Fonte: Assessoria ACIL
Em 1º de abril de 1976 as cidades de Londrina e Toledo (Ohio-EUA) tornaram-se irmãs, com o objetivo de estreitar os laços econômicos e culturais em níveis de cooperação. Por isso, o Núcleo de Desenvolvimento Empresarial (NDE), coordenado pela ACIL, recebeu na terça-feira um paranaense radicado em Toledo. Marcio Sandri estava de passagem por Londrina, onde possui familiares, e falou sobre as oportunidades e ações que podem fazer as duas cidades se aproximarem. A conversa revelou um pouco da dinâmica das relações internacionais e trouxe dicas preciosas para o associado da ACIL.
Não custa lembrar que, no Portal da Prefeitura, Londrina tem ao menos nove cidades listadas como irmãs. Seria importante se o título realmente se transformasse em um intercâmbio capaz de proporcionar desenvolvimento mútuo. Além de Toledo, são irmãs de Londrina: Leon (Nicarágua), Nishinomiya (Japão), Nago (Japão), Guimarães (Portugal), Módena (Itália), Zhenjiang (China), Concepción (Paraguai) e Bilbao (Espanha).
Além da presidente Marcia Manfrin e do vice-presidente Hélio Terzoni, da ACIL, a reunião contou com Sandro Nóbrega (Sinduscon), Marcus Gimenes (Sindimetal), Alex Canziani (Prefeitura de Londrina), Fabricio Bianchi (Sebrae), Renata Queiroz (Codel), Heverson Feliciano (Sebrae), Carlos Costa Branco (Ceal), Sérgio Ozório (Sebrae), Marcus Von Borstel (Fiep), Marcos Rambalducci (UTFPR) e Marcelo Janene El-Kadre (SRP).
Nascido em Faxinal e formado em Engenharia, Marcio Sandri é presidente da divisão de compósitos (fibra de vidro) da empresa Owens Corning, em Toledo. A Owens Corning é líder mundial na área de isolamento térmico e na fabricação de telhas de asfalto, muito utilizadas nos Estados Unidos, e atua em 20 países, mantendo desde 1972 uma unidade em Rio Claro (São Paulo).
Na conversa, uma tendência do mercado internacional foi logo evidenciada. Em vez de construir uma nova fábrica, as empresas passaram a comprar fábricas já existentes para aproveitar, dependendo da localidade, a logística, os incentivos e a mão de obra especializada. Esses três fatores, são, portanto, determinantes para a instalação de uma nova unidade da Owens Corning em qualquer lugar do planeta.
“Fazer uma fábrica nova custa muito caro. Quanto há uma fábrica já existente, o custo da infraestrutura de uma expansão é menor do que o de uma fábrica nova”, revela Sandri. Logística, incentivo e mão de obra são tão fundamentais que, às vezes, a abundância de um fator compensa a fragilidade de outro. Tudo, claro, contabilizado na ponta do lápis.
Com a experiência de quem já viveu em vários países, entre eles Estados Unidos, China e México, Marcio Sandri avalia que Londrina causa uma boa impressão em qualquer visitante. Mas a questão de logística pode ser um problema. Imaginem, por exemplo, uma fábrica que movimenta 200 caminhões por dia instalada na cidade? Haveria condições de arcar com um tráfego dessa intensidade?
Por outro lado, a qualidade de vida vem atraindo principalmente profissionais que já não precisam trabalhar presencialmente, resolvendo sua rotina pela internet. E, neste ponto, Londrina ganha destaque. Mas, para atrair empresas internacionais, é preciso acelerar o Plano Diretor, por exemplo. Planejamentos dão segurança a qualquer pessoa que deseja se instalar na cidade.
Outro ponto importante é o meio ambiente. Em muitos países, as regras estão ficando cada vez mais rígidas, exigindo muitos investimentos. É preciso acompanhar essa movimentação, pois a preservação ambiental é hoje um ativo importantíssimo nas relações internacionais. Quem oferecer boas condições e incentivos, certamente sairá na frente.
Com cerca de 300 mil habitantes, reforçados pela população de várias cidades no entorno, Toledo já passou por diferentes ciclos econômicos. Foi da criação de porcos à extração de gás, passando pela industrialização, incluindo as indústrias de autopeças que se instalaram pela proximidade com Detroit. Mas, nos anos 80, a indústria automobilística dos Estados Unidos sofreu um baque, com o deslocamento das fábricas para o sul do país ou o México. Em Toledo, as indústrias se foram, mas as sedes – os headquarters – ficaram.
As semelhanças com Londrina incluem uma revitalização do centro histórico. Lá, eles conseguiram renovar todo o centro, protegendo alguns prédios antigos, de valor histórico, e destruindo outros para criar praças. Os projetos de preservação ambiental também foram bastante valorizados. Hoje, Toledo se preocupa mais em manter as empresas que possui do que em atrair novas.
Para Marcio Sandri, há proximidade com as reformas que o centro de Londrina vem realizando. Lá, também, o setor produtivo se organizou em estruturas parecidas com a do Núcleo de Desenvolvimento Empresarial, e por isso, existe a possibilidade de aproximar essas organizações para a troca de experiências e projetos.
O alerta, porém, permanece: Londrina precisa de rodovias de alta qualidade e terminais ferroviários. Sem uma boa logística, é mais difícil atrair empresas.