Fonte: Assessoria ACIL
Dificilmente você encontrará um londrinense que não conhece a Ativa Atacado. Com mais de 15 anos no mercado, o comércio, que começou pequeno e de forma tímida, garantiu o seu posto entre os estabelecimentos mais tradicionais da cidade.
Mas, segundo Marcelo Paulino, dono da Ativa, não dá para falar do negócio sem citar o famoso Atacado Campo Belo, da rua Maranhão, especializado em confecções, que há cerca de quatro décadas era um dos mais renomados, procurado por pessoas de todo o norte paranaense.
O sogro de Marcelo, Paulo Dias, pai de Paula Oliveira, sua esposa e sócia, era proprietário do estabelecimento. Ele ia à capital paulista, comprava grandes quantidades de mercadorias, com foco no segmento de roupas unissex, e vendia para pequenos comerciantes da região.
Sempre acompanhando de perto a trajetória do negócio e as demandas dos clientes, o casal viu então a oportunidade de abrir uma loja em paralelo à Campo Belo. A Ativa Atacado nasceu como uma distribuidora e importadora de produtos de diversos segmentos. “Os comércios das cidades vizinhas não vendiam apenas confecção. Vendiam de tudo! Material escolar, acessórios, decoração, brinquedos. Então o nosso objetivo era atender esse cliente da Campo Belo, que estava à procura de outras coisas também. Nascemos na época do R$ 1,99. Comprávamos importado por R$1 e vendíamos por R$1,99”, lembra Marcelo.
Até 2011, o irmão de Paula, Carlos Henrique, era sócio da loja. Foi com a separação da sociedade que Marcelo e a esposa largaram as profissões que desempenhavam concomitante à gestão da Ativa. Ele engenheiro, ela advogada, ambos muito bem posicionados no mercado, mas com a percepção clara de que se não direcionassem o foco, não conseguiriam crescer. Então o pilar empreendedor, vindo de Paulo Dias, falou mais alto e pediu prioridade.
Marcelo fala com propriedade quando o assunto envolve as oscilações do mercado. Um dos primeiros marcos vividos pela loja, relatado pelo empresário, é o fim da dinâmica do R$ 1,99 e o começo da importação. “A gente comprava de alguns fornecedores de São Paulo que vendiam em Londrina, mas percebemos que se não virássemos importadores, o mercado ia nos engolir. Então apostamos nessa ideia e, desde 2011, vamos uma vez por ano para a China prospectar negócios”, afirma.
A Ativa leva o título de Atacado desde o início, então Marcelo explica que o intuito nunca foi expor o estabelecimento como um ponto comercial ou varejista. No entanto, na mesma época em que começaram a importar, perceberam uma enfraquecida no segmento atacadista. Então o foco se ampliou. Hoje, a loja atua dentro de um movimento chamado “Atacarejo”, atendendo o mercado corporativo.
Por trás da Ativa
Os negócios da família hoje se dividem em três grandes vertentes. O primeiro, são as lojas. Sim, no plural! Já são duas Ativa Atacado em Londrina e uma em Maringá. Em cada uma delas, Marcelo e Paula têm um de seus filhos como sócio, que tocam os estabelecimentos com protagonismo.
Um segundo foco das atividades é a importadora, esta sob os cuidados de Marcelo, que vende para todo o país. A empresa marca presença e expõe seus produtos em grandes feiras em São Paulo, promovidas pela AB Casa (Associação Brasileira de Artigos para Casa, Decoração, Presentes, Utilidades Domésticas, Festas, Flores e Têxtil). Marcelo explica que lá são prospectados novos clientes, e os mesmos produtos importados pela – e para – a Ativa, são também ofertados para outros comerciantes, fortalecendo esse pilar de atuação. Devido à pandemia, as feiras foram interrompidas no último ano.
O mercado de licitações é o terceiro braço dos negócios da família. Nos últimos anos, o empresário conta que as vendas para a administração pública se intensificaram, principalmente com decorações natalinas. A empresa foi responsável, inclusive, pela enorme árvore instalada no Lago Igapó, que virou atração turística. Já atendeu também solicitações de cidades como Guarapuava e Maringá, e em 2021 foi convidada para assumir projetos de Balneário Camboriú e Foz do Iguaçu.
Pandemia
Em fevereiro de 2020, a família de Marcelo havia viajado para Frankfurt, na Alemanha, onde participaram de uma feira de decoração. Com alguns dias livres, aproveitaram para fazer um cruzeiro. O que não esperavam é que seriam pegos de surpresa pela pandemia. “O nosso navio foi o primeiro a contar com suspeitas de casos e ficamos trancados no quarto sem poder fazer nada. Ali realmente percebemos que a coisa era séria”, relembra.
Ao voltar para Londrina, Marcelo se deparou com o que seria um dos maiores desafios da empresa até aqui: o lockdown. “Foi muito traumático. Ficamos bem assustados e com aquele medo: 'Como é que eu vou pagar as contas?'. E eu me lembro que a gente soltou uma campanha no mês de abril, a partir de uma frase de Nizan Guanaes, que dizia: 'Vai ter Natal". Chegamos até a doar algumas árvores para algumas entidades, foi bem bacana. Porque, naquele momento, a gente queria passar esperança. Imaginávamos que em dezembro estaria tudo resolvido”, conta.
Ao longo de todos esses meses, Marcelo conta que a empresa foi tomada por sentimentos variados. “Em um primeiro momento, o desespero bateu. Em um segundo momento, o que pudemos fazer foi pensar em como tentaríamos nos reinventar e jogar com as regras do jogo. Fortalecemos então o e-commerce da Ativa e o nosso braço voltado à licitação, para conseguir fazer o caixa respirar, e fomos sobrevivendo. Não posso dizer que foi fácil, mas aconteceu um fenômeno. No primeiro semestre do ano passado, a gente sofreu demais. No segundo, foi impressionante o crescimento que tivemos, que veio com a questão de as pessoas passarem mais tempo em casa. Estávamos preparados com estoque, e as pessoas estavam demandando esses produtos. Eu digo que foi como um jogo de futebol. Estávamos perdendo de quatro a zero, e até o final do jogo conseguimos empatar em quatro a quatro. Foi um baita sabor de vitória. A gente achou que ia quebrar no meio do ano. Procuramos não demitir ninguém, aproveitando todas as ajudas que o governo concedeu, como o Pronampe e a suspensão dos contratos de trabalho.”
Mesmo com a pandemia se arrastando, Marcelo não esperava que 2021 fosse tomado pela mesma incerteza. Continuaram se reinventando. O empresário explica que a Ativa precisa de novidades, não é uma empresa que funciona com reposições. E na impossibilidade de viajar à China para comprar os produtos, decidiram abrir fornecedor. Agora estão importando da Índia. “A aceitação do público tem sido bastante positiva. São produtos diferentes, mais artesanais. Não está sendo fácil, mas acredito que a pandemia está arrefecendo. Sendo assim, imagino que teremos um segundo semestre não tão brilhante, mas bom.”
Como para muitos outros empreendedores, o digital foi um aliado extremamente essencial em todos esses meses. “Eu tenho uma equipe grande e as lojas estavam fechadas. Colocamos então o pessoal para potencializar o e-commerce. Foi muito bom. No online, nós crescemos mais de 100% com certeza. Dobraram as vendas. O que faltou na loja, o e-commerce conseguiu absorver uma parte. E é aí que vem o aprendizado. É preciso começar a explorar melhor esse mercado, porque a gente já tinha o e-commerce, mas ele era muito local. Foi uma coisa compensando a outra. Foi jogando a equipe e o foco de cada um em cada lugar.”