Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios
O Produto Mínimo Viável — do
inglês, “Minimum Viable Product”, ou apenas, MVP — é, como o
próprio nome diz, a versão mais simples de um produto com as
mínimas características necessárias para ele ser inserido
no mercado. O conceito do MVP é muito útil
para o começo de uma empresa, pois permite que
os empreendedores testem
suas hipóteses de negócio e verifiquem se elas realmente fazem
sentido.
Segundo Paulo Caroli, consultor da ThoughtWorks e autor do livro
“Direto ao Ponto”, a maior preocupação que o empreendedor
deve ter na criação de um MVP é o tempo. Uma startup, por exemplo,
deve se preocupar em ter um produto no mercado em, no máximo, três
semanas. “Antes se falava muito em criar os produtos certos para o
mercado da melhor maneira possível. Mas isso demanda tempo e, se a
ideia de negócio não for boa, perder meses planejando um produto
ruim terá sido um grande desperdício. Por isso, acredito que, mais
que criar o produto da melhor maneira possível, é preciso ter
certeza de que aquele é o produto certo”, diz. Veja abaixo um
passo a passo de como criar um Produto Mínimo Viável.
1. Monte uma equipe plural
Antes de começar a pensar nas aplicações que uma ideia de
negócio pode ter, o empreendedor deve se preocupar em montar uma
equipe capaz de avaliar todos os lados do produto. Para Caroli, uma
boa equipe tem três visões estratégicas diferentes.
A primeira delas é a pessoa com visão de negócios, que vai
avaliar se o produto é financeiramente viável. O segundo perfil é
o de design thinking, ou seja, pessoas que pensam em como o produto
será utilizado. Elas são ótimas para verificar se o MVP deixará o
cliente satisfeito. Por último, é preciso ter alguém que pense na
engenharia do produto, com conhecimento técnico para dizer se o MVP
idealizado tem condições de ser produzido com facilidade e em
escala.
2. Defina seu produto
Com a equipe de criação montada, é hora de definir as primeiras
características do produto. Uma dica de Caroli é que a equipe
preencha, em conjunto, a seguinte frase: “Voltado para
_______, o _______é um _______que _______, diferentemente de
_______”.
No primeiro espaço, é colocado o público para o qual o produto
se dirige. Em seguida, é preciso escrever o nome do produto e a sua
definição — se é um aplicativo, por exemplo. No próximo espaço
são descritas as funcionalidades que a ferramenta terá. E, por
último, deve-se escrever como a atividade relacionada ao produto é
feita atualmente, o que mostra as vantagens que o MVP oferece.
Para o consultor, essa etapa é uma das mais importantes, pois
garante que todos os integrantes da equipe alinhem a ideia que têm
do produto. Outro exercício a ser feito, após o preenchimento da
frase, é a criação de listas com os títulos “é”, “não é”,
“faz”, “não faz”, “tem”, “não tem”. Nessa hora, a
equipe terá que decidir pontos importantes do projeto, como: é um
aplicativo ou não? É um programa que faz pagamento? Ele terá
recursos de GPS?.
3. Crie perfis de clientes ideais
O preenchimento da frase e das listas ajuda a criar a primeira
visão do produto, mas os empreendedores ainda saberão pouco sobre o
público-alvo do MVP. Para melhorar isso, elabore até três perfis
de pessoas que seriam potenciais clientes. “Nós chamamos esses
perfis de ‘personas’ e, além do gênero e classe social, é
interessante dar um nome a elas e descrever seus desejos e gostos
pessoais”, diz Caroli.
Depois que os perfis estiverem prontos, o consultor aconselha que
os empreendedores façam uma descrição completa de como seria um
dia inteiro dessas personas. “É como se a equipe fosse contar uma
historinha descrevendo o dia do cliente ideal, desde a hora que ele
acorda até quando vai dormir”, explica. Assim que a jornada diária
estiver pronta, identifique os momentos do dia em que a persona
usaria o seu produto. A partir dessa última atividade, começa a
lapidação do produto.
4. Elimine os excessos
Todo MVP apresenta apenas um conjunto mínimo das funcionalidades
necessárias para validar uma ideia. Dessa forma, se nos passos
anteriores a equipe era incentivada a fazer sugestões sobre o
produto, é chegada a hora de cortar as propostas que não são
essenciais. Caroli sugere que cada membro da equipe coloque as
funcionalidades em ordem cronológica de criação, de acordo com a
prioridade que elas teriam para o negócio. “Cada um deve
selecionar qual parte do produto acha que precisa ser feita primeiro.
A partir daí, os membros da equipe apresentam suas listas e todos
devem chegar a um consenso de quais são as funcionalidades que
merecem destaque para criar um produto mínimo viável”, diz.
5. Trace metas
Após a definição das características do produto e do público,
a startup escolhe quais serão os resultados que espera com o MVP no
mercado. Isso porque cada objetivo possui uma estratégia de produção
e divulgação. Se o MVP for um aplicativo, por exemplo, é preciso
decidir o que se quer validar. “A ideia é verificar quantas vezes
por dia o programa será usado e o número de usuários esperados no
primeiro mês, por exemplo. Para cada alternativa, existe uma
estratégia e uma métrica que a equipe terá que encontrar”,
afirma.
Com os primeiros resultados em mãos, os empreendedores terão
condições de medir os custos e verificar se o produto é realmente
uma boa ideia. “As chances de um MVP indicar que a ideia de negócio
não é boa são altas, mas é justamente para isso que ele serve. O
empreendedor deve se lembrar que este é o momento de construir,
testar e aprovar. Então, ele não pode ter medo de errar. Uma ideia
sempre parece maravilhosa no papel, mas só quando ela estiver no
mercado que teremos a validação, e isso sempre precisa ser feito o
mais rápido possível”, diz.