Fonte: Folha de Londrina
No primeiro turno das eleições municipais, a Acil realizou uma série de sabatinas com os seis candidatos a prefeito. Todos tiveram oportunidade de expor suas ideias sobre o desenvolvimento de Londrina. Os debates individuais com os candidatos tiveram grande sucesso, talvez em parte ligado ao nome do evento: ''Sua excelência, o eleitor''.
Escolhemos esse nome para deixar bem claro a todos que víamos a necessidade de mudar o protagonismo na campanha eleitoral. Era preciso que os eleitores – o conjunto da população – fossem os principais personagens da votação democrática. E não os políticos. E não os partidos. Políticos e partidos são, ou deveriam ser, apenas os instrumentos da efetiva vontade popular.
Dito e feito! A inversão de protagonismo foi a grande marca das eleições municipais em Londrina. O povo decidiu romper com os velhos costumes e procedimentos da política tradicional. A maioria dos candidatos, ainda que movida por boas intenções, não compreendeu que a população estava cansada dos velhos hábitos: atacar adversários, inventar polêmicas, prometer o impossível, fazer alianças improváveis, mostrar submissão aos governantes.
Foi vitorioso o candidato que tratou o povo como verdadeiro protagonista das eleições. Alexandre Kireeff realizou uma campanha limpa, propositiva, focada no desenvolvimento. Não se perdeu em ataques nem formulou propostas absurdas. Usou de realismo e bom senso para defender uma administração técnica. Fez uma aliança com o povo – e por isso venceu.
Alguns criticaram Kireeff por levar conceitos da gestão empresarial ao poder público. Esqueceram-se de que a maior função da empresa é produzir em benefício da sociedade. Uma prefeitura eficiente tem o desenvolvimento, e não o simples lucro, como seu objetivo principal. E não custa lembrar que nossa cidade nasceu de um projeto da iniciativa privada. Em nossas origens históricas pode estar a solução para as crises que atravessamos no passado recente.
Temos grandes esperanças para os próximos quatro anos. Esperança de viver numa cidade politicamente estável, juridicamente segura e eticamente sólida. Esperança de ver uma cidade reinventada, livre dos antigos vícios do populismo, do paternalismo, da corrupção. Esperança de realizar um projeto de desenvolvimento econômico, social e ambiental. Esperança de criar um clima de verdadeira união e harmonia entre os trabalhadores, os empresários, os servidores públicos, as classes sociais, os atores políticos. Esperança em um plano de industrialização de Londrina, com atração de novas empresas e o fortalecimento das já existentes. Esperança na adoção de um novo paradigma para liberdade de trabalho em todos os setores da economia. Esperança de que a nova política dê origem a uma nova saúde, a uma nova educação, a uma nova segurança, a uma nova ação social, a uma nova cidade – e tudo isso sem perder o referencial ético dos nossos pioneiros.
A Câmara de Vereadores tem um papel fundamental neste desafio histórico. Sim, o Legislativo municipal também precisa se reinventar. Cada vereador terá a responsabilidade imensa de se tornar um parceiro de Londrina, e não das conveniências político-partidárias. Oposição sistemática só se justifica em ditaduras – e o que o vimos nas eleições de 2012 foi a democracia em sua plenitude. Os vereadores devem entender o recado das urnas e aceitar que só existem dois tipos de projeto: o que é bom e o que não é bom para Londrina. A cidade não vai aceitar a Câmara como balcão de negócios ou assistencialismo, até porque as entidades locais nunca estiveram tão bem organizadas e vigilantes. Ao mínimo sinal de que a aliança com o povo esteja sendo ameaçada por interesses menores, a sociedade vai reagir com vigor.
As urnas ensinaram: não há poder maior que o de sua excelência, o povo. Nos próximos quatro anos, os políticos devem mostrar se aprenderam a lição.
FLÁVIO MONTENEGRO BALAN é presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil)