Londrina mais perto do céu

A Gleba Palhano é o símbolo de uma cidade apaixonada por prédios. E eles estão cada vez mais altos

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Fonte: Folha de Londrina

Do perímetro urbano da Rodovia Celso Garcia Cid (PR-445), o horizonte que se avista é o convívio harmônico entre os ousados espigões erguidos pelo homem e aquilo que a natureza se encarregou de fazer. Difícil não admirar a skyline de uma cidade que se orgulha de sua crescente verticalização. "Nós [londrinenses] gostamos de prédio", afirma o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná (Sinduscon Norte), Osmar Ceolin Alves. Não é exagero. Em 2006, Londrina já aparecia em sétimo lugar no ranking das cidades com maior número de edifícios por habitantes (402 empreendimentos), conforme último levantamento feito pelo site especializado skyscrapercity.com. 

De lá para cá, a paixão só cresceu. Os prédios continuaram nascendo em profusão, especialmente na Gleba Palhano (zona sul), bairro classe A que iniciou seu processo de ocupação há cerca de nove anos. Alguns impressionam pela beleza e imponência, tão altos que parecem querer disputar entre si quem mais se aproxima de Deus. 

O conceito de arranha-céu, aliás, varia conforme o parâmetro de cada região. Os maiores edifícios do mundo têm mais de 600 metros de altura. No Brasil, os arranha-céus não chegam a 200 metros. O prédio mais alto continua sendo o cinquentão Mirante do Vale, em São Paulo, com 170 metros e 51 andares. O Edifício Itália, também na capital paulista, vem a seguir: 46 andares erguidos em 165 metros. O Paraná só aparece em 19º lugar no ranking da consultoria Emporis Buildings, com o curitibano Universe Life Square, projetado para ser entregue ainda neste ano com 45 andares (152 metros). 

Os maiores edifícios residenciais de Londrina estão a mais de 120 metros do solo. O gigante pé-vermelho é o Torre de Alicante, da Galmo Engenharia, com 38 pavimentos, sendo 35 de apartamentos, e 130 metros de altura. O Torre de Málaga, da mesma empresa, é o segundo mais alto, com 34 pavimentos (32 apartamentos) e 120 metros. A A. Yoshii entregará em setembro o seu maior espigão, Maison Heritage, com 36 andares, e prepara futuros lançamentos igualmente imponentes, como o Legend, com 35 pavimentos, previsto para ser entregue em 2016, e o Maison Infinity, com 35, para 2017. 

Em 2010, a construtora Plaenge entregou o L’Essénce, seu maior empreendimento vertical em Londrina, com 30 andares. A empresa também tem prédios de 25 a 28 pavimentos no mercado e não pretende passar disso em futuros lançamentos. "Hoje, fazer arranha-céus não é nossa premissa. Analisamos aspectos como a quantidade de moradores, como ficará o empreendimento e a estrutura em seu entorno. Não é só a questão do terreno", informa Sérgio Pereira, gerente de incorporações da construtora. A Thá prevê para janeiro de 2017 a entrega do Greenwich Park, que terá 31 pavimentos. 

Vizinhos

Além do alto padrão, todos esses arranha-céus têm em comum o fato de serem vizinhos: estão localizados na Gleba Palhano e arredores (o empreendimento da Thá está sendo erguido à margens da Rodovia Mábio Palhano, ao lado do Catuaí Shopping). E há explicações para isso. Começa que a região é uma das mais valorizadas da cidade. "A verticalização, o número de andares, está diretamente ligado ao preço do metro quadrado. Exemplo disso é Balneário Camboriú", afirma o presidente do Sinduscon Norte. De fato, a cidade litorânea preferida dos londrinenses tem duas torres gêmeas entre os quatro prédios mais altos do País, com 49 andares cada um. 

Na Gleba Palhano também se concentra a maior demanda de áreas livres para construção. Como a altura de um empreendimento está diretamente ligada ao tamanho do terreno em que ele será erguido, maiores terrenos sempre irão permitir a construção de prédios mais altos. 

Um outro fator limitador para a construção de grandes empreendimentos na área central é o chamado cone aéreo, espaço determinado pela Aeronáutica para proteger as áreas de voo. Quanto mais próximo do aeroporto, menor deve ser a altura dos edifícios. A Gleba Palhano está fora da área de abrangência do cone. 

"Um fator que veio impulsionar o surgimento de grandes empreendimentos na cidade sem dúvida é o desenvolvimento tecnológico da engenharia. São equipamentos para fundação, ferramentas de software para cálculo estrutural, simulação de cargas de ventos para calcular a resistências dos materiais, sistemas hidráulicos eficientes, enfim, há toda uma estrutura tecnológica envolvida que permite que se construam edifícios altos com segurança", afirma o diretor da Galmo Engenharia, Fernão Galindo. 

Silvio Muraguchi, da A. Yoshii, diz que a empresa segue critérios específicos para lançar seus edifícios de grande porte. "A empresa faz uma análise do mercado e lança o empreendimento de acordo com as necessidades dos clientes que procuram empreendimentos de alto padrão, em locais privilegiados da cidade. Além disso, os projetos são elaborados de acordo com os parâmetros de utilização do solo", salienta. 

Osmar Alves, do Sinduscon Norte, ressalta que a cidade ainda tem potencial para continuar seu processo de verticalização, uma tendência que, segundo ele, também gera qualidade de vida. "Há espaço para prédios mais altos. Terrenos maiores propiciam maiores áreas de lazer. E há também a questão da segurança, a facilidade na manutenção, além da norma desempenho em vigor desde o ano passado que trouxe exigências maiores quanto à qualidade de vidro, acústica, conforto térmico. Tudo isso leva a pessoa a optar por morar em apartamento", argumenta. 

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