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Fazer bons negócios faz toda a diferença. Cesar Paiva, dono da Real Investor Gestão de Recursos garante que determinação e planejamento são algumas medidas que podem ser adotadas

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Por Michelle Aligleri – Revista Mercado em Foco – ACIL

 

Mercado em Foco – Como começou a sua história e o que você fez para chegar onde está?

Cesar Paiva – A minha história começa em Londrina. Sou pé-vermelho, meus pais também são daqui. Não sei exatamente onde começou o meu interesse para chegar nesta área de investimentos, mas desde criança eu sempre gostei de guardar dinheiro, desde dinheiro de presente, de lanche da escola, eu sempre tinha uma certa economia. Eu acho que a partir do momento em que você tem um pouco de dinheiro é natural cair no mundo dos investimentos. Comecei desde cedo a investir este dinheiro e estudar sobre isso. Com 14 anos já tinha algum investimento mais simples e aos 17 anos eu fiz o meu primeiro investimento em ações. Desde lá eu nunca mais parei. Encontrei aquilo que eu amo fazer.

MF – Profissionalmente, que caminho você percorreu até agora?

CP – Sou formado em Administração pela PUC/PR, fiz o curso em Londrina, logo depois fiz dois MBA pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), um em Gestão Empresarial e outro em Finanças e Auditoria. Profissionalmente, logo que iniciei a faculdade comecei a trabalhar no meu primeiro emprego. Como gostava da área financeira, fiquei durante dois anos em um banco e lá, me incomodei com o fato dos investimentos dos clientes trazerem mais benefícios aos banqueiros do que aos próprios clientes. Por conta disso, pedi demissão. Em seguida, em 2006, decidi passar um período em São Paulo. Foram cinco meses, tive oportunidade de fazer vários cursos do mercado financeiro e investimento em ações e fiz estágio em uma corretora.

MF – E depois do tempo em São Paulo essa história continuou em Londrina?

CP – Sim, eu voltei para Londrina. Como nasci, tenho família e amigos aqui, vi mais vantagem em voltar para cá do que ficar na loucura de São Paulo. No fim de 2006, abri aqui uma empresa e comecei a trabalhar como agente autônomo de investimentos, mas não fiquei muito satisfeito. O agente autônomo de investimento é como se fosse um corretor, ele ganha comissão sobre os produtos que comercializa e ganha corretagem na parte das ações. Quanto mais eu fazia o cliente comprar e vender mais eu ganhava, então existe um certo desalinhamento. Isso fez com que eu desistisse dessa profissão no fim de 2008. Neste mesmo período, decidi fazer aquilo que mais acreditava: gerenciar investimentos de recursos próprios e de terceiros. No dia 4 de dezembro de 2008 foi criado o Clube de Investimentos em Ações Real Investor e foi onde tudo começou.

MF – Quando você falou para a sua família que abriria o Clube, eles te apoiaram?

CP – Sim, sempre me apoiaram, mas, sinceramente, acho que eles não entendiam exatamente o que eu estava buscando. Quando pedi demissão do banco, no passado, a minha mãe ficou com receio porque considerava um emprego bom. No entanto, meus pais nunca fizeram nenhum tipo de objeção e sempre me deram liberdade para eu fazer o que queria.

MF – E o Clube de Investimentos, em que situação foi criado?

CP – Ele nasceu com três cotistas no dia 4 de dezembro de 2008: eu, meu pai e minha mãe. Tem um agravante no meio do caminho porque este clube foi aberto no meio de uma crise. Era um momento em que quase ninguém queria saber de investimentos em bolsa. A gente decidiu abrir o clube justamente porque era um ano que havia empresas baratas e muitas oportunidades de bons negócios. Vale aquele ditado que diz que em meio às crises existem grandes oportunidades. Antes de abrir o clube eu estudei livros de bons investidores e me deparei com vários conselhos do que funciona e do que não funciona. Um deles, que eu destaco, é o livro “O Investidor Inteligente”, do Benjamin Graham. Eu coloquei todo o dinheiro que eu tinha dentro do Clube, logo depois entraram pessoas mais próximas, amigos, clientes… Era uma promessa de que a gente ia fazer o melhor. Alguns anos depois o Clube se tornou Fundo de Investimentos em Ações Real Investor e as pessoas que investem no fundo têm certeza de que a gente está alinhado. Eu, Cesar, gestor do Fundo, tenho quase todo o meu dinheiro investido nele, hoje este é o principal veículo de investimento da Real Investor Gestão de Recursos, não é uma promessa que isso dá certo, mas é uma promessa que a gente faz aquilo que está recomendando.

MF – E atualmente o Fundo tem ganhado destaque?

CP – Tem feito um belo sucesso. Está entre os melhores fundos de ação do país. Completou dez anos de existência e atingiu um retorno acumulado de 970%, enquanto o Ibovespa apresentou resultado de 180% no mesmo período. A cota do fundo está em torno de 10.7, isso significa que se alguém tivesse investido R$ 100 mil quando o Fundo foi aberto, hoje esta pessoa estaria com 1 milhão e 70 mil Reais.

MF – Qual é o perfil dos investidores?

CP – Temos vários tipos de investidores, acho que a grande graça de investir é justamente fazer um esforço em algumas fases da vida para colher os frutos depois. Tem muitas pessoas que estão começando a formar um patrimônio, pensando para daqui 10, 20, 40 anos. Tem também pessoas já muito bem resolvidas que estão procurando um ganho um pouco melhor e aqueles que já estão pensando nas próximas gerações, porque já acumularam capital suficiente para a vida deles e querem deixar para os herdeiros, ajudar algumas causas específicas… O que fazer com o dinheiro cada um escolhe, o nosso trabalho é fazer a gestão para ter o melhor retorno sem correr riscos desnecessários.

MF – O risco existe, não tem como?

CP – Sim. Às vezes você pode fazer um investimento muito arriscado, com retorno potencial alto, mas que se der errado pode perder tudo. Este não é o tipo de investimento que a gente tem interesse, a gente prefere não fazer. Contamos com uma equipe de 19 pessoas, entre colaboradores e funcionários e o nosso trabalho aqui é estudar cada empresa que vamos investir, nos certificar de que é uma empresa boa, bem gerida, com donos competentes e honestos e que esteja sendo negociada a um preço atrativo. Atualmente, há mais de 400 empresas de capital aberto no Brasil e o diferencial da equipe está em escolher algumas destas empresas que têm boas perspectivas, boa gestão e preços interessantes para compor a carteira do fundo. Sou um cara que ama o que faz, todos os dias eu estou estudando, conversando com a equipe, visitando empresas.

MF – Quando você revê a sua trajetória, que sentimento vem à tona?

CP – Hoje me considero realizado na minha atividade profissional. Olhando para trás, vejo que desde a experiência que eu tive no banco, o estágio na corretora, a decisão de atuar como autônomo e de abrir o Clube de Investimento, tudo isso fez muito sentido para eu chegar até aqui. Eu amo o que eu faço, brinco com todo mundo falando que vou continuar fazendo isso por pelo menos mais 50 anos. Meu objetivo agora é ter um dos melhores fundos de investimentos do Brasil e do mundo.

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