Londrina: A força do setor de serviços

Comércio, saúde, educação e outras modalidades de prestação de serviços são o motor da economia do município

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Fonte: Guto Rocha / Revista Mercado em Foco (ACIL

Desenvolvida com base na agricultura cafeeira, que floresceu sobre a fértil terra roxa do Norte do Paraná, Londrina se consolidou economicamente como uma grande prestadora de serviços. O setor terciário, que envolve comércio, educação, saúde, bancos e serviços em geral, num total de mais de 25 diferentes ramos da atividade econômica, encontrou no município ambiente favorável para se desenvolver e prosperar.

Tanto é que, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2009, o setor de serviços representa 77,8% da formação do PIB (Produto Interno Bruto) londrinense. Ou seja, do total de riquezas produzidas pela economia local – que naquele ano somou R$ 8.884.459.000,00 – os serviços foram responsáveis pela geração de R$ 5.789.237.000,00.

A indústria tem uma participação de 20,8% na formação do PIB, com R$ 1,54 bilhão, e a agropecuária, que já foi a principal atividade de Londrina, atualmente responde por 1,5% da formação de toda riqueza gerada no município, contribuindo com R$ 109,8 milhões.

O economista do IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná), Flávio Oliveira dos Santos, que também é professor do curso de Administração da Faculdade Pitágoras de Londrina, observa que o setor de serviços se desenvolveu por uma série de questões históricas e também geográficas. “No passado, Londrina acabou assumindo uma posição de prestadora de serviço por estar localizada em uma região que lhe favoreceu se transformar em uma cidade polo da região Norte do Paraná, do sul do Mato Grosso do Sul e também do sul do estado de São Paulo”, comenta.

Com base nos dados do IBGE, Santos observa que o setor vem se firmando a cada ano. “Entre 2002 e 2009, o PIB do setor de serviços cresceu 102,18%, ou quatro vezes mais que a agropecuária, que teve um incremento de 24,58% no mesmo período”, compara. Já o PIB da indústria londrinense, nestes sete anos analisados, teve um crescimento de 76,87%.

Santos diz que esta configuração da economia londrinense acaba gerando um lado bom e um lado ruim para o desenvolvimento local. Segundo ele, uma economia que está fortemente ligada ao setor de serviço acaba gerando renda menor para os trabalhadores, se comparado com um município que tem a indústria mais forte. “Se não há muitas indústrias, a concorrência por mão de obra é menor e com isso os salários acabam se reduzindo. E com renda menor, o consumo também acaba sendo afetado”, avalia.

O economista toma como base de comparação a cidade de Maringá. Ele observa que lá a agroindústria cresceu bastante nos últimos. Com isso, a cidade consegue registrar uma renda salarial média maior do que Londrina. Segundo o IBGE, a renda per capita anual do trabalhador londrinense é de R$ 17.396,00, o que dá uma média de R$ 1.450,00/mês. Já em Maringá, também segundo dados do IBGE, a renda per capita anual atinge R$ 21.711,00, ou uma média de R$ 1.810,00/mês.

Por outro lado, salienta Santos, ser um polo prestador de serviços faz de Londrina uma cidade que atrai consumidores de toda a sua base de influência, que ultrapassa as fronteiras do estado do Paraná, chegando ao Mato Grosso do Sul e ao Sul do estado de São Paulo. “As pessoas que chegam aqui em busca de serviços de saúde, educação, eventos e negócios acabam movimentando toda a economia, e não só os serviços que as atraíram para cá. Elas compram no comércio, vão ao restaurante, usam o táxi, ficam no hotel, compram imóveis”, comenta.

 

Construção civil

Além do setor de serviços, outro que se beneficia bastante com o fato de Londrina ser uma cidade polo de uma extensa região é a construção civil, área que integra o setor industrial. Nas décadas de 1980/1990 a cidade era conhecida nacionalmente por apresentar um dos maiores índices de crescimento vertical do País.

Hoje, o setor segue forte, apresentando índices de crescimento superiores a de outras regiões do País. Segundo o presidente do Sinduscon Norte do Paraná (Sindicado da Indústria da Construção Civil), Gerson Guariente Junior, neste ano, em Londrina, o setor deve registrar um crescimento entre 4,5% e 5%. “Em outras regiões o mercado da construção parou. Há produto encalhado, empresas baixando os preços para vender. Em Londrina, isso não aconteceu porque os preços estão mais compatíveis com a capacidade de pagamento das pessoas”, comenta Guariente Junior.

Segundo o dirigente, no ano passado as construtoras tiveram a aprovação de cerca de 1,6 milhão de metros quadrados aprovados pela prefeitura. “Neste ano, devemos ficar perto dos 1,7 milhão, o que é um número bastante interessante na atual conjuntura”, comenta.

Potencial a desenvolver

“Londrina tem um setor de serviço e um comércio consolidado e que não vai parar de crescer. Mas esta não e a sua única vocação”. A afirmação é do professor do Curso de Economia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Miguel Arturo, para quem a cidade e a região vivem em um ambiente propício para atrair e desenvolver as chamadas indústrias leves. “É um movimento muito forte na Europa, que está ligado à economia verde”, diz.

O professor, que tem doutorado em Desenvolvimento Urbano, explica que esta nova indústria não é aquela que tem base fordista, ou seja, as grandes fábricas, com centenas de operários. “Esta nova modalidade de indústria está entre a prestação de serviços e o desenvolvimento de novos produtos e novas tecnologias. São indústrias limpas, com poucas pessoas, que utilizam capital, mas que precisam de talentos.”

Arturo destaca que Londrina é uma cidade cosmopolita e com uma população jovem que vive em um meio produtor de conhecimentos. “Temos grandes universidades, importantes centros de pesquisas gerando tecnologia e informações que são fundamentais para o crescimento desta nova modalidade de indústria. Mas não estamos sabendo aproveitar isso ainda”, comenta.

Leia matéria completa na revista Mercado em Foco.

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