Fonte: Marcia Boroski / Revista Mercado em Foco
Registrado nas lembranças de muitos londrinenses, os parques do município têm encantos de sobra. Ao todo a cidade tem quatro espaços abertos para a população. São eles: Parque Municipal Arthur Thomas, o Parque Ecológico Dr. Daisaku Ikeda, Parque Estadual Mata dos Godoy e o recém inaugurado Jardim Botânico. Londrina também abriga o Parque Municipal Fazenda Refúgio e a Mata do Barão, espaços não abertos ao público.
De todos esses, o Arthur Thomas é o mais visitado. São mais de 7.500 visitantes por mês e, média, 90 mil por ano. O parque ainda ocupa o terceiro lugar do ranking da Secretaria de Turismo do Paraná, ficando atrás apenas do Parque Nacional do Iguaçu e do Parque Estadual Vila Velha em número de visitantes. O quarto lugar é ocupado por outro parque londrinense, o Dr. Daisaku Ikeda. Esse ranking pontua apenas as Unidades de Conservação abertas para visitação.
Entretanto, as colocações excelentes estão ameaçadas porque o número de visitações vem caindo a cada ano, fato que pode ser consequência da falta de orçamento, infraestrutura, pessoal e divulgação que deixam o parque menos atraente na hora de escolher um roteiro para o passeio. O Arthur Thomas está aberto ao público há 20 anos, fica a menos de 10 minutos do centro e hoje abriga a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento. A infraestrutura conta com Centro de Educação Ambiental, anfiteatro, lanchonete, mirante e uma beleza cênica natural que impressiona qualquer pessoa.
O estudante Renato Baduy foi ao parque pela primeira vez há mais de 10 anos e hoje nota grande diferença. “Senti falta do pedalinho e de placas informativas. Também vi alguns lugares demolidos e quebrados. Mas não ter essas estruturas não deixou o parque feio, ele está super bonito e pronto para receber o público”, conta. Baduy também contou que viu muitas pessoas visitando e aproveitando o espaço. “Vi famílias com crianças se divertindo e fazendo piquenique. É importante encontrar um lugar desse no meio da cidade de Londrina e, ainda por cima, gratuito”, aponta.
Nos últimos anos o Arthur Thomas foi castigado por chuvas fortes que deixaram o rastro de destruição apontado pelo estudante. Devido às construções muito próximas ao local, que fica próximo a Av. 10 de dezembro, a água não consegue ser absorvida pelo solo, de acordo com Sidney Antonio Bertho, que trabalhou por mais de nove anos na administração do parque, e que hoje está na Gerência de Patrimônio Histórico-Cultural da Secretaria Municipal de Cultura. “O processo de erosão tem piorado, sendo duas ou três vezes mais grave que no início”, explica Bertho.
Outro problema é o desequilíbrio animal. De acordo com Sidney Bertho, um mini zoológico foi solto no parque há alguns anos e a falta de controle, combinada com a ausência de um predador de grande porte e de controle, que depende de outros órgãos, como o IBAMA, fez com que macacos-prego, capivaras e quatis se tornassem uma questão ambivalente para a administração. Quem mora na região reclama que os macacos entram nas casas à procura de alimentos. Quem visita o parque fica feliz por encontrá-los durante o passeio pelas trilhas. Ou seja, eles, junto com a beleza natural do parque, são a grande atração.
O visitante, percorrendo alguns metros, pode ver de perto um dos marcos históricos de Londrina: a Usina Cambé. A Usininha, como é conhecida, foi a primeira hidrelétrica da cidade. Porém, o chão de paralelepípedos e o declive do terreno comprometem a acessibilidade de cadeirantes.
Sidney Bertho conta que a atual gestão não prevê grandes investimentos em 2014 para o parque, mas que a administração do local tem a intenção de atualizar os planos de manejo do Arthur Thomas e do Dr. Daisaku Ikeda com uma verba já captada. “Esse documento dita o que deve ser feito nos parques e é produzido por diversos profissionais de uma assessoria especializada”, explica Bertho. E ele completa defendendo que: “É nossa obrigação, como gestores, tornar esses espaços cada vez mais atrativos para que possam trazer essa população para conhecer, com a responsabilidade de manter a preservação."
