Iniciativa dos integrantes do Núcleo de Negócios em Arquitetura de Londrina (IARQ), o S’Obra – Da minha Obra para a sua Obra – é uma startup criada com o objetivo de conectar pessoas a materiais de construção novos e seminovos, promovendo a economia circular. O lançamento oficial ocorreu na última terça (10), durante evento na Associação Comercial e Industrial de Londrina, onde foram apresentadas as principais ações do projeto, que busca unir sustentabilidade, conexão entre pessoas e negócios.
Criada em 2021, a startup é um canal de compra e venda com foco na conscientização sobre o destino correto para os materiais que sobram das obras, gerando oportunidades para vendedores e compradores no setor da construção civil. Além de contribuir para a economia, o S’Obra promove a sustentabilidade por meio de práticas ESG, como destaca Angelo Pamplona, presidente da ACIL. “Muita gente faz o descarte irregular, polui a cidade e usa áreas que não são destinadas a isso. Essa é uma iniciativa muito importante tanto para a economia quanto para a sustentabilidade da nossa cidade”, ressaltou.
Atualmente, seis arquitetas estão à frente do projeto: Cláudia Meyer, Elisangela Theodoro, Lilian Simões, Maria Augusta Amorim, Mônica Nakabayashi e Silvana Bonafini. Iniciada na ACIL, a startup passou por diferentes etapas de estruturação até o lançamento oficial. O ciclo de incubação começou em 2023 no Construhub, centro de inovação do Sinduscon Paraná Norte. Em 2024, a startup foi acelerada pela InovAtiva, um programa nacional de inovação e aceleração de startups.
Murillo Braghin, head de Inovação do Sinduscon e coordenador do Construhub, enfatiza que o S’Obra chega ao mercado para atender uma das principais demandas da construção civil: o descarte consciente de materiais de construção. “É uma dor para o setor da construção civil, pela quantidade de resíduos que é gerada. Muitos materiais são tratados como lixo quando poderiam servir de matéria-prima para quem precisa”, detalhou.
Segundo Gilmar Domingues, arquiteto e presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (IPPUL), em 2019 a cidade tinha mais de 300 pontos de descarte irregular. Ele revela que o custo mensal para o município recolher os resíduos dessas áreas é superior a R$ 200 mil. “Enquanto pagamos para retirar resíduos que são descartados indiscriminadamente nos fundos de vale ou áreas de descarte irregular, a Secretaria de Agricultura compra resíduos da construção civil para aplicar em trechos de estradas rurais”, exemplificou.
Domingues ainda ressalta a importância da iniciativa para a redução de impactos ambientais e para a conscientização da população. “É um pequeno passo que vai significar muito para a nossa sociedade”, destacou.
Motivação
As arquitetas explicam que os serviços prestados pelo S’Obra atendem a três dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela ONU. A arquiteta e coordenadora do IARQ, Silvana Bonafini, explica que a motivação para a criação da startup foi o desejo de promover a conscientização e inspirar as novas gerações. “Não somos apenas um grupo de arquitetas que se reúnem. Queremos deixar um legado para os profissionais mais novos que estão chegando, para que continuem pensando na sociedade, em como deixar um legado”.
Lilian Simões, uma das fundadoras da startup, alerta para a necessidade urgente de dar um novo destino às sobras de obras: “No Brasil, nós temos um número alarmante: 82 milhões de toneladas de resíduos são produzidos por ano na construção civil, e 20% desses resíduos são materiais que podem ser reaproveitados sem passar por nenhum processo de reciclagem. No entanto, apenas 4% desses materiais são realmente reaproveitados”.
Plataforma
A compra e venda de materiais de construção pode ser realizada pelo site www.sobrasdaobra.com.br. Lilian Simões explica que as negociações podem ser feitas por usuários de diferentes regiões do Brasil. “É um canal específico para materiais da construção civil, onde o usuário poderá fazer a destinação correta e responsável das sobras de obra, seguindo as práticas ESG, contribuindo para a redução do impacto ambiental e impulsionando a economia circular. A ideia é que seja replicável em todo o território nacional”, detalha.
Maria Augusta Amorim, sócia do S’Obra, acrescenta que o comprador também pode encontrar produtos novos, de ponta de estoque, anunciados por lojas parceiras. “Não são apenas sobras de obra, também temos produtos novos à venda. É uma ótima oportunidade para o lojista, que pode ofertar um preço que talvez não poderia colocar na loja física, e para o comprador, que tem a chance de encontrar o produto que ele precisa com um bom custo-benefício”, conclui.
Mais informações sobre o S’Obra – Da minha Obra para a sua Obra – podem ser encontradas no site (www.sobrasdaobra.com.br) e no perfil da empresa no Instagram (@sobrasdaobra).
