Fonte: Folha de Londrina
Londrina terá 11 feriados em dias úteis em 2014, um a mais do que no ano anterior. O aumento no número de folgas anima o trabalhador, que espera descansar e ficar com a família, mas inflama o discurso de empresários contrários às paralisações, por receio de perda de receita.
Também há aumento de oito para nove no número de paralisações que caem nas segundas, terças, quintas e sextas-feiras, usadas por órgãos públicos e por algumas categorias profissionais para folgas prolongadas. Se considerada a possibilidade de a Seleção Brasileira jogar em cinco dias úteis, caso chegue à final da Copa do Mundo, serão 16 datas no ano com expediente prejudicado.
Conforme levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o Brasil tem nove feriados nacionais e sete pontos facultativos, alguns dos quais se tornaram oficiais, como a segunda e a terça-feira de Carnaval. Somados às 39 folgas estaduais, as datas representam R$ 42,2 bilhões em perdas para a indústria, ou 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro projetado para 2013 pelo órgão, de R$ 1,198 trilhão.
No Paraná, o PIB industrial estimado pela Firjan é de R$ 67,397 bilhões e apenas os feriados nacionais significariam uma renúncia de R$ 2,140 bilhões, ou 3,2% do total. O valor representaria R$ 154 milhões em 11 dias parados em Londrina em cálculo da reportagem, já que em novembro, quando sindicatos patronais buscaram a Justiça para manter o expediente no Dia da Consciência Negra, a Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil) e o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Londrina (Sindimetal) divulgaram que R$ 14 milhões deixam de circular na cidade a cada data do tipo.
O presidente do Sindimetal, Valter Orsi, afirma que cada paralisação prejudica o setor industrial porque a produção está atrelada às horas trabalhadas e não pode ser reposta no dia seguinte. "No mês em que há um feriado a mais, a produção será menor, mas o custo será fixo."
Orsi considera que a competitividade no setor passou a ser tamanha que qualquer oscilação cambial ou redução dos dias trabalhados podem afetar as margens de lucro. Economista e supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Paraná, Sandro Silva contesta. Ele diz que a maioria dos feriados são antigos e que outras regiões e países também têm dias de folga. "É preciso ter equilíbrio. Não adianta trabalhar demais sem descanso porque a produtividade vai cair."
O economista do Dieese afirma que a questão já foi levantada pelas centrais sindicais durante discussão com o governo, em estudo para pedir a redução da carga horária do trabalhador. "O cansaço faz o funcionário render menos. É só perceber como a pessoa rende menos no fim do dia", conta. Ele diz ainda que a discussão sobre margem de lucro não procede, porque a produtividade aumentou bem mais do que os salários.
Sobre o risco do prolongamento de folgas, Orsi diz que prefere quando o feriado cai na segunda ou na sexta-feira. "Quando cai no meio da semana, a pessoa acelera e desacelera, de olho na folga, o que também prejudica a produtividade."
Sem descanso
Em Londrina, o Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, foi considerado feriado entre 2009 e 2012. No entanto, uma enxurrada de pedidos de liminares e de ações na Justiça propostas por sindicatos patronais culminou com a suspensão da folga para trabalhadores na data. A prefeitura e os líderes do Movimento Negro na cidade ainda pretendem reverter a decisão, que deve chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na esteira da discussão, a Acil e o Sindimetal enviaram ofício ao prefeito Alexandre Kireeff, para pedir a revisão dos dois feriados municipais que restaram. Orsi afirma que ainda não houve resposta do Executivo.
O Paraná também tem o seu feriado estadual em 19 de dezembro, pela Emancipação Política do Estado. A data é considerada ponto facultativo e costuma valer somente para alguns órgãos públicos.



