda de 8,79% em 2015 ante o ano anterior,
de acordo com o levantamento, que leva em consideração informações
financeiras fornecidas por uma amostragem de empresas.
O diretor de Planejamento e Gestão da Fecomércio, Rodrigo
Rosalem, afirma que que os resultados indicam que a crise econômica
chegou no setor que está na ponta da cadeia. “Quando começa a
não vender mais, a indústria começa a produzir menos, isso aumenta
o risco de desemprego e sobra menos renda para o consumo. Vira uma
bola de neve.”
Para Rosalem, a explicação para as diferenças regionais
se deve a diferenças no motor produtivo de cada região. “Curitiba
é mais dependente da indústria do que Maringá, que até tem um
polo industrial, mas sofre influência grande do agronegócio”,
cita, ao explicar por que a cidade do Norte do Estado foi a com menor
queda (-1,02%). “Londrina é mais equilibrado entre indústria e
agricultura, então também sofreu um pouco porque só o setor
agrícola tem tido bons resultados”, completa.
ACIL
Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de
Londrina (Acil), Valter Orsi, o resultado local não foi tão ruim
quanto o verificado pela Fecomércio. “Claro que os números não
deixaram de ser negativos, mas um estudo com associados aponta que
não foi tanto assim. Mas isso demonstra a situação econômica
complicada que vivemos, com pessoas preocupadas em manter o emprego e
retraindo o consumo”, diz.
Para tentar se manter no mercado, os empresários se
adaptaram à crise. Segundo a pesquisa da Fecomércio, a redução de
10,06% nas vendas londrinenses em 2015 veio seguida de compras 10,57%
menores, nível de emprego negativo em 3,12% e alta somente no custo
da folha de pagamento, de 2,97%. “Os lojistas vinham com
estoques mais altos do que o necessário e buscaram diminuir esse
estoque, porque com a inflação e os juros em alta também fica mais
difícil conseguir financiamento para compras”, cita Orsi.
Ainda, o presidente da Acil lembra que a inflação de dois
dígitos em 2015 mostra que houve até uma manutenção dos empregos.
“A folha custou 3% a mais e o número de vagas foi de 3% a
menos. Não temos outra alternativa se não buscar um pouco de
equilíbrio.”
FALTA DE PERSPECTIVA
O diretor da Fecomércio afirma que apenas uma sinalização
positiva do governo federal ao mercado poderia acabar com o clima de
pessimismo na economia. Caso contrário, ele afirma que é possível
que o setor termine 2016 com nova retração nos mesmos níveis de
2015. “É tanta incerteza que não dá para cravar um índice
para o ano, mas não podemos acreditar que nada será feito.”
Rosalem considera que o caminho do ajuste fiscal é
positivo, mas que deveria se ancorar mais no corte de gastos do que
no aumento de impostos. “Mais tributos tirariam a capacidade da
economia crescer, mas essa parece que é a tendência.”
Orsi complementa que o problema econômico se deve à crise
política. “Temos líderes investigados na Câmara Federal, no
governo, em todos os lugares, e isso preocupa os empresários.
Precisamos ter estabilidade.”