Fonte: Flávio Moura – Revista Mercado em Foco
O
uso amplo do termo “ética” pode despertar muitos entendimentos.
Por isso, antes de mais nada é preciso entender o seu correto
significado. Para compreendermos esta questão de forma prática,
partiremos da perspectiva de que a ética está associada ao estudo e
à reflexão sobre os valores que orientam o comportamento humano.
São normas morais que fornecem subsídios para a solução de muitos
dilemas.
Talvez
o entendimento sobre o que é ética seja melhorado se lançarmos luz
sobre exemplos de sua antítese – da falta de ética. A antiética
é um vício da nossa cultura que aparece em pequenos gestos e ações
do cotidiano. Não é raro vermos pais que ao buscarem seus filhos no
colégio estacionam o carro na faixa de pedestre ou mesmo em faixa
dupla sem se darem conta que estão sendo um exemplo negativo para as
crianças. Há também o cidadão que esbraveja contra os escândalos
de corrupção mas ao pagar uma conta no supermercado percebe que
recebeu um valor maior do que deveria de troco e não diz nada.
Antiético é qualquer comportamento que rompe com os valores que
garantem a boa convivência social.
É
preciso fazer um esforço para eliminar esse vício de todas as
esferas das nossas vidas. No ambiente empresarial, o empenho também
é necessário para melhorar o relacionamento com os colaboradores,
fornecedores, clientes e a sociedade como um todo. A empresa deve
buscar uma interação moralmente correta, criando referências e
padrões de boas práticas.
Não
basta ter uma política interna descrita em códigos de ética e
conduta restritos aos colaboradores. Devem ser adotadas iniciativas
que disseminem o DNA ético por todos os níveis hierárquicos da
organização. A criação de comitês internos atuantes na apuração
de desvios, a abertura de canais de comunicação em que os
colaboradores se sintam à vontade para fazer denúncias de
irregularidades e um constante alinhamento interno podem contribuir
para que a empresa seja de fato ética.
No
atual contexto, a cultura ética é tão importante quanto os
resultados das organizações. Depois da descoberta de tantas
ilegalidades no ambiente corporativo, constatou-se que é fundamental
uma grande transformação cultural, voltada a ações que minimizem
a desconfiança do mercado.
Não
podemos esquecer que ser reconhecida como uma empresa ética
fortalece a imagem positiva da companhia. Uma boa reputação
seguramente resulta em melhoria de resultados já que o mercado –
fornecedores e clientes – criam relações de confiança com a
organização.
A
confiança é conquistada e mantida pela coerência entre o discurso
e as ações da empresa. Não adianta ter um quadro afixado na parede
com lindas palavras e enganar clientes ou dizer
que “os nossos colaboradores são nosso maior ativo” se no dia a
dia pouco se faz por eles. Em pouco tempo a máscara cairá.
Já
se sabe que mais do que clientes ou fregueses, o que as empresas
desejam e precisam são de fãs. Uma conduta ética é fundamental
para conquistar a preferência e a admiração do público que se
quer atingir. A conquista do respeito do público e dos fãs pode ser
a diferença entre sobreviver ou não no mercado.
– Flávio
Moura
é consultor empresarial da Caput Consultoria.