Waldomiro, o amigo de Londrina

Fonte: Paulo Briguet – Revista Mercado em Foco Presidente honorário do Observatório de Londrina, Waldomiro Carvalho Grade é uma daquelas raras unanimidades que, com o perdão de Nelson Rodrigues, não […]

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Fonte: Paulo Briguet – Revista Mercado em Foco


Presidente honorário
do Observatório de Londrina, Waldomiro Carvalho Grade é uma
daquelas raras unanimidades que, com o perdão de Nelson Rodrigues,
não são burras. Pelo contrário, Waldomiro é unanimidade
inteligente – e bem-humorada.

Vou contar uma historinha
sobre o pai dele, o alfaiate Georgino Carvalho Grade. No leito de
morte, seu Georgino pediu aos filhos que devolvessem uma trena que
ele havia emprestado de um amigo. Correto em tudo que fazia, o
alfaiate não queria morrer sem devolver o pequeno objeto ao legítimo
dono.

Nesse clima
familiar, de trabalho e honradez, nasceu Waldomiro Grade. Nasceu em
Londrina – e quase com Londrina. A cidade tem 80 anos; ele, 76.
Menino, morava na Rua Ceará (hoje Hugo Cabral), ao lado do Colégio
Hugo Simas. “De casa eu ouvia o sinal e ia para a escola”,
recorda. Também era seu vizinho o advogado Milton Menezes, duas
vezes prefeito da cidade. Pergunto a Waldomiro qual é o seu modelo
de homem público. Ele não titubeia na resposta: “Milton Menezes.
A impressão que eu sempre tive dele é a de uma pessoa reta,
ponderada. Tanto que os resultados de suas duas administrações em
Londrina foram muito elogiados”. A admiração de Waldomiro por
Milton aumentaria na época da Faculdade de Direito, em que o vizinho
se tornou professor: “Ele tinha mais ou menos a idade do meu pai”.
Waldomiro se formou em 1964. Foi da terceira turma de Direito em
Londrina.

“Minha ligação afetiva com a cidade é
extraordinária”, diz Waldomiro, lembrando as pegadas que ficavam
no barro das ruas ainda não pavimentadas. Aqueles passos no chão de
terra vermelha prenunciavam que o caminho para Waldomiro era mesmo
Londrina, sua terra natal. “Acredito que a cidade caminhou bem
enquanto os pioneiros ocuparam os principais cargos públicos”, diz
Waldomiro, citando os nomes de Hugo Cabral, Milton Menezes, Antonio
Fernandes Sobrinho e José Hosken de Novaes. “Depois, por um
período, abriu-se caminho para o populismo”, observa.

Waldomiro
Grade trabalhou por mais de 20 anos na Receita Federal, onde ocupou
os cargos de fiscal e delegado. Uma carreira absolutamente sem
máculas. A atuação no serviço público despertou-lhe o interesse
para uma carreira política. Foi candidato a vereador em 1976 –
ficou só com a suplência. “Tenho impressão de que foi melhor não
ganhar. Acho que me aborreceria muito.”

Com a experiência
acumulada na Receita Federal, Waldomiro Grade interessou-se pela
ideia de criar um Observatório de Gestão Pública em Londrina.
Tomando como modelo a experiência de Maringá, juntou-se ao
jornalista Fábio Cavazotti e mais alguns cidadãos londrinenses.
Apoiado por empresas e instituições como a ACIL, esse grupo fundou
o Observatório em setembro de 2009.

Durante cinco anos,
Waldomiro esteve à frente do Observatório, de olho nas licitações
públicas do Município. A grande qualidade do Observatório é optar
por uma abordagem técnica, em que a legalidade e a eficiência ficam
acima da ideologia e da política. “O Observatório não pode ter
cor política. Na verdade, nosso objetivo é promover a cooperação
com os agentes públicos – e garantir a melhor aplicação dos
recursos.”

De 2009 para cá, Observatório gerou uma
incalculável economia de recursos públicos para Londrina. “Nosso
principal foco é o acompanhamento das licitações. Começamos por
casos pequenos. Coisas que pudéssemos contar, pesar e medir”,
afirma Waldomiro. Na administração Barbosa Neto, durante a reforma
do Calçadão, ficou famoso o caso do banco de pedra orçado em R$
1.800 – e que na verdade custava R$ 200. Assim, passo a passo,
licitação a licitação, o Observatório conseguiu aumentar a
qualidade do gasto público na Prefeitura. Hoje os avanços são
evidentes.

“Contar, pesar e medir.” Aquela trena que o seu
Georgino queria devolver ao amigo simbolizava o futuro de seu filho
Waldomiro. O presidente honorário do Observatório vem mostrando a
Londrina que há medida nas coisas – e esse trabalho merece
respeito. Fábio Cavazotti, que assumiu a Presidência do OGPL no dia
20 de março, sabe disso. “Então, dona Elza, me desculpe, mas a
sra. vai ter que ‘emprestar’ o Waldomiro algumas vezes”, avisou
o sucessor do amigo de Londrina.

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