O secretário do Meio Ambiente, Cleuber Moraes Brito, explica que é preciso repensar o parque para alcançar uma condição ideal. “Desde a acessibilidade, a conservação de calçadas da entrada do parque até as trilhas, bem como lixeiras e placas de sinalização. A situação hoje não é ideal. E não tem segredo, o parque precisa de dinheiro para ter conservação. Quando você pega esse conjunto de elementos é possível perceber que o parque está deficiente”, comenta. Quanto aos pontos importantes em uma Unidade de Conservação, o secretário enuncia vários cuidados que devem ser feitos. “É preciso fazer o controle de invasores, enriquecimento de espécies, pesquisa com biólogos. E isso vale também para o Ikeda”, conta.
Mas o secretário lembra que o deficit é grande e ainda não tem previsão para ser sanado. “Nós estamos fazendo muitas mágicas para mantê-lo conservado. O nosso desafio é aumentar o orçamento para garantir a manutenção desses parques. Hoje nós estamos presos ao orçamento da prefeitura, que nesse momento está numa fase de contenção para ajuste financeiro. Por isso nós não vamos obter qualquer suplemento”, conta.
Dr. Daisaku Ikeda
O parque, que fica na Rodovia João Alves da Rocha, na estrada para o Distrito de Maravilha, a aproximadamente 12 km do centro, tem sete anos de existência e está fazendo um trajeto semelhante ao do Arthur Thomas. A segunda usina hidrelétrica de Londrina está preservada dentro do parque e é conhecida como Usina Três Bocas. O local tem um espaço de visitação muito pequeno, mas, ainda assim, tem uma linda beleza cênica. O Dr. Daisaku Ikeda tem como principal mantenedor o grupo japonês BSGI (Brasil Soka Gakkai Internacional) que, de acordo com o secretário do meio ambiente, ajuda na capina, na limpeza e outras coisas.
O visitante tem acesso à barragem da usina, ao mirante metálico e trilha de mais de um quilômetro, ao playground e à passarela por cima da barragem. Tudo concentrado em um espaço que é aberto gratuitamente ao público. O parque também recebe visitas de colégios com agendamento prévio.
Jardim Botânico
O Jardim Botânico – que foi inaugurado em dezembro de 2012, ainda não está totalmente pronto, mas o visitante já pode encontrar lagos, pistas de caminhada, ciclovias, trilhas, anfiteatro ao ar livre, jardins e arboretos em uma área de 45 alqueires. De acordo com o deputado estadual Luiz Eduardo Cheida (PMDB), até o final de 2014 está prevista a conclusão da segunda fase do investimento, que contará com salas de aulas, anfiteatro fechado, restaurantes e lanchonetes, viveiros e jardins temáticos.
A demora para a abertura ao público ocorreu devido a problemas de licitação. De acordo com Cheida, o Jardim Botânico cumprirá funções sociais, culturais, educacionais e ambientais em Londrina. “As pessoas vão aprender sobre a natureza. E a gente só protege e ama aquilo que conhece. Por isso, conhecer é o primeiro passo para proteger o meio ambiente. Além disso, essa área verde de grande dimensão ajudará a estabilizar o clima da cidade” defende o deputado. A intenção é organizar visitas de escolas de Londrina e região, duas vezes por semana, em 2014.
Mata dos Godoy
O parque abriga mais de 675,70 hectares de floresta subtropical e fica localizado a aproximadamente 15 km do centro. A administração do parque é estadual e a gerente da Unidade de Conservação Mata dos Godoy, Leliana Aparecida Casagrande Luiz, garante que é justamente esse orçamento, juntamente com as orientações do Plano de Manejo, que conferem ao parque suporte para atender até 110 visitantes por dia. A Mata dos Godoy é também referência em pesquisas na área de Biologia.
Segundo Leliana Luiz, a administração mantém diversos programas de educação ambiental no mesmo local. Um dos principais é o Parque Escola, que leva estudantes da rede estadual para visitarem a mata. Para 2014, a previsão é de implantar um novo projeto, voltado para a comunidade que mora nas proximidades do parque, que fica no Patrimônio Regina. “A Arte na Mata será um projeto que visará o reaproveitamento de objetos pela comunidade do entorno do parque e pela população de baixa renda para a confecção de produtos que possam se transformar em uma fonte de renda própria”, explica a gerente.
Serviço:
Horário de funcionamento dos parques:
Arthur Thomas: Terça-feira a domingo – 8h às 17 ou 9h às18h (horário de verão)
Dr. Daisaku Ikeda: Terça-feira a domingo – 8h às 17 ou 9h às18h (horário de verão)
Mata dos Godoy: Terça a sexta-feira – 8h às17h (com agendamento) ou Domingos e Feriados – 13h30 às 17h
Jardim Botânico: Quarta-feira a Domingo – 9h às 19h