Por Flávio Montenegro Balan
Texto publicado na Folha de Londrina
Há muito tempo Londrina precisava ouvir a frase que o prefeito Alexandre Kireeff teve a coragem de dizer com todas as letras em seu discurso de posse: “A corrupção mata”.
É verdade, prefeito. O dinheiro sugado pela corrupção é aquele que falta na escola, na saúde, na segurança, no saneamento, na moradia. A corrupção mata – e continuará matando enquanto não houver medidas efetivas de moralização do setor público em todos os seus níveis.
Kireeff apontou os dois caminhos para, de um lado, combater o mal da corrupção e, por outro, recuperar as finanças da Prefeitura, garantindo serviços públicos de qualidade. São eles a transparência e o planejamento. É preciso que todas as ações da Prefeitura sejam feitas à luz do dia, com pleno conhecimento dos londrinenses. Mas também é fundamental que a Prefeitura saiba aonde quer chegar, com metas definidas e indicadores objetivos em todos os ramos da administração.
Jesus compara o Reino de Deus a uma pequena semente que se planta: “É como um grão de mostarda, que, quando se semeia na terra, é a menor de todas as sementes que há na terra; mas, tendo sido semeado, cresce; e faz-se maior de todas as hortaliças, e cria grandes ramos, de tal maneira que as aves do céu podem aninhar-se debaixo da sua sombra” (Marcos, 4,31-32).
A lição bíblica pode e deve ser utilizada também na administração da cidade. Pequenos grãos de transparência e eficiência, plantados agora, poderão se transformar em portentosas árvores de prosperidade, com frutos compartilhados por toda a população de Londrina. A exemplo do homem do campo, precisaremos ser pacientes para esperar o tempo da colheita, mas cumpre vigiar para que os espinhos do egoísmo e da mesquinharia nunca venham a sufocar as sementes lançadas ao solo. É hora de impedir a ação da VICA para garantir um futuro de entendimento, harmonia e sucesso. Vaidade, inveja, ciúme e arrogância (que formam a sigla VICA) também podem matar – como a corrupção. Por sinal, esses males quase sempre andam juntos.
Sim, a corrupção mata. Mas o desenvolvimento salva! São conceitos mutuamente excludentes: onde uma existe, o outro não sobrevive; onde um prepondera, a outra não vinga. Falar em “desenvolvimento com corrupção” ou “rouba, mas faz” é o mesmo que pensar em um círculo quadrado. A conta não fechará nunca… E essa conta Londrina se recusa a continuar pagando.
Os homens e mulheres que fundaram Londrina há 80 anos sabiam que o desenvolvimento era o destino de nossa cidade. Eles não pouparam esforços em garantir um futuro para nós, seus filhos. E nosso dever é honrar esse legado.
Sim, o desenvolvimento salva – porque só através dele a população terá acesso aos bens e serviços que merece. Desenvolvimento gera empregos, renda, riqueza, educação, saúde, moradia, segurança, qualidade de vida. Desenvolvimento – social, econômico, ambiental – gera vida. A sua finalidade última é promover o bem das pessoas.
Para fazer o bem, é preciso fazer bem. Por isso, as empresas e empreendedores têm um papel fundamental. Não existe desenvolvimento sem eficiência, livre iniciativa, livre concorrência e respeito às leis. Não existe desenvolvimento sem empresas. Não existe desenvolvimento sem comércio, prestação de serviços e – hoje mais do que nunca – indústrias. E nós londrinenses sabemos muito bem disso, porque a nossa cidade nasceu de uma iniciativa empresarial, que resultou na maior colonização promovida pela iniciativa privada em todo o planeta. Antes de ser filha de Londres, Londrina é filha da liberdade, da ousadia, do espírito empreendedor. Vamos juntos escrever mais um capítulo de coragem na história de nossa terra e recuperar o espaço que é direito da nossa querida cidade, exigindo isonomia e respeito de todas as esferas.
Estamos esperançosos e vigilantes. O desenvolvimento salva.
– FLÁVIO MONTENEGRO BALAN é presidente da ACIL (Associação Comercial e Industrial de Londrina).