Fonte: Jornal de Londrina
O tenente-coronel Altivir Cieslak assumiu nesta terça-feira, dia 22, o comando do 5º Batalhão da Polícia Militar e confirmou a existência de estudos para um projeto de reestruturação e reconstrução de bases e módulos policiais, abandonados desde 2003, no governo de Roberto Requião (PMDB). Na época, foi criado o projeto Povo, que previa o policiamento volante em substituição ao fixo. A volta dos módulos em todo o Paraná, é uma promessa de campanha do governador Beto Richa (PSDB).
Durante a posse, Cieslak, que já ocupou diversas funções de planejamento em Curitiba e Londrina, frisou que os módulos “são bases importantes que funcionam como referência para a comunidade”, mas ele vê impedimentos para adoção imediata da medida diante do número de policiais disponíveis. “Havendo efetivo, é um ótimo instrumento para a sensação de segurança. Os estudos começaram antes mesmo da minha chegada e obviamente tudo depende da nossa capacidade de resposta”. Em Londrina, os módulos existentes ou foram demolidos ou estão ocupados pela Guarda Municipal – como na entrada do bosque no centro da cidade.
O novo comandante preferiu não antecipar o número de módulos que seriam reinstalados – nem mesmo os locais possíveis – e vinculou diretamente a nova forma de atuar na segurança à existência de efetivo suficiente para permanecer nas estruturas. “O programa pode ser colocado em prática paulatinamente, de acordo com os recursos. A avaliação do comando aqui e em Curitiba é de que o efetivo precisa ser incrementado”.
De acordo com o novo comandante, as estruturas podem ser instaladas “uma por uma” e uma das possibilidades de construí-la é por parcerias com a sociedade. “É uma fórmula que ainda tem que ser equacionada.”
O efetivo abaixo do ideal, de fato, é uma das “heranças” deixadas para Cieslak e que igualmente preocuparam o agora ex-comandante César Kogut, que se torna major. “O Cieslak conhece a limitação de efetivo”, afirma. Segundo Kogut, o 5º Batalhão tem perto de 750 policiais. Três anos e meio atrás, quando assumiu, o ex-comandante do 5º Batalhão afirmou ter disponível “mais de 1.000”. Segundo ele, o ideal para Londrina é que houvesse à disposição pelo menos 1,2 mil policiais militares “para uma atividade preventiva firme”.
Prioridades
O novo comandante do 5º Batalhão da PM enviou a Curitiba um Plano de Trabalho com cinco metas-alvo para ações na segurança da cidade. Segundo o tenente-coronel Altivir Cieslak, o foco de atuação em Londrina será prioritário para os crimes contra a vida – como homicídios e trânsito. Em segundo lugar, Cieslak diz que priorizará o combate aos crimes contra o patrimônio privado e em terceiro prevê uma atuação policial mais firme contra o tráfico de drogas. A perturbação do sossego público, “principalmente problemas com som alto e barulho”, também merecerá mais atenção da PM, promete o comandante.
Quem é Altivir Cieslak:
· Curitibano, casado, 45 anos, residente em Londrina
· Ex-comandante da Academia do Guatupê
· Major desde 2004; tenente-coronel desde 2007
· 1996-1998: chefe do setor de planejamento do Batalhão Florestal
· 1998-2004: chefe do setor de planejamento do 5º BPM em Londrina
· 2004-2006: subcomandante do 5º BPM de Londrina
· 2006: comandante interino do 5º BPM
· 2007: subchefe da Casa Militar em Curitiba
Tráfico é principal nó, avalia Kogut
Ao deixar o comando do 5º Batalhão, o agora coronel César Kogut afirma que não conseguiu “resolver muitos problemas da cidade”, mas acredita ter diminuído o “stress social” em relação à segurança. “Nesse tempo de três anos e meio não observamos mais manifestações por segurança”, declarou. Ao apresentar números, considerou o balanço positivo e diz que havia uma torcida na imprensa para saber quem deixaria primeiro o cargo – “se era o técnico do Londrina Esporte Clube ou o comandante do 5º Batalhão”. Com os jornalistas, brincou afirmando esperar ser reconhecido pelo Guiness Book, o livro dos recordes. Entre os dados revelados por Kogut, está a prisão de 2.600 traficantes desde setembro de 2007. Entretanto, o ex-comandante afirma não se enganar de que estão todos na cadeia – principalmente os 1,1 mil menores de idade.
O senhor diz que a PM de Londrina prendeu 2.600 traficantes, mas 1,1 mil são menores provavelmente já soltos neste momento. O que fazer?
Quanto a alguns traficantes, notadamente os menores, temos que mudar o foco sobre o tempo em que a pessoa fica detida. Ele pode até ser ressocializado, mas deveria ficar um pouco mais de tempo. O homicídio em Londrina é causado basicamente pelo tráfico – até o latrocínio ocorrido no ano passado, na frente da Unifil, tinha relação com isso. O carro do rapaz morto ia ser trocado por drogas. Muitos fatores podem melhorar isso. A economia melhorando também ajuda a criminalidade a diminuir.
Reter os menores por mais tempo é a solução?
Para não deixar o menor por mais tempo recluso, então deveria se acompanhar a vida privada dele. Que o estado ou o município o monitorem no dia a dia para que ele não não seja novamente recrutado pelo tráfico – porque via ser. E vai ser porque nele se ganha muito dinheiro. No ano passado, policiais da 4ª Cia apreenderam uma menor com 1 kg de crack em Foz do Iguaçu. Perguntaram a ela se era preciso chamar um advogado. E ela respondeu: “Para que eu preciso de um advogado? Daqui 40 dias estou fora. Gastar dinheiro para que?” É um problema complexo com certeza. A parte da polícia tem sido feita, mas a parte social precisa ser repensada.
Expectativa de mais policiamento
A posse do novo comandante do 5º Batalhão e o projeto de reinstalar módulos policiais nos bairros traz esperança de mais segurança para a população de Londrina. Para o secretário da Associação de Moradores da Vila Nova, Agostinho Braçaroto, a maioria dos habitantes da cidade espera ver mais policiamento nas ruas. “Na região do Santuário [de Nossa Senhora Aparecida], por exemplo, tem pelo menos um furto de carro por semana. Se houver um policiamento ostensivo, isto deve diminuir”, acredita. Braçaroto diz que a ideia de retomar os módulos também é boa. “Quando tinha um no bairro ao lado, na Vila Recreio, para nós já era excelente”, diz.
O presidente da Associação de Moradores do Altos do Igapó (Amai), José Ortega, também espera mais policiamento nas ruas. “Só assim para deixar os ladrões meio com medo”, afirma. Para ele, é importante que o novo comandante não se isole no 5º Batalhão e deixe aberta as portas para a população falar. “Faltou isto, antes”, disse.