Fonte: Susan Naime/Mercado em Foco/Julho
Foi-se o tempo de acreditar que ideias inovadoras surgem da noite para o dia. Com o mercado globalizado e numa escala altamente competitiva, empreender significa planejar. À receita, pode-se acrescentar visão estratégica e uma dose de ousadia. Ingredientes que sobram no perfil do empresário Flávio Montenegro Balan. O presidente da ACIL na gestão 2012-2014 se prepara para alçar voos em novos desafios, mas sem romper os laços com a entidade. “Estarei no conselho superior da ACIL, acompanhando os passos do novo presidente, dando todo o suporte que for necessário”, ressalta.
Quando assumiu a cadeira presidencial, Balan já sabia que não se tratava apenas de uma associação comercial e industrial. “É uma associação formada por pessoas de bem, que querem o desenvolvimento de toda a cidade. Em sua diretoria, voluntários doam o seu tempo para melhorar a qualidade de vida das pessoas”.
O trabalho voluntário de Balan na ACIL teve início há quase dez anos. O convite para integrar essa equipe apoiadora do desenvolvimento foi feito por David Dequêch e Marcelo Cassa. Foram seis anos atuando na diretoria. Em 2010 assumiu a vice-presidência na gestão de Nivaldo Benvenho. “Sem querer fui me preparando para estar presidente”. Aliás, “estar presidente” foi sempre uma expressão muito utilizada por Balan durante a sua gestão. “Na entidade você nunca pode querer ser o presidente e sim estar apto a ocupar tal cargo por determinado momento. A ACIL pensa sempre no coletivo. É o nós à frente do eu. E quem pensar em si dificilmente conseguirá estar à frente da entidade, que tem a maior força representativa de Londrina”.
Em 2012 Flávio Balan foi eleito presidente da ACIL. A missão de dar continuidade às ações e à filosofia da gestão anterior não era por acaso. “Estar à frente da ACIL é uma retribuição minha e da minha família em troca de tudo o que a cidade nos ofereceu. Como todos os que amam Londrina, nós participamos e contribuímos com a construção dessa cidade. Mas, mais que isso, Londrina nos acolheu e nos permitiu fazer parte dessa história bonita de crescimento e de desenvolvimento. Naqueles tempos idos conseguíamos tomar água limpa. Hoje existem muitas nuances que permeiam o comércio e a política, mas esse é o grande desafio das lideranças de bem: trabalhar para separar o joio que ainda trava a cidade.”
O caminho certo
Nos dois anos seguintes a 2012, o trabalho foi árduo, mas Balan já tinha na base aliada um de seus principais pilares: o associativismo. “Como bem disse o Papa Francisco, ‘Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão’. Aprendi justamente isso dentro da entidade, que homens e mulheres de bem devem sim estar sempre preocupados e ligados à política. Para quem pensa que não, fazemos política, sim, apesar de não ser partidária. Preocupamo-nos com o desenvolvimento sustentável da cidade. Não adianta apenas fomentar o comércio se o seu entorno está morrendo com a instabilidade e insegurança política”, ressalta Balan.
E como seria possível fechar os olhos? Com apenas dois anos a menos que Londrina, a ACIL sempre acompanhou todos os momentos neurais do município. “Passamos por mais de 20 anos de falência política, o que é comprovado com a falta de representatividade que temos na área federal e estadual”, lembra Balan. Em 2013, uma nova administração municipal começava a clarear de esperança o céu de Londrina.
Com foco no desenvolvimento, industrialização e crescimento da cidade, três frentes de trabalho destacaram-se durante a gestão de Balan: a criação da Agência Londrina de Desenvolvimento, o Movimento Destrava Londrina e o apoio à reforma administrativa da Prefeitura de Londrina. “Essa luta deve ser o divisor de águas entre os entraves e o progresso. Para que Londrina possa caminhar, o Poder Público precisa estar em sintonia com o anseio da cidade, de mãos dadas com a população e com as entidades representativas. Só assim será possível vencer”, afirma Balan.
Outras dezenas de lutas foram travadas concomitantemente, como as ações pela diminuição dos pombos, o trabalho pela duplicação da Rodovia PR-445, pelo pedágio justo, a atuação junto a empresários pelo aquecimento do comércio, a busca por recursos para a reconstrução do Teatro Ouro Verde e todo o movimento para a reforma, ampliação e instalação do ILS no Aeroporto de Londrina.
Para Balan, a Associação é hoje uma entidade completa. “A ACIL é uma entidade que vai atrás de seus associados e não espera que eles venham até o seu balcão. Modestamente, a ACIL está um pouco melhor administrativamente. A equipe está muito madura. O próximo presidente encontrará uma entidade autossustentável, que consegue gerir seus problemas, enxergar seu futuro”.
Como prova de sua dedicação à frente da ACIL, no dia 16 de maio Balan foi homenageado com a "Medalha Coronel Sarmento", em comemoração ao Dia do Patrono da Polícia Militar do Paraná, Cel. PM Joaquim Antônio de Moraes Sarmento. A medalha é a maior honraria da Polícia Militar do Paraná e é concedida todos os anos a militares e civis que contribuíram em favor da segurança pública. “Não entendo que seja merecedor de tal honraria, pois nossas ações são conjuntas e sempre norteadas para o desenvolvimento coletivo, em prol da maioria. Essa homenagem comprova que estamos no caminho certo e que o associativismo pode mudar a realidade do local onde vivemos”, afirma.
