Fonte: Folha de Londrina
O prefeito Marcelo Belinati convidou o presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Cláudio Tedeschi, para ser o novo presidente da Sercomtel e assumir o plano de reestruturação da telefônica londrinense. A estatal passa por processo de caducidade da concessão, na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), por ter R$ 230,1 milhões em dívidas, segundo balanço de 2017. A informação foi confirmada por Tedeschi, que deve dar uma resposta até esta segunda-feira (3).
Belinati foi procurado na noite de sexta-feira (30), mas não foi encontrado para comentar o convite. O presidente da Acil, cujo mandato se encerra neste ano, tem discutido com lideranças políticas da região, da Assembleia Legislativa e da Câmara Federal, a formação de um movimento de apoio à recuperação da Sercomtel.
Com dúvidas sobre as condições da empresa de quitar dívidas e manter a qualidade dos serviços aos clientes, a Anatel abriu processo de caducidade da concessão de telefonia fixa em Londrina e Tamarana. Se tiver o serviço cassado, a estatal será inviabilizada e pode, em último caso, ser leiloada pelo órgão federal, com a dívida pendendo somente para os acionistas Prefeitura de Londrina e Copel (55% e 45%, respectivamente).
Tedeschi diz que o convite é antigo e que tem estudado a situação da Sercomtel e debatido formas de reequilibrar a empresa. Ele reafirma o que Belinati tem dito, que a solução depende e muito do interesse que a estatal de energia elétrica tem na telefônica. "Temos de trabalhar isso com a Copel, mas, como estamos em meio a uma mudança de governo, precisamos esperar", diz. "Estou estudando com o pessoal do Estado, com deputados que são de Londrina, uma forma de termos força política e para saber se posso contribuir", completa.
Com a eleição para a nova diretoria da Acil na noite de quinta-feira (29), Tedeschi diz que se sentiu mais à vontade para a missão. Ele preferiu não dizer quais são os planos para a Sercomtel antes de assumir o cargo e de discutir a situação com o representantes da Copel e do governo do Estado. "Se for feito o anúncio, será dele [Belinati]", afirma.
Porém, em entrevista à FOLHA em fevereiro deste ano, Tedeschi disse que uma empresa pública de tecnologia tem dificuldades de concorrer com a iniciativa privada, pelo dinamismo do mercado. Na ocasião, Acil e outras entidades do setor produtivo londrinense enviaram ofício à Câmara e à Prefeitura para pedir a revogação das leis 7.347/1998 e 10.709/2009, que exigem que qualquer transação que envolva venda de ações da telefônica seja aprovada por consulta popular mediante plebiscito e com aprovação prévia do Legislativo local. "É preciso haver estudos sobre as possíveis soluções para a crise, o que pode envolver venda de ações ou parcerias com a iniciativa privada. Diante da morosidade, corremos o risco de perder um patrimônio do município", afirmou Tedeschi, na ocasião.
A Prefeitura já enviou no último dia 8 de novembro, à Câmara, o projeto de lei que pede a revogação da necessidade de aval da população ou de vereadores para "a alienação de ações possuídas pelo Município no capital da SercomtelTelecomunicações S/A". Também em entrevista à FOLHA, Belinati disse que o objetivo era encontrar um parceiro comercial somente para o braço de telefonia celular da empresa e que não pretendia mexer nos outros serviços, considerados lucrativos.
A expectativa do chefe do Executivo era que a proposta fosse aprovada até o fim deste ano. Ele rejeitou a ideia de privatizar toda a empresa pela provável perda de empregos e de arrecadação, já que a sede provavelmente mudaria de Londrina, e disse que somente analisaria essa possibilidade se não existissem outras.
NO CARGO
O atual presidente da telefônica é o engenheiro elétrico Hans Muller, funcionário de carreira da Sercomtel há 28 anos. Ele assumiu em outubro de 2017, depois que o engenheiro agrônomo Luiz Carlos Adati deixou o cargo, a pedido do Ministério Público, que considerou que a formação dele não atendia à necessidade da empresa e feria a Lei Federal 13.303/2016, conhecida como Lei das Estatais.
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