Uma moça cai de moto na Rua Bento Munhoz da Rocha Neto, sofre vários ferimentos e é socorrida pelo Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate). Três horas depois, a equipe de socorro é novamente chamada, desta vez à Rua Serra do Roncador, onde um homem também se machucou ao cair da moto que conduzia. Os dois acidentes não têm qualquer relação entre si, mas uma causa em comum: buracos no asfalto.
No Jardim Bandeirantes, os reparos no sistema de água e esgoto deixaram faixas sem asfalto em vários cruzamentos. Segundo moradores do bairro, o trabalho da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) foi concluído há semanas, mas os buracos permanecem. “Eles cobrem com pedras, em vez de asfaltar. Está assim há mais de um mês”, conta o morador Geraldo Rodrigues.
As pedras da Sanepar podem ter sido as responsáveis pela queda do motociclista no cruzamento da Rua Serra do Roncador com a Rua Serra do Cantu. A vítima não foi encontrada pela reportagem do JL, mas o mototaxista Mauro Fortunato, que trabalha no bairro, tem ideia do que pode ter acontecido.
Para Fortunato, as faixas abertas no asfalto pela Sanepar são mais perigosas que os buracos que surgem naturalmente. “Primeiro que as pedras fazem a moto derrapar. Segundo que, nessas faixas, fica um degrau muito saliente. Aí, chove, a terra sai e só fica o degrau. Bateu ali, vai para o chão”, avalia.
Na Rua Bento Munhoz da Rocha Neto, dois grandes buracos abertos pelo tráfego de veículos e as chuvas das últimas semanas foram os inimigos da estudante Erica Pelegrin Figueiredo. No início da noite de segunda-feira, ao voltar da universidade, ela fez um caminho que não costuma fazer. “Não passo por ali. Quando vi os buracos, já estava muito em cima. Cheguei a frear a moto, mas não deu tempo de desviar. Caí dentro do buraco.”
A estudante levou pontos no pé e no queixo e teve várias escoriações pelo corpo. A moto, segundo ela, ficou bastante danificada. “As pessoas no local disseram para processar a Prefeitura, mas acho que não compensa”, pondera.
O advogado Jorge Alexandre Karatzios reprova o pensamento da estudante. “É obrigação do poder público conservar as ruas, mas o brasileiro age como se fosse um favor. Ainda que demore a ser ressarcido, é um direito do cidadão.” Em casos como o de Erica, acrescenta, cabe ressarcimento tanto por danos morais quanto materiais.
Responsabilidade é da Sanepar e do Município
Nos buracos abertos pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) para a realização de reparos, a obrigação de recompor o asfalto é da própria empresa, no prazo de 24 horas após o término da obra. A determinação está prevista em lei e tem sido cobrada pela Prefeitura. Com relação aos demais buracos, a responsabilidade é do Município. De acordo com o secretário de Obras, Walmir Matos, 15 toneladas de massa asfáltica têm sido aplicadas por dia em operações tapa-buracos. “O problema é que os buracos são maiores que a nossa capacidade.” Segundo ele, as chuvas registradas nas últimas semanas, além de algumas intercorrências com a usina de asfalto, atrasaram os trabalhos e aumentaram os buracos. “Estamos priorizando as vias arteriais, que têm maior tráfego e circulação de coletivos.” A previsão do secretário é de que a Prefeitura leve ainda seis meses para acabar com os buracos. “Convivemos com esse problema há tanto tempo e vamos ter de conviver mais um pouco. Infelizmente, entre a vontade de fazer e a possibilidade de fazer existe uma boa distância.”