Espelho empreendedor
Flávio Balan alia à característica corporativa uma forte herança empreendedora. O avô paterno, Germano Balan, empreendeu três indústrias de bebidas no começo dos anos 30. Nos estudos, tinha apenas a quarta série do primário. As empresas culminaram para Londrina, Cornélio Procópio e Mandaguari. Já atento à expansão dos negócios, Germano Balan percebeu que Londrina seria a metrópole da região, principalmente após a construção da ponte Rio Tibagi. Sendo assim, estabeleceu que a indústria permanecesse exclusivamente na cidade. Os produtos davam brio ao legado familiar. Fabricaram a Tubaína Balan e o Guaraná Londrina.
Em meados de 1975, o pai de Flávio, Antenor Balan – filho de Germano – provou mais uma vez que a visão estratégica é característica da família. Viu a possibilidade de envasar o Guaraná Antarctica e toda a linha Antarctica para Londrina. Mas para que o processo fosse concretizado, era preciso aquela dose de ousadia: deixar de produzir todos os produtos da família. Foi então, em 1978, que a família Balan deu início ao novo desafio. A atividade perdurou até 2008, com grande sucesso. Em três décadas no ramo, a empresa ocupou por 23 anos, em todo o Brasil, o primeiro lugar em qualidade com a marca Antarctica.
O perfil agregador sempre foi uma espécie de slogan da família de Flávio Montenegro Balan. Os avós maternos, Edmilson Pessoa Montenegro e Ana Cândida Lima Stellin Montenegro, foram, para o empresário, exemplos de construção de caráter. “Meu avô era uma pessoa muito carismática, agregadora, e que prezava muito a beneficência e a religião. Minha avó não era diferente. Eram meus padrinhos de batismo e fiquei praticamente todos os dias com eles até meus seis anos de idade. Hoje tenho muito deles em minha personalidade”, conta Flávio.
Gestão e negócios
A trajetória empreendedora da família fez com que o presidente da ACIL convivesse desde a infância com os negócios. “Aos 14 anos comecei a trabalhar na empresa e já aprendi a produzir e a cuidar da produção”. Mas engana-se quem pensa que Flávio recebia regalias por se tratar de um negócio da família. “Tive o privilégio de ter o Antenor Balan como pai. Ele, sempre visionário, enxergou que lá na frente seria importante pra mim a experiência de ter trabalhado no chão de fábrica. Foi então que ele me colocou para trabalhar junto aos operários, aprendendo primeiro todos os detalhes da produção, para somente depois conquistar um espaço junto a ele. Inicialmente não compreendi e até relutei essa ‘falta de privilégio’. Mas hoje compreendo e só tenho a agradecer pela postura firme do meu pai. Essa estratégia dele me fez crescer e me deu credibilidade junto aos trabalhadores para liderá-los posteriormente”, recorda.
Em cinco anos, Balan já era gerente de produção. Fez vários cursos técnicos em bebidas e se profissionalizou nesta área. Com isso, percebeu que outras empresas tinham qualidade dos produtos, mas não possuíam o controle. Da percepção surgiu um novo negócio: em 1998 a família Balan lançou a empresa de consultoria AB&F.Balan. O foco era – e ainda é – suprir a necessidade de quem precisa reestruturar a produção e aperfeiçoar o controle de qualidade de seus produtos. A AB&F.Balan concentra sua atuação no Paraná e presta constante atendimento técnico em Paranavaí, Jandaia do Sul, Astorga e Ribeirão Claro, sempre coordenadas por Antenor Balan. Flávio também atua na companhia como sócio-diretor administrativo e consultor. Aliás, conhecimento para o ramo é o que não lhe falta, devido a sua formação na área de Administração e Economia, especialização em Gestão Corporativa e Tecnólogo em Processamento de Bebidas e Alimentos.
Flávio Balan também trabalhou no Grupo LPR, onde aprendeu muito com a experiência e expertise administrativa do tio de coração, Pedro Sperandio Lopes, e do irmão de coração e compadre, Rafael Andrade Lopes, que permitiram seu crescimento como gestor financeiro e administrativo. Hoje divide o tempo como sócio e administrador financeiro da Alumipac, empresa do ramo metalúrgico. Flávio também realiza a gestão financeira da Mobi Design, no segmento de móveis de design contemporâneo de alto padrão; tem sociedade na Empresa Mape Gestão de Frotas e Veículos, pioneira na gestão de frotas para o segmento suco-energético, desenvolvido pelo seu sócio e compadre Carlos Alberto Faria; é o segundo vice-presidente da Faciap (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná) e faz parte da diretoria do Sincoval (Sindicato do Comércio Varejista de Londrina e região).
Esta trajetória de importantes realizações para Londrina faz de Flávio Montenegro Balan um cidadão admirado e reconhecido pela população, especialmente pelos comerciantes e industriais, que enaltecem sua seriedade nos negócios e sua constante preocupação com o desenvolvimento coletivo.