Crônica em homenagem ao professor José Monir Nasser

Por Paulo Briguet/Gazeta do Povo José Monir Nasser, que morreu no dia 16 de março, em Curitiba, foi o pai intelectual de um sem-número de pessoas. Empresários, estudantes, professores, economistas, […]

Apiki

Compartilhe com o universo

Compartilhar Crônica em homenagem ao professor José Monir Nasser no Linkedin Compartilhar Crônica em homenagem ao professor José Monir Nasser no Twitter Compartilhar Crônica em homenagem ao professor José Monir Nasser no Facebook

Por Paulo Briguet/Gazeta do Povo

José Monir Nasser, que morreu no dia 16 de março, em Curitiba, foi o pai intelectual de um sem-número de pessoas. Empresários, estudantes, professores, economistas, profissionais liberais, presidentes de entidades, jornalistas – todos se tornavam alunos diante dele. Era um educador no sentido verdadeiro da palavra, se pensarmos que a palavra educar vem do latim ex ducare, conduzir para fora. Suas aulas sobre literatura, filosofia e desenvolvimento econômico literalmente conduziam os ouvintes para fora da caverna da ignorância, mostrando-lhes a luz pura e espiritual do conhecimento. Luz que emanava dos grandes clássicos: Aristóteles, Platão, Santo Agostinho, Boécio, Dante, Shakespeare, Dostoievski, Kafka, Chesterton.

Virgílio de tantos pequenos Dantes, que antes de conhecê-lo não conheciam a comédia das próprias vidas, ele comprovou que o mundo da criação literária e o mundo da criação de riquezas não estão separados, mas fazem parte de um mesmo princípio, essencialmente espiritual. Uma de suas frases – e ele era um frasista genial – ilustra esse pensamento: “Uma sociedade não pode ser rica antes de ser inteligente. Não pode existir uma economia realmente sólida e desenvolvida sem que haja uma elite cultural voltada para os bens espirituais, capaz de guiar, julgar e interpretar os esforços da comunidade”.

Era um crítico impiedoso do sistema educacional brasileiro – esse mesmo sistema que dá nota máxima a redações com erros primários de ortografia e concordância. Em uma de suas palestras, sentenciou: “O que chamamos de educação é, na verdade, ensino. E esse ensino não passa de uma distribuição de promoções sociais em forma de diplomas, na qual ninguém acha que vai aprender coisa alguma”.

Um padre amigo costuma dizer que a vida humana é sustentada por dois pulmões: a fé e a cultura. Monir sabia muito bem disso. No sábado passado, uma empresária aluna (ele não tinha “ex-alunos”) lembrou-se de um episódio em que se queixava ao professor das dores e dramas da vida cotidiana. Monir respondera à empresária, com um sorriso: “Neste mundo não vamos encontrar a tranquilidade. A paz definitiva só existe no Céu”.

Minutos depois de a aluna ter recordado esse episódio, José Monir Nasser fez a sua passagem definitiva. Deixou muitos órfãos – inclusive o autor destas linhas, que nunca o encontrou pessoalmente, mas leu e ouviu suas palavras de mestre.

Obrigado, professor Monir.

Leia também