No ano passado, 79% das empresas de Tecnologia da Informação (TI) do País cresceram. Dentro desse cenário, o Paraná teve amplo destaque, com crescimento acima da média nacional. Por aqui, 82% das empresas expandiram no ano passado, de acordo com o Censo da Federação das Associações da América Latina, Espanha, Portugal e Caribe de Entidades de Tecnologia da Informação (Aleti).
O estudo mostra que 66% das empresas de TI do Paraná possuem mais da metade de receitas recorrentes, ou seja, grande parte do faturamento é obtido através de um serviço contínuo ao longo dos meses, em vez de trabalhos pontuais. O Estado foi considerado uma divisão à parte dentro do Censo devido ao alto nível de participação. A Aleti ouviu 850 empresas em sua área de atuação.
Sandro Molés da Silva, presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Software no Paraná (Assespro-Paraná), diz que as empresas locais têm entre dez e 20 colaboradores, na média, mas que não necessariamente se configuram como pequenas, devido ao alto faturamento. Silva conta que 2007 foi um ano marcante para o Estado, pois começaram a surgir os Arranjos Produtivos Locais (APLs) e outros projetos estruturantes.
"Teve um estudo, que começou (em 2007) com um piloto em Maringá e depois em Londrina e Curitiba, quando se teve uma ideia de qual a vocação das empresas, do tamanho delas, em quais mercados estavam atuando e os processos produtivos que estavam usando", relata. Silva diz que a estruturação dos APLs permite discutir o mercado, erros e acertos das empresas locais, estratégias para suprir a carência de mão de obra, entre outros problemas.
"Percebia-se que as empresas de TI do Paraná eram boas, mas não existia uma divulgação ampla disso", comenta Silva. Ele destaca ações desenvolvidas pela Assespro para impulsionar a qualificação das empresas, como uma visita anual ao Vale do Silício, "uma aspiração de todas as regiões do País". "Você tem que fazer estudos de caso; o Brasil tem exemplos interessantes e aqui no Paraná estamos conseguindo fazer vários polos com suas potencialidades regionais", defende.
Dados da Assespro mostram que a maior parte das empresas está focada em produzir os chamados softwares de gestão empresarial, no entanto, Silva destaca a importância das características regionais. "Temos produtos para área jurídica, médica, games, área de saúde, agropecuária, porque temos regiões que necessitam disso", elenca. Isso reforça a transversalidade do mercado de TI, que pode atuar desde a agricultura, passando pelo comércio, indústria e serviços.
Infraestrutura
A mobilidade que o mercado de tecnologia da informação necessita hoje tem exigido mais qualidade de infraestrutura em telecomunicações. Cabe à Assespro intermediar junto aos governos esses investimentos em tecnologia. "Temos que ter banda larga em todos os ambientes, um celular com internet 3G funcionando corretamente; é um mercado carente de soluções ainda, muito longe do que Japão, Estados Unidos e Europa oferecem", avalia o presidente da Assespro.
Para Silva, o mercado de TI objetiva ganhar tempo para as pessoas, gerar produtividade, mas com base em uma boa infraestrutura. Ele cita o movimento crescente de startups, que iniciam processos rápidos de inovação, sendo um setor altamente volátil, rápido e que pode gerar riqueza rapidamente. "Mas não dá para fazer um software maravilhoso que não funciona por falta de internet", finaliza.
Londrina como polo do setor
Segundo Henriquéz, o apoio de outras entidades, como a Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), prova que a TI pode contribuir também para os setores industrial e comercial. "Recentemente estivemos reunidos com o prefeito e mostramos essa oportunidade muito forte de olhar Londrina como uma cidade tecnológica", conta Henriquéz. "Queremos que alguém de fora pense em Londrina no momento de criar sua empresa de TI; os ativos a gente já tem", finaliza. (C.F.)