Fonte: Tamiris Anunciação – Revista Mercado em Foco/ACIL
O mundo se movimenta a todo instante e as mudanças acontecem em uma velocidade cada vez mais rápida. A pandemia da Covid-19 e os impactos sociais causados por ela, assim como outros acontecimentos históricos, deixam claro que, de uma hora para a outra, a vida como conhecemos pode virar de cabeça para baixo.
Nos últimos dois anos, tendências foram aceleradas e empresas encerraram suas atividades, mas, ao mesmo tempo, novos negócios e oportunidades surgiram. Toda essa experiência mostrou que olhar as coisas por uma perspectiva diferente pode ser necessário e positivo.
O curso da história interfere diretamente na forma como as empresas se posicionam e como o consumidor consome. Nesse sentido, cada geração desenvolve hábitos e comportamentos diferentes. Cada faixa etária lida com as adversidades e crises próprias de cada tempo de uma maneira particular. Apesar das diferenças geracionais que possam existir, Baby Boomers, Geração X, Geração Y ou Millennials, Geração Z e as novas gerações que estão surgindo coexistem, aprendem e compartilham juntas.
Os Baby Boomers são os impactados pela Segunda Guerra Mundial, especialmente os nascidos na Europa, Estados Unidos, Canadá ou Austrália entre 1945 e 1960. Entre as principais características desse grupo está a procura por estabilidade econômica e boas oportunidades. Essa geração, por ser mais velha, é aquela que cumpre com os protocolos sociais como casamento, comprar um carro, casa e procurar tempo de lazer.
A Geração X inclui as pessoas que cresceram após a Segunda Guerra Mundial, entre 1961 e 1979, e presenciaram o surgimento de tecnologias como o computador pessoal, internet, celular, impressora e e-mail. A Geração X é conhecida por estar sempre em busca de conhecimento, aprendendo com os erros para obter sucesso. São pessoas com espírito empreendedor, que buscam individualidade sem a perda da vida em grupo. E, claro, busca romper com os paradigmas de gerações anteriores.
Já a Geração Y ou Millennials, como são chamados os nascidos entre 1980 e 1995, são aqueles que cresceram com o desenvolvimento da tecnologia e presenciaram os avanços do que a Geração X viu surgir. Os Millennials costumam fugir dos considerados empregos tradicionais e estão sempre conectados. Considerados multitarefas, os jovens dessa geração buscam conhecimento e sucesso.
Por fim, temos a Geração Z, dos nascidos a partir de 1996. Essa é a geração que já nasceu imersa na tecnologia e não conhece o mundo de outra forma. Os nascidos nessa fase conhecem as novas ferramentas melhor do que qualquer outra. E apesar de não ter final definido, uma nova geração pode já ter surgido, a chamada Geração C ou Geração Covid, daqueles que nasceram e estão crescendo impactados pela pandemia.
Mas entender as principais características de cada geração e como agem é suficiente para que a sua empresa consiga comunicar para consumidores em fases e com visões de mundo diferentes? A resposta é: depende. Para Tiago Rigo, gerente de marketing da Flemming e especialista no assunto, o primeiro passo é sim entender, pesquisar e estudar o perfil do seu consumidor, mas a compreensão precisa levar a mudanças concretas. “Quando a gente fala em gerações, estamos falando sobre entender o comportamento para mudar logísticas e até mesmo o próprio sistema de produção”, destaca.
Como exemplo, o especialista citou a geração jovem, que é mais crítica, no sentido de entender melhor algumas coisas e de não tolerar outras. Por isso, mesmo que a marca ofereça uma experiência legal, se o prazo de entrega não for bom, certamente a empresa perde o cliente, já que uma das características dessa geração é ser imediatista. Para ele, olhar para as gerações mais novas vai muito além da tecnologia e do comportamento em rede social.
Quem é o seu consumidor?
Antes de se preocupar com tantas informações a respeito das novas gerações e das mudanças de comportamento, comece com os dados que a sua empresa já acumula e conheça muito bem quem é o consumidor que já faz parte da sua base. É prejudicial não saber quem é o seu cliente.
“A base que a gente já tem é suficiente para fazer um bom estudo. E o segundo passo é observar o momento atual, conversar com o consumidor, quem sabe realizar grupos focais? Observe quem entra na sua loja, quais perguntas essas pessoas fazem, não tem geração que fuja disso: da experiência”, ressalta Tiago Rigo.
A experiência deve ser o foco de qualquer análise e estratégia para atingir o consumidor. Afinal, de Baby Boomers a Geração Z, todos querem ter uma boa experiência com produtos e serviços. Como afirma a estrategista de negócios e diretora da ACIL, Sheila Dal Ry: “Todo mundo pode vender para todo mundo. O comportamento e o relacionamento mudam de geração em geração, mas o cliente quer a mesma coisa: atenção, relacionamento verdadeiro e informação.”
Assim como Rigo, a estrategista acredita que o primeiro passo para que as empresas consigam dialogar e entender os consumidores de diferentes gerações é olhar para dentro. “O momento agora é de repensar e analisar os dados para não tomar decisões que coloquem o negócio em risco”, explica.
Ter, com clareza, o perfil do seu consumidor definido, significa não só poder criar melhores estratégias de comunicação e vendas, mas também fortalecer os clientes que já fazem parte da base, para então criar formas de renovar a cartela. Por mais complicado que possa parecer, a dica da especialista Sheila Dal Ry é usar a mesma base de comunicação de diferentes maneiras. Por isso, é importante entender em quais canais o cliente está e se relacionar com ele por meio da plataforma que funcionar melhor.
Conexão
Não foque nas diferenças entre uma geração e outra, foque no que todas elas têm em comum. Compreender a conexão entre as gerações pode ser mais eficiente do que saber quais são as mudanças entre uma e outra. Os mais novos ensinando os mais velhos é um fenômeno histórico. Para o especialista, as gerações se conectam nos diálogos que compartilham. Além disso, é preciso cuidado com as generalizações, porque mesmo em uma mesma geração é possível haver comportamentos diversos.
A conexão entre as gerações pode ser uma grande oportunidade de expandir mercado e aumentar resultados e lucros. “As marcas de uma geração e outra continuarão existindo, mas quanto mais a gente conseguir mesclar, entender e dialogar, mais seremos levados aos verbos como: vender, lucrar, retornar, fidelizar”, afirma o gerente de marketing da Flemming.
Buscar conexão é tornar a marca diversa e apta a dialogar (e vender) para todas as pessoas, independente da linguagem, estilo e forma de se comunicar. A orientação de Tiago Rigo é que esse processo de adaptação das empresas seja o mais inclusivo e horizontal possível, já que as pessoas voltam às lojas em que se sentem bem e que resolveram seus problemas.
As conexões são poderosas. Diálogos precisam de pessoas, e pessoas com perfis diversos. Tenha em sua equipe um quadro de colaboradores múltiplo, com profissionais de diferentes gerações e perfis, isso ajudará o seu consumidor a se identificar, ao mesmo tempo que facilitará a criação de novas estratégias e alinhamentos. Valorize o seu time.
“Eu acho fantástico quando as empresas conseguem equilibrar isso e ter diversidade. As trocas entre gerações dentro das empresas são muito importantes”, reforça Rigo.
Quer saber se o seu negócio se adapta às novas gerações? Converse com elas. Sheila Dal Ry acredita que a melhor pesquisa de mercado é simples: conversar com os mais jovens. “Crie conexões, não barreiras. Se hoje os jovens tendem a casar mais tarde ou não casar. Por outro lado, esse mesmo público irá morar sozinho”, destaca a estrategista.