Fonte: Folha de Londrina
Aumentos sazonais de impostos e taxas, como IPTU e IPVA, realinhamento de preços administrados (energia elétrica, transporte urbano e combustíveis), elevações nas taxas de juros e enfraquecimento do mercado de trabalho estão entre as causas para esse aumento apontadas pelos economistas da Serasa Experian.
As dívidas não bancárias (junto a administradoras de cartões de crédito, financeiras, lojas em geral, e prestadoras de serviços como telefonia, energia elétrica e água) foram as principais responsáveis pela alta do indicador em janeiro. Cresceram 10,4%. A inadimplência com os bancos também cresceu (0,3%). Já os títulos protestados e os cheques sem fundos apresentaram quedas de 12,3% e 9,9%, respectivamente.
Economista, professor universitário e consultor da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Marcos Rambalducci lembra que, além das contas de janeiro, o fato de dezembro ser um mês atípico, ajuda a elevar a inadimplência. “Dezembro é um mês que tende a desequilibrar o planejamento das famílias, por causa das festas, das visitas inesperadas. Então, elas já entram no ano seguinte com mais gastos e ainda vêm os impostos e despesas escolares”, ressalta.
Ele afirma que é preciso cuidados em dobro para o cidadão não entrar numa bola de neve de dívidas. “Não estou dizendo para as pessoas ficarem devendo, mas, se não há dinheiro para honrar todos compromissos, é preciso fazer uma seleção, pagando alguns e renegociando outros”, explica. A prioridade, segundo o consultor, deve ser para os cartões de crédito e cheques especiais, que geram mais juros em caso de inadimplência. “Ninguém deve cair na besteira de pagar somente a taxa mínima do cartão. Nem entrar no cheque especial para pagar outras contas”, exemplifica.
Rambalducci ressalta que as companhias de água e luz e as operadoras de telefonia são mais sensíveis à renegociação das dívidas. O gerente financeiro da Sercomtel, Marcelo Motomura, confirma. “Nós parcelamos a conta atrasada com 30% do valor de entrada e o restante em cinco parcelas sem juros”, explica. As prestações podem chegar a dez, com juros de 1%.
Motomura confirma que, na Sercomtel, a inadimplência, que é de 3% em média, costuma crescer em dezembro e em janeiro. “São meses que as pessoas viajam ou gastam mais com outras coisas”, declara. Depois que a pessoa fica inadimplente, a operadora leva 30 dias para proceder o corte parcial do serviço (o telefone só recebe ligações). O corte definido ocorrerá 30 dias depois, caso não haja negociação da dívida.
Por meio da assessoria de imprensa, a Sanepar informou que renegocia o débito de seus clientes com 40% de entrada e o restante em 12 vezes, mas a parcela não pode ser inferior a R$ 25,10. A companhia de água e esgoto comunica oficialmente o cliente sobre a iminência do corte no 31º dia após o início da inadimplência. O corte se dá no 48º dia.
Também por meio da assessoria, a Copel disse: “Apesar de o parcelamento de débitos não constituir uma obrigatoriedade regular para as concessionárias de distribuição de energia, a Copel adota o procedimento procurando atender as necessidades de seus clientes”. Mas diz que isso ocorre em situações de excepcionalidade, “como as cheias que assolaram o Paraná no ano passado, quando foi decretado Estado de Calamidade em alguns municípios”.