De uma rua simples, Madre Leônia Milito vira referência em Londrina

Nos seus vinte anos de história, a avenida se tornou uma das mais modernas e caras da cidade; região vem apresentando forte crescimento

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Fonte: Jornal de Londrina

“Era uma ruazinha estreita, com apenas quatro quadras de asfalto. O resto era terra”. É assim que Márcio Pereira Rezende se lembra da Rua Quito, que há 20 anos foi rebatizada como Avenida Madre Leônia Milito. Essa avenida, que surgiu como uma rua simples, numa região afastada do centro da cidade, hoje é uma das mais movimentadas e com um dos metros quadrados mais caros da cidade. Foi em 18 de novembro de 1980, que o então prefeito de Londrina, Antonio Belinati, sancionou a Lei nº 3.219, que dava o nome da freira à via. Hoje, aos 20 anos de idade, a Avenida Madre Leônia abriga uma diversidade que mistura os primeiros estabelecimentos, lojas pequenas, típicas de bairro, com lojas caras, bancos, bares e boates.

Rezende foi o primeiro a abrir um estabelecimento comercial ali, a Selaria Dunga, ainda na Rua Quito. “Era uma via estreita, não tinha o canteiro central e nenhum outro comércio”, conta. Além de ter a loja, Rezende também morava ali. “Eu tinha um jardim de 20 metros na frente da minha casa. Hoje, cada centímetro aqui é disputado”, compara. Para dar conta da supervalorização que os imóveis tiveram, ele diversificou seu negócio. “Hoje são quatro em um. Além da selaria, temos a residência nos fundos, onde minha esposa tem um pequeno salão de beleza. À noite, colocamos mesinhas na calçada e fazemos espetinhos”, explica.

Para ele, a avenida é uma ótima opção para o comércio, mas não para residência. “O movimento é muito grande, o que é muito bom para os negócios. Mas, para morar não é bom. O barulho aqui é constante”, avalia. Além disso, Rezende lembra outra desvantagem que o desenvolvimento trouxe para a região. “Por ser uma região cara, onde as pessoas têm um poder aquisitivo alto, ocorrem muitos assaltos. Agora está melhor porque temos muito policiamento”, acrescenta.

O alto poder aquisitivo dos moradores trouxe ainda outras características para a região. Elizabete Alves Piccinini mora ali há 26 anos e hoje é proprietária de um restaurante localizado na Madre Leônia. Segundo ela, ali tudo é mais caro que no resto da cidade. “Se eu contrato alguém para prestar um serviço aqui, o preço é sempre mais alto do que se fosse em outro bairro. Eles pensam que todo mundo que mora aqui tem dinheiro, mas tem muita gente que está aqui desde quando não tinha nada”, conta.

Mas há quem se lembre também dos benefícios que o desenvolvimento trouxe para a região. Há 20 anos, Murilo Stecanella é funcionário de um dos primeiros condomínios construídos na avenida e viu a vida dos moradores se tornar mais fácil ao longo dos anos. “Tudo ficou mais acessível. Aqui, temos bancos, supermercados, lojas. É o novo centro da cidade”, afirma.

De acordo com o corretor de imóveis Rolemberg de Souza, nos últimos 10 anos, o preço do metro quadrado na Madre Leônia sofreu uma variação de 500%. “O valor do metro quadrado depende da localização exata. Ali, onde tem mais comércio, o valor é mais alto do que perto do shopping, onde os terrenos são maiores e um pouco mais baratos”, explica.

Madre fundou Congregação em 1958

Madre Leônia Milito nasceu em Sapri, na Itália, em 23 de junho de 1913. Aos 22 anos, começou sua vida religiosa e em 1954 veio para o Brasil, encarregada de alguns trabalhos missionários no interior de São Paulo. Em 1958, se estabeleceu em Londrina, onde fundou a Congregação das Missionárias de Santo Antônio Maria Claret, junto com o primeiro bispo da cidade, dom Geraldo Fernandes.

Em 2009, a freira foi proclamada oficialmente a padroeira da vida no trânsito pelo arcebispo dom Orlando Brandes. Ela foi escolhida por ter sido vítima de um acidente de trânsito que lhe tirou a vida em 22 de junho de 1980.

Muitas pessoas passaram a rezar sobre o túmulo de Madre Leônia e, graças a isso, os restos mortais foram transladados, em 1993, para o Santuário Mariano Eucarístico, localizado na Avenida Madre Leônia, ao lado da paróquia São Vicente de Paulo. O processo de beatificação de Madre Leônia foi aberto em 1998.

Grandes lojas

O fato de abrigar uma população com maior poder aquisitivo fez da região o alvo principal de lojas de alto padrão. Depois de fazer um estudo, a proprietária da loja de roupas de cama que ficava localizada na Avenida Duque de Caxias decidiu transferir o negócio para a Avenida Madre Leônia Milito. “A Duque abriga lojas de auto peças. Não coincide com o nosso perfil. Na Madre Leônia, nós estamos próximos do nosso consumidor”, acrescenta Fernanda Oliveira, gerente da loja.

Sônia Fígaro é gerente de uma loja de decoração localizada na Madre Leônia e garante que o alto investimento é válido. “Nós estamos aqui há sete anos, fomos pioneiros entre as lojas maiores aqui, e o retorno é ótimo”, afirma. Segundo ela, é o fato de a avenida dar acesso a muitos condomínios que faz dela um ponto comercialmente estratégico. “Eu acho que em dois anos, vamos ter o dobro de estabelecimentos que temos hoje na Madre Leônia”, sugere.

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