Fonte: Jornal de Londrina
As restrições de espaço físico na zona urbana e os limites impostos pelo Plano Diretor provocam a falta de terrenos para a instalação de empresas em Londrina. O Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Idel) já tem uma fila de espera de mais de 100 solicitações de indústrias que planejam ampliar ou começar a produzir na cidade. O Idel não revela os nomes das empresas, mas atesta que se tratam de negócios com foco em logística, confecções, fabricação de alimentos e metalurgia. O poder público não tem espaço físico em áreas industriais para acomodá-las.
Sem saídas na zona urbana ao norte, leste e oeste, limitação decorrente das divisas com os demais municípios da Região Metropolitana de Londrina, o Idel prevê que a expansão de Londrina em curto prazo, nos próximos três ou quatro anos, será rumo ao sul do município. É justamente onde estão concentrados os ecossistemas importantes para a produção de água e para a qualidade de ar da cidade – como o Ribeirão Cafezal, usado no abastecimento público, e a Mata dos Godoy, remanescente florestal nativo.
A lei da Política de Desenvolvimento Industrial de Londrina prevê doações de terrenos e isenções de impostos municipais – como IPTU, ITBI e ISS – por até 15 anos, de acordo com o número de empregos criados pela empresa.
A Prefeitura de Londrina calcula ter hoje menos de 300 mil metros quadrados de terrenos livres e prontos para a instalação de empresas – 100 mil metros quadrados já estão reservados para a ampliação da multinacional San Disk, em parceria com a londrinense TMT, na zona leste, próximo à Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR).
“As áreas disponíveis para aquisição do poder público, em locais onde indústrias podem se instalar, de acordo com o Plano Diretor, já estão supervalorizadas”, atesta Mario Kumagai, presidente do Idel. “Temos dificuldade até mesmo de adquirir terrenos”, revela. Segundo Kumagai, o metro quadrado de terrenos nas oito regiões industrializáveis de Londrina – a maioria nas zonas norte e leste – custa R$ 6. Na área de expansão urbana prevista no novo Plano Diretor, rumo à zona sul, o mesmo metro quadrado, por enquanto, custa R$ 1. “Expandir ao sul é a nossa única oportunidade”, acredita.
“Apesar da falta de terrenos, temos que manter a política industrial em curso”, explica Marcos Von Borstel, diretor do Idel. Londrina tem atualmente 2,6 mil empresas registradas na Secretaria de Fazenda: “A chegada de uma empresa desenvolve toda a cadeia produtiva do segmento. Uma empresa como a Atlas (elevadores), por exemplo, gera 400 empregos e atrai outras 32 indústrias de suporte à produção”, detalha Von Borstel. “E é com elas que este ano, pela primeira vez, a arrecadação do Imposto sobre Serviços (ISS) será maior do que a de IPTU, que há décadas era considerado o principal imposto da cidade”.
Apesar de Londrina ter base no agronegócio e na prestação de serviços, o Idel insiste na atração de indústrias diante da constatação geral de que fábricas turbinam, sobretudo, a arrecadação do ICMS estadual, que repercute no aumento do Fundo de Participação dos Municípios, dividido pelas cidades no Paraná.
Tecnologia
A empresa Angelus tem 17 anos, mas instalou-se no Parque Industrial Francisco Sciarra, zona norte, apenas em janeiro de 2008. No parque, há muito mais espaço para empreendimentos focados não só na fabricação como no desenvolvimento de novos produtos – no caso da Angelus, o setor odontológico. Exporta para mais de 40 países na Europa, América Latina e Leste Europeu e está em um terreno de 13 mil metros quadrados.
“O terreno doado pelo Município nos permitiu reservar recursos para comprar equipamentos e desenvolver tecnologia”, conta Paulo Calixto, diretor-financeiro da empresa. Embora tenha recebido o terreno, a empresa paga R$ 16 mil anuais em IPTU. “Estamos na segunda fase de ampliação da empresa e até 2014 as perspectivas são as melhores”, diz o diretor. “O edital de chamamento público está aberto. Não é toda empresa que consegue se instalar ali”, explica o presidente do Idel, Mario Kumagai.
A Angelus, por enquanto, tem a companhia de apenas mais duas empresas no Parque Francisco Sciarra – o Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) e a International Seals, de soluções para equipamentos industriais. “É um foco específico de empresas, habituadas a pesquisar e desenvolver tecnologia. Imagine o valor de uma patente londrinense que vai para fora do país. Agrega um valor inestimável para a cidade”, diz Kumagai.