No dia 25 de julho (quinta-feira), às 19h:30, será realizado o lançamento da 2ª edição do livro Dos Porões da Delegacia de Polícia, do jornalista e escritor Marinósio Filho (1914-1990). A obra é uma síntese dos 17 anos dedicados ao jornalismo policial vivido à frente do jornal O Combate, dirigido por Marinósio. O evento que reunirá os amigos e familiares do autor acontece no saguão José Bonifácio, na ACIL, (Rua Minas Gerais, 297). Já no dia 3 de agosto, acontece a festa de lançamento do livro, com início às 20h30, no Bar Brasil. A entrada é franca e haverá uma distribuição gratuita, porém, limitada do livro. Logo em seguida, começa a festa com muita música boa. Discotecagem: Artur Neto (disco-black music) / Opium Jones (rock-indie-alt) / Caio (rock 60's e 70's). A reedição e contextualização histórica foi realizada pelos jornalistas Felipe Melhado e Tony Hara.
O Projeto
Publicado originalmente em 1979 pelo jornalista Marinósio Filho, o livro é uma coleção de crônicas que dizem respeito a dois momentos da história da cidade. A primeira parte relata os acertos e desacertos entre o aparato policial e as figuras do crime durante as primeiras décadas da colonização. A segunda compila uma série de estórias de abuso de autoridade policial ocorridas nos anos da ditadura militar.
A segunda edição de Dos Porões da Delegacia de Polícia integra a Coleção Doc.Londrina, da editora Kan. Este é o segundo título publicado por esta coleção que também já lançou o romance satírico Escândalos da Província, do jornalista e escritor Edison Maschio.
A coleção Doc.Londrina conta com o patrocínio do PROMIC – Programa Municipal de Incentivo a Cultura.
O Livro
O primeiro jornalista a explorar sistematicamente o mundo cão em Londrina foi o baiano Marinósio Trigueiros Filho. A saga pelo submundo começa em 1948, ano do lançamento do jornal O Combate. Durante 17 anos, Marinósio Filho caçou notícias no baixo ventre da cidade, transformando o leitor numa espécie de voyeur da vida marginal londrinense. Ao longo desse tempo, muitas histórias foram recolhidas nos plantões da delegacia de polícia e nas rodas boêmias onde a fofoca, o boato, o comentário indiscreto, animavam as madrugadas ébrias em cabarés e bares da zona do meretrício. O jornalista boêmio conversou com gente de todas as laias e tipos. Do coronel ao cáften, do peão arrancador de tocos ao fino advogado. Muitas dessas histórias foram escritas em letra de fôrma e impressas no jornal. Em 1979, aos 65 anos, Marinósio Filho revisita esse mundo, ou melhor, esse submundo da Londrina antiga. Nascia o livro Dos porões da Delegacia de Polícia.
Na segunda parte do livro não há glamour. Palmatória, remo, afogamento, pau de arara, choque. Para retratar o trabalho da polícia na década de 1970, Marinósio Filho reúne e chama para o texto inúmeras denúncias de abusos e violências cometidos por agentes da lei contra os pés de chinelo, agora elevados à categoria de grande ameaça à ordem pública. Se nas décadas anteriores as prostitutas e os desocupados representavam o papel de indivíduos perigosos, na década de 1970, os pequenos delinquentes tornaram-se a razão de ser da polícia. Surgiu uma nova expressão na imprensa, a “violência urbana”; e uma nova sentença com ares de verdade: “bandido bom é bandido morto”.
Ao contrário da maioria, Marinósio Filho sai em defesa dos presos comuns torturados dentro das delegacias de polícia. Na década de 70, com os militares no poder, a moda era matar bandidos em operações espetaculosas, com muitos tiros e flashes. Jornalistas como David Nasser, presidente de honra da Scuderie Le Cocq (também conhecido como Esquadrão da Morte), e o jovem radialista Afanázio Jazadi defendiam abertamente as ações dos grupos de extermínio no Rio e em São Paulo. Marinósio Filho fazia parte do grupo minoritário que repudiava a polícia que prende, julga, tortura e mata.
Dos Porões da Delegacia de Polícia é o segundo volume da coleção Doc.Londrina, que tem o objetivo de devolver ao círculo de leitores londrinenses obras esquecidas da produção local. A 2ª edição do livro de Marinósio Filho conta com o patrocínio do PROMIC – Programa Municipal de Incentivo a Cultura.
O autor
Marinósio Filho nasceu em Salvador (BA), em 1914. Aos 25 anos saiu pelo mundo como músico, compositor, homem da noite e da vida boêmia. Ele passou quase nove anos na estrada e viveu como um artista mambembe em diferentes capitais do país. Manaus, Belém, Rio, São Paulo, Florianópolis, Porto Alegre e até mesmo Montevidéu onde gravou três discos pela Son d’Or. Uma das músicas gravadas foi a marchinha “Cachaça não água” que estourou no Carnaval carioca de 1953. Chegou em Londrina em 1947, envolveu-se amorosamente com a dona de um bordel, viveu o auge da Vila Matos, a zona do meretrício, que como diz a lenda, era a maior e mais luxuosa do Brasil.
Em Londrina, Marinósio Filho se dedicou ao jornalismo e aos livros. 17 anos a frente de O Combate. Publicou três livros de poesia. E mais 5 obras. Destaque para Crimes que Abalaram Londrina e História da Imprensa de Londrina — do baú do jornalista (em parceria com Marinósio Neto).
Marinósio Filho morreu no dia 9 de setembro de 1990, aos 76 anos de idade. Seu corpo foi enterrado no Cemitério São Pedro. A seu pedido, na lápide está gravado o seguinte epitáfio: Aqui jaz, contra a vontade, Marinósio Trigueiros Filho.
Serviço:
Lançamento – Dos Porões da Delegacia de Polícia 2ª Edição
Autor: Marinósio Filho
Editora Kan
Quinta (25 de julho) – 19h30
Saguão José Bonifácio (ACIL) – Rua Minas Gerais, 297