O governo brasileiro ampliou a meta de exportação do País para este ano. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, anunciou nesta segunda-feira (02), em São Paulo, que a nova meta é de US$ 245 bilhões. No início do ano, a previsão oficial era de vendas externas de US$ 228 bilhões. Se o número se confirmar, ele vai representar um amento de 21% sobre o total de 2010.
“Reajustamos [a meta] em função do desempenho [do comércio exterior brasileiro] até agora e também do desempenho da economia mundial”, disse Pimentel, em entrevista coletiva realizada na sede do Banco do Brasil na capital paulista. “E essa é uma meta relativamente conservadora”, acrescentou ele, deixando claro que o número poderá ser até maior.
Em abril, o comércio exterior brasileiro bateu vários recordes mensais. A corrente comercial, soma das exportações e importações, ficou em US$ 38,5 bilhões, superando o maior resultado anterior, de julho de 2008, que foi de US$ 37,6 bilhões. A média diária de negócios foi também histórica, com exportações de US$ 1,061 bilhão e importações de US$ 965,2 milhões.
O secretário executivo do ministério, Alessandro Teixeira, destacou que as exportações cresceram mais do que as importações. Pela média diária, as vendas externas avançaram 40,1% em abril em comparação com o mesmo mês de 2010. Já as compras do exterior aumentaram 39,8%.
O saldo comercial no mês ficou em US$ 1,863 bilhão e, no acumulado dos quatro primeiros meses de 2011, em US$ 5 bilhões, resultado de exportações de US$ 71,4 bilhões e importações de US$ 66,4 bilhões. “Isso mostra que a previsão feita no início do ano sobre o superávit [da balança comercial] será superada”, declarou Teixeira.
A secretária de Comércio Exterior, Tatiana Lacerda Prazeres, ressaltou que o saldo nos primeiros quatro meses do ano cresceu 132% em comparação com o mesmo período de 2010. “Este ano está sendo muito intenso para o comércio exterior brasileiro. Os valores mostram sinais de uma pujança muito significativa”, ressaltou ela.
Ela destacou as exportações de produtos básicos em abril, que aumentaram 54,8% em comparação com o mesmo mês do ano passado pela média diária. Mas houve também crescimento dos embarques de semimanufaturados (42%) e de itens industrializados (20%).
As vendas externas, segundo o ministério, cresceram tanto em valores como em volume, embora, na maioria dos casos, o avanço dos preços do mercado internacional tenha feito as receitas aumentarem mais do que as quantidades. Houve aumento das exportações para todos os mercados de destino, com destaque especial para China e África.
Árabes
O ministério destacou o desempenho dos embarques para países árabes atingidos por crises políticas. Para o Egito, as vendas aumentaram 135,7% em abril, em comparação com o mesmo mês de 2010. Para a Tunísia, houve um crescimento de 408% na mesma comparação. Para a Líbia, porém, houve redução de 87,7%.
Teixeira afirmou que, apesar da instabilidade política, o Oriente Médio é uma região cuja economia cresce significativamente. “Os Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Argélia e o Egito, por exemplo, são países que vêm apresentando crescimento e desenvolvimento econômico e onde há aumento de demanda”, afirmou. “É natural que as exportações para a região tenham aumentado, especialmente para países como o Egito”, acrescentou ele, destacando que o Egito é um grande mercado regional.
No acumulado do ano, houve crescimento das exportações também para todas as regiões de destinos, mais uma vez com destaque para China e África.
Política
Pimentel destacou que, no que diz respeito à quantidade, as exportações brasileiras vão bem, o problema está na qualidade. Não na qualidade dos produtos, mas no valor agregado das vendas externas. “Nosso desafio é como exportar mais produtos industrializados sem abrir mão do [nosso] papel nas exportações de commodities”, disse.
Nesse sentido, ele afirmou que o governo deverá anunciar ainda este mês uma nova política industrial, que deve ser mais uma “política de desenvolvimento da competitividade”. Segundo o ministro, ela deverá conter uma série de medidas fiscais, tributárias, financeiras e de apoio as exportações para tornar a indústria brasileira mais competitiva no mercado internacional.
Na seara das importações, tanto em abril quanto no acumulado do ano houve aumento nas compras em todas as categorias de uso (bens de capital, matérias-primas e intermediários, bens de consumo e combustíveis e lubrificantes) e de praticamente todas as regiões fornecedoras.



