Comer fora, uma tendência sem volta

Fonte: Alexandre Sanches, Revista Mercado em Foco  Contribuindo com 2,8% do PIB nacional e 40% do PIB do Turismo brasileiro, o setor gastronômico é, atualmente, um dos poucos que cresce […]

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Fonte: Alexandre Sanches, Revista Mercado em Foco 

Contribuindo com 2,8% do PIB nacional e 40% do PIB do Turismo brasileiro, o setor gastronômico é, atualmente, um dos poucos que cresce economicamente acima de dois dígitos todos os anos. E em Londrina isso não é diferente. A média de crescimento anual gira entre 10 e 14%, baseado no que as pessoas consomem, e cerca de 30% da alimentação fora de casa, com tendência de nos próximos cinco anos atingir o índice de 50%, semelhante aos norte-americanos.

 

Apesar de não haver um censo específico na área, Londrina possui mais de 1.500 estabelecimentos diversos – entre pequenos e sofisticados. São bares, restaurantes, lanchonetes e, até mesmo, os carrinhos de lanches nas ruas que possuem um papel importante na geração de empregos e no desenvolvimento econômico. Sem dizer que 55% da mão de obra empregada no setor turístico está na gastronomia.

 

O diretor-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-Londrina), Arnaldo Falanca, diz que nos últimos anos cresceu muito o número de segmentos vendendo lanches rápidos nas ruas e também os restaurantes por quilo. “As pessoas estão cada dia com menos tempo de irem para casa almoçar. Então elas procuram os restaurantes e lanchonetes próximas do seu trabalho para tentar ganhar tempo. E isso faz com que haja o crescimento do setor cada dia mais”, enfatiza.

 

Ele informa, no entanto, que os clientes e as legislações específicas do setor estão cada vez mais exigentes quanto à qualidade dos produtos e os serviços prestados. Por isso, defende a qualificação e profissionalização, principalmente no que diz respeito à manipulação dos alimentos. “Desde que a Abrasel se instalou em 2007, promovemos mais de três mil qualificações. Mensalmente realizamos o curso de manipulação de alimentos, com apoio de nutricionistas, fazendo a gastronomia ser mais forte em Londrina.”

 

Por conta deste crescimento, duas universidades locais oferecem cursos de Gastronomia e de Nutrição, atendendo ao mercado que procura cada vez mais profissionais qualificados. “Quando se fala em eventos, do que se gasta na cidade, 25% a 30% vai na gastronomia. Diante da exigência dos clientes, também cresce a qualificação profissional com cursos superiores essenciais nessa área”, ressalta Falanca.

 

Roteiros gastronômicos

 

Apesar do crescimento dos estabelecimentos voltados à alimentação em toda a cidade, há regiões de Londrina que se desenvolveram como roteiros gastronômicos. Os mais famosos estão nas avenidas Higienópolis (região central), Santos Dumont (leste), e Maringá (oeste). “A segmentação gastronômica é uma tendência que não tem volta. Regiões como a Gleba Palhano, por exemplo, estão recebendo centros gastronômicos com diversos estabelecimentos. É a lei da oferta e procura. E quem oferecer serviços de qualidade, com higienização, alimentos que agradem ao paladar, serão bem vistos e vão agregar mais aos produtos", salienta o diretor da Abrasel.

 

O sócio-gerente do Casarão, Alexandre Alves de Mello, que administra junto com Daniel Rosa e Beto Scaff um dos restaurantes mais antigos e tradicionais de Londrina, possui uma cozinha variada. "O restaurante não é só um local para alimentação. As pessoas vão jantar, ter momento de lazer, bate-papo, encontro de amigos e familiares. Hoje ele é referência em lazer e entretenimento", afirma.

 

Considerado um dos primeiros estabelecimentos do gênero na Avenida Maringá, o Casarão viu crescer a concorrência no seu entorno, fortalecendo-se como roteiro gastronômico de Londrina. Mello, no entanto, vê esse crescimento como salutar para os negócios. "A Maringá é uma via obrigatória para muitas pessoas. E com a via rápida com que se transformou, muitas pessoas que antes desviavam da avenida estão passando por lá, conhecendo uma gama grande de bares e restaurantes. Temos uma vitrine variada ao cliente", ressalta, citando que por conta dessa visibilidade, consegue economizar em mídia.

 

Instalado na Avenida Higienópolis há 33 anos, o Pastel Mel é outro restaurante tradicional que viu crescer à sua volta o setor gastronômico. "O sucesso faz parte da tradição, manter os padrões com serviços e produto de qualidade", diz a sócia-proprietária Luciana Cotrim. "Hoje temos um atendimento variado, atendendo desde a venda de pastel [carro-chefe do estabelecimento] ao de restaurante."

 

Com este pensamento, Luciana diz que seu estabelecimento procura investir na qualificação profissional dos funcionários. “Temos funcionários que estão conosco há décadas, que começaram aqui, aprenderam uma função e hoje fazem a diferença”, destaca. Sobre a concorrência que cresceu ao longo dos anos, a empresária faz questão de dizer que é preciso se mexer, realizar promoções, entrar nas redes sociais para garantir novos clientes e manter os atuais. “Temos que oferecer serviços e produtos de qualidade. Só assim é que nos mantemos ativo no mercado.”

 

Alexandre Mello concorda com este pensamento e afirma que, apesar da concorrência, procuram justamente apostar em melhoria dos serviços, uma vez que a cozinha já agrada ao público-alvo. “O problema, hoje, é que investimos bastante nos nossos profissionais, mas com a concorrência apertando, aqueles que se destacam acabam sendo atraídos para outras empresas. Mesmo assim, temos uma rotatividade baixa, mantendo muitos profissionais há vários anos no nosso quadro, o que acaba significando em um bom serviço ao público”, afirma.

Pratos e bebidas com gostinho de café

 

A tradição de manter pratos típicos de uma determinada região acaba atraindo o turismo. Mas em Londrina, a falta de uma cozinha específica – até mesmo por conta de sua colonização de várias etnias – faz com que tenhamos restaurantes de comida chinesa, japonesa, portuguesa, árabe, alemã… O regionalismo fez com que o turismo rural descobrisse o potencial da “cozinha caipira”, transformando chácaras e sítios em grandes restaurantes, seja na região norte (Warta ou Heimtal), na leste (patrimônio Limoeiro), ou na sul (região da Aviação Velha e no caminho para São Luiz.)

 

Pensando justamente em fazer de Londrina um polo de cozinha, a Abrasel, junto a outras entidades, resolveu investir na história e potencial da região com o café, agregando esse produto à culinária local. “Não queremos criar pratos à base do café, mas oferecer produtos diferenciados que têm como um dos ingredientes esse grão que ajudou no desenvolvimento do norte do Paraná”, comenta Arnaldo Falanca. Com isso, nasceu o Fest Café, um festival gastronômico em que diversos estabelecimentos associados à entidade criam pratos com o café. “O objetivo é oferecer um prato que tenha um aroma do café. E diversos parceiros já aderiram a este projeto, tanto em Londrina, como em Arapongas e Ibiporã”, cita Falanca.

 

A terceira edição foi realizada em agosto, finalizando no dia 31 com um passeio pela Rota do Café. O objetivo deste projeto, com o apoio do Sebrae, é oferecer roteiros que levam o visitante a uma aventura de volta às origens, conhecimento da história e vivência dos atrativos naturais e culturais do norte do Paraná. O foco principal está em visitar as fazendas histórias, centros culturais, restaurantes rurais e lugares pitorescos, oferecendo uma opção a mais de turismo e gastronomia na região de Londrina.

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