Realidade virtual ou aumentada, a ponte entre dois mundos

Tecnologias aproximam não só o real do digital, mas também as empresas dos clientes. As aplicações se estendem a várias áreas

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Fonte: Francismar Lemes – Revista Mercado em Foco/ACIL

A planície das previsões econômicas, pouco acidentadas, ainda não está no horizonte. Apesar disso, caminhamos em um território de maior domínio tecnológico e com uma paisagem psicológica, social e de comportamentos acelerada pela pandemia, que também aumentou a exclusão digital. Essa escalada de inovações antecipou o futuro, exigindo esforços políticos, acadêmicos e de mercado para superar disparidades e aproveitar todo o potencial em benefício do bem comum. Quanto mais escalamos, mais estreito também será o abismo entre o mundo físico e simulado.

As realidades virtual (VR) e aumentada (AR), combinadas ou não, nos ajudam a vencer essa distância entre o mundo real e a sua emulação com impactos no cotidiano, entretenimento, mundo financeiro, aperfeiçoamento profissional, entre outros.

Duas tecnologias que já estavam aí, em tempos de isolamento social, podem avançar mais no mercado de consumo, varejo e na indústria, apresentando-se como ferramenta para as empresas se tornarem competitivas e se posicionarem melhor na nova economia digital.

A Oniria é uma empresa de tecnologia londrinense de soluções para treinamento e engajamento profissional, que nasceu na incubadora da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Desenvolve simuladores virtuais, serious games e gamificação, uma técnica com inserção nos ambientes corporativos e que aplica elementos de games em um contexto que não é de jogo.

Os conceitos

Rodrigo Martins de Souza, diretor de Marketing e Vendas da Oniria, explica que a VR e a AR se combinam para criar uma tecnologia emergente, a realidade estendida (XR).

“Existe uma confusão bem comum entre realidade aumentada e virtual. Ainda temos o mix reality e o extended reality, que engloba tudo isso. Essas tecnologias devem ser vistas na forma como interagem o digital com o mundo real. A realidade aumentada sugere que você vai incluir, através de um dispositivo, objetos virtuais sobre a imagem real. Como exemplo, podemos pegar o celular, apontar para alguma direção e o aparelho mostrará, na câmera, além do mundo real, um objeto tridimensional, que acompanha a posição, a orientação espacial desse espaço. Já a realidade virtual seria trazer uma pessoa para um mundo totalmente digital. É preciso vestir um dispositivo, no caso, óculos de realidade virtual. A pessoa não vai ter uma visão do mundo real, mas apenas coisas virtuais. Conseguirá interagir dentro dessa realidade, utilizando-se tanto de controles, a mão, mexendo apenas com objetos virtuais sem interface com a realidade. Ainda temos o mix reality, que seria um ponto em que você combina um pouco do real com a realidade virtual. No caso da Oniria, fazemos alguns simuladores em que a pessoa veste óculos, mas também interage com a cabine de um equipamento. A interação é com coisas reais, que estão conectadas com um software e a pessoa tem uma experiência misturada, um pouco na realidade e dentro do dispositivo virtual”, explica Souza.

Nos últimos meses e por imposição da pandemia, o comportamento dos consumidores mudou, praticamente da noite para o dia.

Para o varejo, o contexto também é de aceleração do que foi uma tendência e agora é uma necessidade: a inovação e a transformação dos negócios e empresas.

São abordagens possíveis, mas que ainda não são muito implementadas. A Oniria faz treinamentos para utilizar esse recurso e conseguir uma melhor integração à distância. “Temos um produto nessa linha, o Virtua Workshop, em que é possível realizar um workshop remotamente. Cada participante estará em seu computador, e um instrutor utiliza recursos imersivos para poder demostrar coisas. A área de varejo poderia utilizar um recurso semelhante no atendimento aos clientes”, ressalta.

Há mais de meia década, a Midiograf, uma das maiores gráficas do Paraná e que está instalada em Londrina, utiliza a VR no treinamento dos funcionários e aplica a AV em produtos. O diretor da empresa, Nivaldo Benvenho acredita que a migração dos clientes para o mundo digital exigirá a adaptação das empresas.

“São produtos desenvolvidos para as mais diferentes áreas, como empresas de móveis, piscinas, do agronegócio e eventos. São muitas as aplicações para a realidade aumentada. Acredito que a pandemia gerou uma demanda reprimida por essa tecnologia. A Covid-19 mostrou mais do que nunca que as pessoas vão para a internet. Quem já conhece o seu produto é uma coisa, mas os que não conhecem precisam ver, por exemplo, se uma cadeira ou sofá ficam bonitos na casa. Como o cliente vai saber se a fechadura vai combinar com a porta dele. Tudo isso a realidade aumentada permite. É uma tendência, por mais que estejamos atrasados. Apesar da pandemia ter afetado os recursos financeiros das empresas para investimento em inovação, a mudança de comportamento do consumidor da loja física vai obrigar a interação com esses clientes de outra forma”, avalia Benvenho.

No mundo digital produzimos uma infinidade de dados, mas ainda entregamos pouca interação entre o real e o físico. São grandes as especulações e expectativas sobre os impactos e a interferência na realidade, como na aplicação em situações de risco.

Esforços políticos, acadêmicos e de mercado também podem convergir nessa direção para conciliar a tecnologia com a criação de empregos, oferta de treinamentos e o incentivo ao aparecimento de novas carreiras.

“Toda a integração dos colaboradores na Midiograf é feita por realidade virtual. A pessoa, ao ser contratada para trabalhar com a gente, por exemplo, senta numa cadeira giratória, e coloca óculos de realidade virtual. Depois, entra com um login e senha e, em cerca de 40 minutos, fará uma atividade de integração em que vai conhecer toda a empresa, as rotas de saídas e de fuga, podendo fazer treinamentos de segurança do trabalho. Quando essas atividades eram feitas em uma sala tradicional, havia muita dispersão. Com a tecnologia conseguimos 100% da atenção e foco do funcionário. No início do ano, implantamos uma nova plataforma de treinamento, em que os trabalhadores são treinados virtualmente em normas elétricas, de altura, confinamento, entre outras. Tudo isso em alta resolução”, explica Benvenho.

O diretor de Marketing e Vendas da Oniria, Rodrigo Martins de Souza, diz que existem várias tentativas de aplicações dessas soluções.

Ele aponta que o mercado está crescendo, propondo soluções em diversas áreas. Gigantes, como Facebook, Microsoft, Sony, Samsung, entre outros, fazem apostas nessas tecnologias.

“Ainda é uma inovação difícil de aplicar porque os dispositivos são caros, ou por alguma restrição da própria tecnologia. A realidade aumentada pode oferecer uma experiência mais interessante para um usuário ou cliente, mas também tem sido pensado em soluções para a indústria, combinando coisas do mundo real com o digital. Existem várias tentativas de fazer uma integração maior da indústria, dos equipamentos e processos de gestão, utilizando esse vínculo da realidade com o digital. São várias abordagens. Dentro do que a Oniria trabalha existem algumas aplicações voltadas para treinamento. Entre as vantagens, no caso de um simulador virtual, um mercado que a gente atua, conseguimos criar uma simulação até mais simples e mais fácil de implementar, com mais ganho de imersão do que um simulador tradicional”, destaca Souza.

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