Fonte: Jornal de Londrina
Com apenas três meses de funcionamento, o Centro de Transplantes de Medula Óssea (CTMO) do Hospital Universitário de Londrina já realizou cinco transplantes. O procedimento, liberado pelo Ministério da Saúde em outubro, conta ainda com outras 14 pessoas na fila.
Desde 2007, o Hemocentro do Hospital Universitário realiza cadastros de doadores de medula óssea. Qualquer pessoa com idade entre 18 e 55 anos que não tenha doenças infecciosas pode doar medula. O banco de Londrina conta, atualmente, com 29 mil cadastros. Somente no ano de 2010, 4 mil pessoas se cadastraram.
A coordenadora do Laboratório de Histocompatibilidade e Criopreservação Celular do HU, Marlene Bardi, explica que, ao se cadastrar, a pessoa doa uma amostra de sangue que vai passar por um exame de alta complexidade, feito por meio de análise molecular (DNA). O resultado do exame vai para o Redome (Registro de Doadores de Medula Óssea), que procura um receptor compatível com o doador.
Uma pesquisa feita pelo Laboratório de Histocompatibilidade e Criopreservação Celular do HU aponta que o perfil do doador de medula no Norte do Paraná é do sexo feminino (61%), com idade média de 29 anos, escolaridade de nível médio (43,8%) e superior (42,4%), pertencente ao grupo étnico caucasóide (82,9%), negróide (13,5%) e oriental (3,6%).
“É fundamental direcionar campanhas de doação de medula a populações orientais, indígenas e negras, porque a maior diversidade étnica aumenta as chances de compatibilidade entre doadores e receptores. Então, em 2011, nosso objetivo é promover esse tipo de campanha”, planeja Marlene Bardi, coordenadora do laboratório.
O hematologista e hemoterapeuta Fausto Trigo, da equipe do CTMO, explica que existem basicamente três tipos de transplante de medula: o autólogo (em que a medula do próprio paciente é congelada e, posteriormente, reimplantada), o alogênico entre aparentados e o alogênico entre não aparentados. No HU, os transplantes realizados são todos do tipo autólogo.
“A legislação atual determina que toda Unidade de Transplante de Medula Óssea fique um período de dois anos fazendo só o transplante autólogo. A previsão é que, se continuar tudo bem, em breve teremos a licença para fazer o transplante alogênico. A equipe está preparada para isso, só precisamos da liberação do governo federal e de alguns ajustes”, afirma Trigo.
No Paraná, apenas a unidade de Curitiba realiza transplantes de medula do tipo alogênico. Além de Londrina, Cascavel também conta com um centro que realiza transplantes autólogos.
Segundo Trigo, assim como o transplante alogênico, a função do transplante autólogo é a cura do paciente. “Algumas doenças, como o mieloma múltiplo, não têm cura, então você faz o transplante autólogo para aumentar a sobrevida do paciente, para melhorar a qualidade de vida dele. Mas nas demais doenças com indicação específica para transplante autólogo o objetivo é atingir a cura”, ressalta.