Por Valter Luiz Orsi/Artigo publicado pelo Jornal de Londrina
Em conversa recente, um amigo me disse que existem no mundo três tipos de pessoas: os tomadores, os trocadores e os doadores. Os tomadores querem receber o máximo possível dos outros. Os trocadores tentam equilibrar o que dão e o que recebem. E os doadores apenas fazem o melhor pelos outros, sem esperar nada em troca.
Os tomadores em geral obtêm sucesso nas corridas de cem metros rasos e nos esportes individuais. Os doadores se dão melhor nas maratonas e nos esportes coletivos. Acontece que a vida está mais para maratona do que para cem metros rasos; e quase sempre se trabalha em equipe. Se pensarmos na história e no desenvolvimento de nossa cidade, veremos que os doadores são muito mais importantes e decisivos do que os tomadores. Nas últimas décadas, a presença de alguns tomadores no cargo de prefeito teve consequências terríveis.
Instituições como a ACIL são formadas basicamente por doadores: pessoas que cedem voluntariamente o seu tempo e trabalho pelo bem da cidade, sem receber nada em troca. Doadores são pessoas do meio-dia. Fazem tudo às claras e nunca exigem recompensa. Não estão de olho na próxima eleição, mas pensam no futuro da comunidade. É dessas pessoas que precisamos para construir uma Londrina ainda melhor.
Minha filha Nayara, estudante de Oceanografia, escreveu: “Mudança é uma das leis da vida. Progresso sem mudança é impossível”. Ela sabe do que está falando. Ao mesmo tempo em que mudam, os seres vivos mantêm a identidade e a integridade. Foi isso que Londrina fez há 14 anos, quando lutou contra a corrupção. É isso que Londrina vai fazer agora, na luta por um novo modelo de gestão para a Prefeitura. O que era movimento Pé Vermelho Mãos Limpas transforma-se agora em Pé Vermelho Mãos Unidas. Mudamos, sem perder a identidade.
Contra a corrupção, é preciso mudar o gestor. Contra a ineficiência, é preciso mudar a gestão. O prefeito Alexandre Kireeff fez Londrina sair das manchetes policiais. Agora ele tem o desafio de mudar a gestão pública em nossa cidade, com o apoio das entidades e da turma do meio-dia, que forma a imensa maioria da nossa população – incluindo aí os servidores públicos.
Sobre o desafio que Londrina vive hoje, Nayara escreveu: “A mudança é antes de tudo um processo. As pessoas têm, naturalmente, resistência à mudança, por isso é necessário que alguns se arrisquem e se tornem exemplo, dando o primeiro passo. Assim o progresso começará a acontecer”.
Nayara está certa. A verdadeira mudança só se faz quando as pessoas aceitam trabalhar pelo bem comum sem esperar nada em troca. Precisamos de pessoas que se doem por Londrina. É para isso que voltamos à ACIL, com grande entusiasmo. A recompensa será uma cidade melhor para todos – e modelo de gestão para o Brasil.
VALTER LUIZ ORSI é presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (ACIL) – gestão 2014-2016.